Médico Infectologista, Dr. Ulysses Strogoff Mattos respondeu as questões realizadas pelos editores do Blog O Calçadão. |
“Não existe protocolo para
tratamento precoce”, o Dr. Ulysses Strogoff de Mattos, Médico Infectologista,
durante o programa Análise da Semana realizada nesta segunda-feira (22), do
Blog O Calçadão, em seu canal no You Tube. O médico em sua fala explicou que diante
de uma nova mutação, é natural que a ciência, as universidades, a indústria
farmacêutica concentrassem esforços em testar drogas que não foram
desenvolvidas para a Covid-19 na tentativa de acelerar uma possível descoberta,
paralelamente às pesquisas realizadas do zero, que seguem todos os protocolos e
suas respectivas fases de desenvolvimento. Ulysses disse que os testes começam in vitro, quando determinada substância
é separada para reagir com o vírus: “Inclusive, Ivermectina e outras substâncias
já foram testadas e não funcionaram”.
Sobre a Azitromicina,
Cloroquina, Ivermectina, Desinclor, Vitamina D e todos os medicamentos que
estão sendo vendidos como “Kit Covid”, o médico infectologista foi claro.
“Infelizmente, eles não se mostraram ativos na vida real: dulplo cego, randomizados, em que você controla com o placebo, você tira os fatores que podem influenciar. Inclusive a influência do médico, a influência da equipe, ninguém sabe quem está usando. Você testa na vida real, você testa com um número significativo de pessoas para ver se aquilo saiu de um possível viés do que poderia acontecer e depois você analisa. Nenhum desses, até agora, teve evidências de melhora, de ter diminuído a progressão, de ter diminuído a morte, de ter diminuído a internação, e pelo contrário, muitos deles mostraram que tinham um efeito tóxico. O que foi desenvolvido extremamente eficaz foi a vacina”
Pressão por “tratamento precoce sem comprovação cresce no
Estado de São Paulo
Quando questionado
sobre a pressão exercida pelo grupo bolsonarista formado por médicos,
empresários, políticos que pressionam pela venda de um “Kit Covid” ao invés de
se seguir as medidas de isolamento e prevenção necessárias para evitar a
disseminação do vírus Ulysses Strogoff afirmou que tanto a OMS como nenhuma
sociedade científica do mundo recomenda o tratamento precoce. Para o doutor, o
que está acontecendo no país e no munícipio, nas ações desse grupo, é uma negação
da ciência e lembra que cabe ao Conselho Regional de Medicina tomar as medidas cabíveis contra o médico que esteja receitando tal kit e seus remédios. Ulysses ainda recordou que em março de 2020, a China já havia desenvolvido testes,
tomado as medidas de restrição e isolamento socia e criticou a postura
negacionista do governo federal.
“Aqui nós criamos um
dilema falso de ou a vida ou a economia. O Brasil tem dinheiro para ter desenvolvido
a própria vacina, para fazer pesquisa de medicamentos, programa nacional de
mobilização, dinheiro para fazer o Auxílio Emergencial, dinheiro para fazer o
auxílio às empresas, dinheiro para realizar testes. Teve tempo, pois a pandemia
chegou aqui depois.”
Vacina Já
Criticado pela
Organização Mundial da Saúde por falta de seriedade no combate à pandemia, que
cobrou um alinhamento em todas as esferas de governos no país e acesso às vacinas nesta segunda-feira (22) em pronunciamento de Tedros
Adhanom, Diretor Geral da Organização, Ulysses lembrou que o país teve ofertas
de laboratórios para comprar vacinas e não o fez.
“Até pouco tempo atrás, até recentemente, Bolsonaro estava falando que não ia comprar vacina da China”.
“O Plano São Paulo é um Plano Falso!”
Durante a entrevista, o
médico infectologista não poupou críticas ao Plano São Paulo. Para Ulysses, o
Plano é um plano falso, pois ele copiou as fases de um plano internacional mas essas
fases são baseadas em taxas de transmissão e números de novos casos, o que não
ocorre no plano paulista. De acordo com o médico, no plano de João Dória, a
taxa de U.T.I. tem 4 pontos, a taxa de internação tem 3 pontos e a taxa de transmissão
tem 1 ponto.
“Não dá para olhar e
dizer que estamos entrando na fase laranja e por isso está melhorando. Ano
passado, quando estávamos passando da fase vermelha para a laranja, para a
amarela, o número de casos estava aumentando.”
Lockdown em Ribeirão Preto
Strogoff criticou a
forma como o Lockdown foi realizado no município de Ribeirão Preto. Para o
médico, o município não dá condições para que a população permaneça em casa em
segurança, oferecendo condições sanitárias, financeiras e alimentares adequadas
à população mais vulnerável. Outro ponto questionado pelo médico infectologista
foi a falta de testes. Ribeirão Preto não realiza testes para reforçar e acompanhar
o isolamento social. Apesar de entender que o lockdown é necessário, Strogoff
criticou o modo como o lockdown foi feito pelo prefeito Duarte Nogueira. Para
ele, não houve planejamento, sendo anunciado de repente, o que provocou uma
corrida ao supermercado, o que gerou uma aglomeração.
“Como que Austrália,
Nova Zelândia, Cingapura, China, Vietnã, para comparar um país que é populoso,
que é muita gente junta, controlaram a Covid-19? Um governo que fala sério,
distanciamento, máscara e teste em massa. Nós não escutamos nem na grande mídia
que está descendo a lenha no Bolsonaro a palavra teste. Parece que sumiu do
vocabulário a palavra teste. China, por exemplo, se surgem poucos casos, ela
bloqueia uma área de 2, 8 milhões de pessoas e vai atrás de todos os casos,
todo mundo que entrou em contato com aquela pessoa, que passou não sei quantos
metros dela. Isso é medida restritiva. Eu li uma entrevista do SandroScarpelini, o Secretário da Saúde, que ele deu no G1, uma entrevista enorme,
ele não falou a palavra teste. E na crítica que faz coloca a culpa no governo federal,
coloca a culpa no atraso da vacina mas não assuma a própria culpa de não ir
atrás de testes, de dar apoio social às pessoas. Como é que você vai isolar uma
comunidade, uma favela, morando um monte de gente em uma casa? Qual ação que a
prefeitura de Ribeirão Preto fez quanto a isso? O que ela fez neste lockdown
que pegou todo mundo de surpresa. Eu vi uma pessoa chorando na minha frente que
não tinha mantimento em casa. Você quer fazer um distanciamento social e de repente
aglomera a cidade inteira no supermercado”
Veja o programa na
íntegra no link abaixo:
Pressão por "tratamento" precoce sem comprovação cresce em SP
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