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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Poema anti-intervencionista

 

,
porta-avião de guerra estadunidense
Foto: US Navy

não é metáfora,

acontecimento:

tropas movem-se como xadrez sem poesia,

Washington finge 

(mais uma vez) 

proteger a democracia,

mas atrás das bandeiras 

do discurso

há petróleo, controle e mortes

há mapas riscados em silêncio de gabinete

 

no cenário,

dois blocos respiram diferente:

o império, com seu fôlego de aço,

sua ambição e hipocrisia

a ALBA,

 

com pulmões de Caribe e Andes,

sabe que paz não rima com marines,

nem soberania com porta-aviões

 

os atores são claros:

Maduro em Caracas,

Trump ou seu fantasma em ordens secretas,

Petro com voz de reunião entre chanceleres,

povos inteiros convocados à trincheira da palavra

e os silêncios cúmplices?

esses também atuam

 

a relação de forças

não se mede apenas em tanques,

mas em quanto tempo os povos aguentam

e como se costuram alianças:

Cuba bloqueada,

Venezuela cercada,

nenhuma sozinha

 

a estrutura:

décadas de império,

bases militares como cicatrizes.

 

a conjuntura:

uma cúpula extraordinária em Caracas,

papéis assinados que dizem não,

um não coletivo

que insiste em existir,

mesmo sob mira de drones

 

a análise não cabe em gráficos

cabe em versos que gritam

denunciam

o óbvio perigoso

 

a América Latina não é quintal

não será quintal

mesmo que custe sangue,

mesmo que doa como poema partido.


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