O Blog tem trazido ao debate o projeto que chamamos de Brasil "Fazendão", ou seja, o projeto que abre mão da indústria e aposta o futuro do país à exportação de produtos do agronegócio, como soja e cana, e de minérios, como o minério de ferro, enquanto se molda ao setor de serviços de baixa sofisticação baseado na mão-de-obra informal denominada atualmente de "uberização".
Acontece que sem indústria não há enriquecimento. Não há exemplo no mundo de país rico sem indústria e sem os serviços sofisticados alicerçados na indústria. Salários altos, poder de compra e desenvolvimento com inclusão social só se dão com indústria, seja em países mais liberais, como EUA, Japão e Coréia do Sul, seja em países mais social democratas ou trabalhistas, como Suécia, Dinamarca e França.
Outro fator atrelado à indústria é a educação. Revoluções educacionais que ocorreram mundo afora, algumas nos países citados acima, aconteceram atreladas a projetos de desenvolvimento industrial e alta tecnologia.
E o retrocesso educacional já sentido no Brasil desde 2016, e mais aceleradamente no atual governo, pode estar associado ao atual projeto nacional Brasil "Fazendão".
As verbas públicas estão sendo reduzidas, a universidade pública está sendo desmontada e até os cursos técnicos e tecnológicos de alta qualidade, como aqueles oferecidos pelos Institutos Federais, estão sendo reduzidos drasticamente.
Mesmo a procura pela educação superior está caindo. A evasão na USP, por exemplo, ultrapassou 30%.
Ou seja, como o projeto Brasil "Fazendão", não há para a juventude brasileira nem a perspectiva de um bom emprego, a partir do investimento nos estudos, nem a perspectiva de um emprego imediato, mesmo que seja no mercado informal.
Aliás, as dificuldades da 'uberização' do mercado de trabalho já estão sendo sentidas pelos trabalhadores. A princípio, há um alívio por encontrar um trabalho, mas o alívio dura pouco pois as longas jornadas de trabalho sem contrapartida nos rendimentos já desenham um cenário tenebroso no horizonte dos trabalhadores brasileiros. Em 11 Estados a 'uberização' já significa mais de 50% das oportunidades de trabalho.
O projeto Brasil "Fazendão" é insustentável e desenha no horizonte um país de renda altamente concentrada, trabalho precarizado, ausência de produção industrial e tecnológica, ausência de educação superior e índices de pobreza extremamente elevados.
Para entender um pouco mais sobre a necessidade da indústria para um projeto de desenvolvimento nacional, o Blog O Calçadão recomenda o canal Paulo Gala Economia e Finanças, um representante daquilo que os economistas progressistas têm chamado de Novo Desenvolvimentismo.
Blog O Calçadão
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