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quinta-feira, 11 de maio de 2017

"Idolatria e polarização na atualidade: sonhar (ainda) é possível?" Por Vinícius Barros

Quando completei 16 anos, em 2001, minha primeira atitude foi tirar o título de eleitor. O motivo seria, um ano depois, votar em Lula. Faria tudo novamente, sem dúvida. Não me interessei por política por achá-la divertida, me interessei por compreendê-la necessária. O país das opressões só pode ser transformado pelo poder de quem as sofre.

Hoje, me pergunto: o Brasil mudou? As reformas estruturais não aconteceram, a espinha dorsal das desigualdades está viva. A transformação real não aconteceu, os dominantes são os mesmos, os feridos também. Um golpe foi dado para reordenar o processo histórico hegemônico das elites brancas e as lideranças populares foram novamente escanteadas do poder.

Vinícius Barros é colaborador do Memorial da Classe Operária - UGT, conselheiro de cultura, historiador e fotógrafo.


Vejo os lados da polarização manifestarem suas idolatrias na atualidade. Uns lamentáveis pelo juiz parcial e midiático, uma marionete do poder que está por trás da "justiça brasileira". Outros pelo presidente mais popular que o Brasil já teve, mas que hoje mostra claramente os limites do humano: cansado, defensivo, óbvio, superexposto e superestimado.

Por que não me insiro nessa narrativa de defesa desesperada por Lula, ainda que veja como injusta a sua caçada? Produzir mártires às vezes pode ser a única saída de quem se vê massacrado por um poder absoluto, porém mostra a falta de respostas de fato representativas. Depõe sobre o entendimento que temos sobre a política e suas demandas, ao depositar em um homem nossas necessidades, ao personificar a salvação.

Propor uma nova eleição a Lula somente interessa porque ele ainda manifesta um sonho não realizado, não obstante tenha desperdiçado as oportunidades.

A história tem seus processos, seus tempos, seus fins e seus começos. Lula seria muito mais interessante, produtivo e sábio participando da elaboração do novo, colocando-se como referência e inspiração para aquilo que precisa se desenvolver nesse momento na sociedade brasileira. Até empolga esse “cala-a-boca-burguesia” que seria uma nova eleição sua, porém como saída concreta às nossas mazelas, não empolga e não convence.

Acredito que as respostas políticas do nosso tempo serão muito mais difíceis e não tão óbvias como parecem. Está numa posição complicada quem detém muitas certezas baseadas em experiências passadas. Prefiro esperançar que “o novo sempre vem”, com respeito e consideração pela história, sem medo, com força.

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