Não há nenhuma novidade na união formal do MBL com o PSDB, principalmente agora quando o 'velho' PSDB se esfarela diante do crescimento agressivo de Dória dentro do partido.
O MBL é um movimento político de direita, com discurso antenado com a agenda do 'mercado', do financismo e do rentismo. É o movimento de rua que defende a pauta dos mais ricos, do andar de cima.
É, certamente, uma novidade nascida das marchas de 2013, onde os movimentos de direita passaram a disputar as ruas com os tradicionais movimentos de esquerda.
Assim, nada mais natural do que esses movimentos se alinharem aos partidos mais próximos ideologicamente.
Com a ascensão do movimento golpista, Aécio e Temer firmaram uma aliança. Esta aliança está governando o país e ditando a pauta do 'Estado mínimo' e da redução das políticas públicas destinadas à distribuição de renda e à proteção social e da extinção dos direitos históricos como a legislação trabalhista e a aposentadoria pública.
Nessa aliança golpista se soma a figura de Dória.
E é aí que entra o MBL.
O MBL é Dória, sempre foi.
Aliam o discurso 'privatista', pautado pelo mercado financista, a um discurso reacionário e agressivo contra pautas tradicionais daqueles que lutam por direitos humanos e justiça social.
Dória e MBL representam não só a pá de cal no velho PSDB, abrindo espaço para a continuidade da aliança Aécio/Temer surgida no golpe, mas também o contra-ponto a Bolsonaro.
Dória e MBL desejam ser o Bolsonaro de gravata Hermes e perfume francês. Precisam destruir Bolsonaro para terem viabilidade em 2018.
De imediato, veremos a briga por espaço entre os 'bolsonaristas' e os 'doristas'. E nessa briga, o MBL será fundamental para os interesses do novo PSDB, direitista e reacionário mas cheio de botox.
O que precisamos compreender é que um novo cenário político surgiu a partir de 2013, um cenário onde o discurso reacionário saiu da tumba, perdeu a modéstia e hoje disputa espaço com os movimentos populares de esquerda e centro esquerda.
A disputa de fundo envolve o projeto nacional e as bases estabelecidas na Constituição de 1988. É a disputa entre a existência de um Estado de Bem-Estar Social contra um projeto de estabelecimento de um Estado dito 'mínimo' onde a agenda do capital prevalece.
Os movimentos de esquerda e populares precisam encontrar formas de luta e de unidade para buscarem se contrapor e se sobrepor a esse novo cenário. Precisam encontrar uma agenda que fale ao povo e à juventude, defendendo e apontando a necessidade ainda real e histórica de um projeto nacional soberano e inclusivo, na contramão da agenda do capital.
Ricardo Jimenez
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