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segunda-feira, 8 de junho de 2020

Nogueira diz que pode fechar de novo enquanto CEMADEN diz que podemos ser centro da pandemia



Prefeito Nogueira, surpreso com o resultado da "abertura, diz que pode fechar de novo e o CEMADEN aponta em pesquisa que Ribeirão é a terceira do estado em risco de ser centro da pandemia

Desde o dia 1 de junho Ribeirão Preto, seguindo o decreto estadual chamado de "Plano São Paulo", passou a promover uma reabertura gradual das atividades econômicas. Esse processo de reabertura é o resultado direto das pressões sofridas por governadores e prefeitos diante da quarentena. O problema se dá exatamente quando o Brasil vai se tornando o novo epicentro da pandemia mundial. A verdade é que o Brasil fez tudo errado e pode pagar um preço muito alto. No início, governadores e prefeitos fizeram o correto ao decretar quarentena. Porém, ao contrário de contarem com a ajuda esperada do governo federal (um plano econômico de fôlego para ajuda aos trabalhadores, empresários e estados/municípios) todos fomos surpreendidos com uma campanha, liderada pelo presidente da República, de confronto às medidas de isolamento social. "Gripezinha", cloroquina e luta política contra governadores e prefeitos (inclusive com manifestações semanais com o Presidente em meio às aglomerações) foram a tona de um governo que, aos poucos, levou o Brasil a ser o grande candidato a líder da pandemia. Exaurido, o Brasil começou a reabrir. Estados e municípios até hoje não receberam ajuda federal e para receberem terão que implantar o congelamento dos salários dos servidores, como São Paulo já fez semana passada. Aqui em Ribeirão não foi diferente e Nogueira segue sendo o prefeito do abre e não abre. Abriu mas se disse surpreso com o resultado e diz que pode fechar de novo. A verdade é que Ribeirão Preto terá de fechar de novo se quiser de fato preservar a vida de seus cidadãos. A epidemia está fora de controle e o Centro nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, aponta em pesquisa que Ribeirão é a terceira cidade do estado em risco de ser centro da pandemia. Só esperamos que nem São Paulo nem Ribeirão Preto entrem na linha adotada essa semana pelo governo federal: a maquiagem nos números.

Brasil perde a credibilidade internacional ao iniciar maquiagem nos números da Covid-19

Bolsonaro vai conseguindo o que queria na relação com a pandemia: jogar o Brasil no caos. Primeiro promoveu uma guerra contra o isolamento social, jogando trabalhadores, empresários, estados e municípios na crise. Agora, após o Brasil se tornar pico da pandemia e começar a bater recorde de mortes diárias, Bolsonaro vai completando a sua obra de destruição e acaba com a credibilidade internacional do país. Sem Ministro da Saúde (os dois últimos foram demitidos por não concordarem com a política insana), o Brasil começa a maquiar os números da Covid-19. No dia de ontem, por exemplo, o Ministério da Saúde inicialmente divulgou 1382 mortes nas últimas 24h mas uma hora e meia depois mudou para 525. Uma vergonha mundial e um escândalo. Estudo da Fiocruz mostra que o número de mortes no Brasil por ser muito maior do que os cerca de 37 mil registrados até agora. Alé dos descrédito mundial, secretários de saúde estaduais vão promover uma contagem própria no número de casos. O Brasil é o terceiro país em número de mortes no mundo, atrás do reino Unido com 40 mil e dos EUA com 112 mil. A Índia também entrou em escala ascendente e é uma preocupação.

Movimentos em defesa da democracia foram às ruas e inverteram a pauta política nacional. O que fazer a partir de agora?

Desde domingo passado setores do povo brasileiro foram às ruas com a pauta da defesa da democracia somada à pautas como o antirracismo, que predomina nas manifestações em mais de 100 cidades dos EUA e em Londres, e da defesa da vida. O motivo foi a escalada autoritária sinalizada pelos seguidores de Jair Bolsonaro nas últimas semanas, com pautas como o fechamento do STF, do Congresso e de defesa de uma ditadura militar sob o comando de Bolsonaro. Mas, pela primeira vez em semanas, as ruas foram ocupadas por pautas anti-bolsonaro, em uma clara sinalização de capacidade de mobilização e de vontade popular reprimida por conta do isolamento social. Neste fim de semana milhares de pessoas foram às ruas em capitais e cidades do interior, inclusive Ribeirão Preto. Os atos tiveram a participação de pessoas identificadas com times de futebol, de membros de movimentos sociais, partidos políticos e foram totalmente pacíficas. Apesar de quebrar o isolamento social necessário, foi um movimento de urgência e que teve um resultado muito positivo na luta democrática. A pauta foi invertida, inclusive meios de comunicação conservadores fizeram editoriais em reconhecimento à legitimidade dos atos. E mais, a pauta levada às ruas vai certamente entrar no debate sobre a necessária formação da frente em defesa da democracia, que precisa muito conter a opinião de setores populares que querem discutir a ruína do projeto neoliberal adotado desde 2016 e a necessária reflexão política sobre os últimos anos no Brasil, principalmente a partir de um impeachment sem provas que envenenou o ambiente político e abriu espaço à extrema direita aliada a setores do grande capital. Todos terão que colocar suas pautas e também ceder em outros pontos, aceitar e fazer a crítica e a auto-crítica no sentido do acúmulo de forças para superar o governo Bolsonaro e introduzir uma necessária pauta de reconstrução nacional. E, fundamentalmente, diante do quadro gravíssimo de avanço da pandemia, os movimentos que foram às ruas terão de refletir o que fazer agora, já que a luta em defesa da vida vai se impor de novo, tragicamente.

Blog O Calçadão


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