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quinta-feira, 7 de abril de 2022

Secretário instagramer publica enquete sobre melhorias nas escolas municipais

Esta semana, a EMEF Alfeu Gasparini e a EMEF Paulo Freire, realizaram protestos para chamar a atenção da população e da SME para as condições de funcionamentos das escolas.

Por Ailson Cunha,

Para o Blog O Calçadão, 07 de abril de 2022.

O instagramer e Secretário Municipal de Educação de Ribeirão Preto, Felipe Elias Miguel, publicou ontem, 06/04, em sua página pessoal do Instagram, uma enquete sobre sugestões de melhorias nas escolas municipais.

A enquete foi compartilhada nos stories, recurso do aplicativo que permite que as pessoas possam responder e ter sua resposta compartilhada pelo dono da enquete (até o momento, nenhuma resposta havia sido compartilhada pelo secretário). Esse recurso no Instagram desaparece após 24 h de sua publicação. O secretário também compartilhou o post sobre sugestões de melhorias nas escolas em seu feed, outro recurso do aplicativo que também permite comentários das pessoas (até o momento, havia pouco mais de 50 comentários).

O post ocorre no momento em que a Rede Municipal de Educação de Ribeirão Preto enfrenta diversos problemas que se agravaram com o início do ano letivo completamente presencial de forma bastante tumultuada e sem planejamento. Esta semana, duas escolas municipais de ensino fundamental, a EMEF Alfeu Luiz Gasparini e a EMEF professor Paulo Freire, realizaram protestos para chamar a atenção da população e da SME para as condições de funcionamentos das escolas.

A maneira informal como o secretário da educação trata dos problemas enfrentados pelas escolas contrasta com a seriedade que uma rede do tamanho da rede municipal mereça ser tratado. A Rede Municipal é composta atualmente mais de 120 escolas, entre escolas municipais e conveniadas. São cerca de 2500 professores e mais de 40 mil alunos matriculados na Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e na Educação de Jovens e Adultos. A Educação é uma das maiores secretarias do governo municipal (senão for a maior), com um orçamento milionário.

A enquete é uma ofensa ao Conselho Municipal de Educação, CME, e aos mais de 120 Conselhos de Escola, órgão representativo de pais, professores e gestores que, por estarem presentes no dia-a-dia, sabem bem os problemas de cada uma das escolas e podem dar (dão!) sugestões de melhorias. É também uma ofensa às entidades representativas, sindicatos e associações dos profissionais da educação, que estão sempre apontando os problemas da rede com a seriedade com que eles devem ser tratados, inclusive, em alguns momentos, acionando a justiça e o Ministério Público. Por fim, a enquete também é uma ofensa ao bom senso da população ribeirão-pretana que assiste no cotidiano a farsa e a tragédia que é essa gestão tucana da educação.

Em tempo de modismos de redes sociais, será que em breve assistiremos o secretário tiktoker fazendo dancinha em algum pátio de escola? Aguardemos...

Problemas da rede

A rede municipal de educação tem sido alvo de diversas denúncias de problemas nesses primeiros meses após o retorno das atividades 100% presenciais nas escolas. A falta de professores, falta de funcionários, salários dos terceirizados atrasados, escolas em condições precárias, equipamentos deteriorando e a violência nas escolas são alguns dos problemas apontados pelos profissionais.

A faltas de professores foi um dos primeiros problemas notados nesse início de ano letivo. Após uma retomada conturbada e uma atribuição de aulas desorganizadas, professores denunciaram nas redes que muitas aulas ficaram sem atribuir. No mês de fevereiro, pico da variante ômicron do coronavírus, diversos profissionais tiveram que se afastar e as aulas chegaram a ser suspensas em algumas escolas por faltas de profissionais para substituir. Em diversos momentos, é possível diversas turmas nos pátios das escolas por conta da falta de professores. 

O salário dos funcionários terceirizados também foi um dos problemas apontados. O Blog O Calçadão vem acompanhando este caso desde o fim do ano passado, quando funcionários denunciaram o atraso no 13º salário pela empresa Kinte - serviços terceirizados.

As condições precárias das escolas também chamaram a atenção dos profissionais ao retomarem as atividades. Escolas em péssimo estado de conservação, com infiltração pela água das chuvas e equipamentos precários e se deteriorando foram alvos de denúncias. Em fevereiro, uma hélice de um ventilador caiu sobre um aluno que teve que ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento, UPA. Agora em março, um televisor de tubo que caiu sobre a cabeça de uma aluna que foi levada para a UPA e, segundo nota da SME, sofreu traumatismo craniano moderado.

As brigas nas escolas também têm tomado conta dos noticiários nessa retomada. Em março, duas brigas entre alunos na Emef Alfeu Gasparini chamaram a atenção pelas cenas de violência que foram filmadas pelos estudantes e depois ganharam as redes. Na ocasião, um aluno teve que ser levado para uma UPA após as agressões.

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