Páginas

domingo, 2 de junho de 2019

Em audiência pública sobre os impactos da Reforma da Previdência na vida das mulheres, dirigente do MST mostra as contradições do governo Bolsonaro referentes a proposta do governo federal

Governo Bolsonaro quer tirar todos os direitos das trabalhadoras e trabalhadores.
Foto: Filipe Augusto Peres
Instagram: filipeaugustoperes



Na manhã do sábado, 1, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, durante a audiência pública sobre “Os Impactos da Reforma da Previdência na Vida das Mulheres”, evento trazido a Ribeirão Preto pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT/SP), integrante da Subcomissão Permanente da Previdência Social, ligada à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, a dirigente regional do MST, Nivalda J. Nascimento, relatou ao público presente as dificuldades que, atualmente, as mulheres do campo têm enfrentado durante o governo Bolsonaro.


Nivalda abriu a sua fala lamentando que poderia estar naquele espaço para contribuir na discussão para a distribuição das políticas públicas mas que “infelizmente, com esse governo miserável que aí está, nós estamos aqui para dizer não a essa proposta, a esse desmanche desse governo que veio para destruir até a Constituição, para tirar os direitos de todas as trabalhadoras e trabalhadores”. A dirigente regional lembrou que os direitos que estão sendo retirados foram conquistas de muitas lutas, de muito trabalho e mortes.
A integrante do MST lembrou que todo o ataque aos direitos civis e políticos da população iniciou-se no impedimento da ex-Presidenta Dilma Roussef (PT) e na prisão do ex-Presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT), ambas sem provas. A Presidenta da cooperativa “Mães da Terra” chamou a atenção que a situação das mulheres do campo, com a Reforma, é ainda mais precarizada do que a das companheiras urbanas e deu como exemplo os recentes ataques que o governo federal tem realizado ao setor da Educação: “Pensem em tudo isso que acontece e pensem o que acontece conosco no campo. Nós estamos distantes de tudo e cada dia que passa a situação fica pior para nós. Por exemplo, ninguém está tendo mais direitos à educação  mas nós estamos tendo escolas do campo fechadas”.

Nivalda (a esquerda) observa a fala de José Silvestre, geógrafo do DIEESE.

Nivalda também lembrou que o recurso para o campo, para o pequeno agricultor rural, está zerado. Desde o governo Temer que, já na época, cortou 99% da verba destinada à agricultura familiar, uma série de programas como o PAA, Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER, Crédito Fundiário, obtenção de terras, apoio à organização econômica estão suspensos ou existem, apenas no papel, para o governo realizar campanha publicitária com a intenção de dizer que existe programa de apoio ao campo.

  A dirigente regional denunciou que, além das dificuldades inerentes à todas as mulheres, as mulheres do MST ainda sofrem perseguição política, são criminalizadas: “Nós temos muita dificuldade. Imagine o que vocês passam [...] as trabalhadoras, as mulheres na cidade. Agora, imaginem as mulheres no campo. E ainda somos criminalizadas pela nossa defesa. Porque nós defendemos um alimento de qualidade, defendemos a agroecologia, defendemos a agrofloresta, os alimentos sem veneno”. Nivalda ainda lembrou que a criminalização do movimento, de suas mulheres, já vem de longa data, devido às constantes lutas pela terra, por Reforma Agrária Popular, e pelas denúncias dos mais diversos âmbitos que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizaram e realizam: “... [...] por tudo isso que já vimos, somos criminalizados por termos essa bandeira, por defendermos essa causa a qual está ligada a nossa sobrevivência”.

Veja o vídeo no final
da matéria.
Entrando, especificamente, na Reforma da Previdência, a dirigente do MST lembrou que, antes da Reforma, as mulheres tinham o direito de se aposentar com 55 anos, desde que comprovassem 15 anos de trabalho: “... e logo veio o desmanche com a MP 871/2019, editada por esse governo golpista, retirar de sindicatos, de trabalhadores rurais a legitimidade de missão de comprovação da situação rural. Isso ataca os sindicatos rurais e, também, piora a burocracia para a aposentadoria”. Nivalda explicou aos presentes na Câmara que, antes da MP, a trabalhadora rural ia ao sindicato, levava as notas, as compras dos produtos agrícolas, das vendas, do talão de notas e o sindicato emitia uma nota reconhecendo-as como trabalhadoras rurais e questionou o público: “Ele deslegitimou o sindicato rural. Agora, você imagina que hoje, nós não temos uma assistência técnica que comprove que, realmente, estamos ali. São os documentos que o INSS pede para nós. Se nós formos à capital pedirmos uma certidão também não pode porque um técnico tem que vir nos visitar e fazer um levantamento da nossa produção. Nós também não temos isso”.

E questionou a forma como o governo Bolsonaro está realizando a Reforma: “Ontem eu estava ouvindo um debate que aconteceu na Câmara dos Deputados e uma deputada disse que se a Previdência não for realizada agora, que vai acabar o direito à Saúde, ao trabalho. Então é o direito, o salário da aposentadoria da mulher trabalhadora rural, da mulher trabalhadora negra, mulher índia, da quilombola, da professora que vai garantir a empresa funcionar? É esse salário que vai ser pago aos empresários. É esse dinheiro que vai ser retirado da mulher trabalhadora rural que vai garantir o direito à saúde? Foi na Constituição que nós garantimos o nosso direito à aposentadoria”.

No final, Nivalda reafirmou que a população brasileira não pode aceitar as medidas que estão sendo impostas pelo governo federal: “É por isso que estamos aqui hoje, para dizer não! Nós não aceitamos e não vamos baixar a nossa cabeça para esse governo miserável que está aí para fazer o desmanche do nosso país!”, finalizou.

Veja o vídeo:



Mais fotos:





Um comentário:

Daniela Stuart Strini disse...

Gostaria muito das minhas fotis desse dia. Obrigada.
Parabens pelo belo trabalho.

Memorial Sebastião Leme realiza Encontro de Saúde Mental Maria das Dores

  Equipe de trabalho do Memorial, docentes e discentes da USP   Parceria do Departamento de Psicologia da USP/Ribeirão Preto com o Memorial ...