Esta semana, a EMEF Alfeu Gasparini
e a EMEF Paulo Freire, realizaram protestos para chamar a atenção da população
e da SME para as condições de funcionamentos das escolas.
Por Ailson Cunha,
O instagramer
e Secretário Municipal de Educação de
Ribeirão Preto, Felipe Elias Miguel,
publicou ontem, 06/04, em sua página pessoal do Instagram, uma enquete sobre sugestões de melhorias nas escolas
municipais.
A enquete foi compartilhada nos stories, recurso do aplicativo que permite que as pessoas possam responder
e ter sua resposta compartilhada pelo dono da enquete (até o momento, nenhuma
resposta havia sido compartilhada pelo secretário). Esse recurso no Instagram desaparece após 24 h de sua
publicação. O secretário também compartilhou o post sobre sugestões de
melhorias nas escolas em seu feed,
outro recurso do aplicativo que também permite comentários das pessoas (até o
momento, havia pouco mais de 50 comentários).
O post ocorre no momento em que a Rede Municipal de
Educação de Ribeirão Preto enfrenta diversos problemas que se agravaram com o
início do ano letivo completamente presencial de forma bastante tumultuada e
sem planejamento. Esta semana, duas escolas municipais de ensino fundamental, a EMEF Alfeu Luiz Gasparini e a EMEF professor
Paulo Freire, realizaram protestos
para chamar a atenção da população e da SME para as condições de funcionamentos
das escolas.
A maneira informal como o secretário da educação trata dos
problemas enfrentados pelas escolas contrasta com a seriedade que uma rede do
tamanho da rede municipal mereça ser tratado. A Rede Municipal é composta atualmente
mais de 120 escolas, entre escolas
municipais e conveniadas. São cerca de 2500
professores e mais de 40 mil alunos
matriculados na Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e na Educação
de Jovens e Adultos. A Educação é uma das maiores secretarias do governo
municipal (senão for a maior), com um orçamento
milionário.
A enquete é uma ofensa ao Conselho Municipal de
Educação, CME, e aos mais de 120 Conselhos de Escola, órgão representativo de
pais, professores e gestores que, por estarem presentes no dia-a-dia, sabem bem
os problemas de cada uma das escolas e podem dar (dão!) sugestões de melhorias.
É também uma ofensa às entidades representativas, sindicatos e associações dos
profissionais da educação, que estão sempre apontando os problemas da rede com
a seriedade com que eles devem ser tratados, inclusive, em alguns momentos,
acionando a justiça e o Ministério Público. Por fim, a enquete também é uma
ofensa ao bom senso da população ribeirão-pretana que assiste no cotidiano a
farsa e a tragédia que é essa gestão tucana da educação.
Em tempo de modismos de redes sociais, será que em breve
assistiremos o secretário tiktoker fazendo
dancinha em algum pátio de escola? Aguardemos...
Problemas da rede
A rede municipal de educação tem sido alvo de diversas
denúncias de problemas nesses primeiros meses após o retorno das atividades
100% presenciais nas escolas. A falta de professores, falta de funcionários,
salários dos terceirizados atrasados, escolas em condições precárias,
equipamentos deteriorando e a violência nas escolas são alguns dos problemas
apontados pelos profissionais.
A faltas de professores foi um dos primeiros problemas
notados nesse início de ano letivo. Após uma retomada conturbada e uma
atribuição de aulas desorganizadas, professores denunciaram nas redes que
muitas aulas ficaram sem atribuir. No mês de fevereiro, pico da variante
ômicron do coronavírus, diversos profissionais tiveram que se afastar e as
aulas chegaram a ser suspensas em algumas escolas por faltas de profissionais
para substituir. Em diversos momentos, é possível diversas turmas nos pátios
das escolas por conta da falta de professores.
O salário dos funcionários terceirizados também foi um
dos problemas apontados. O Blog O Calçadão vem acompanhando este caso desde o
fim do ano passado, quando funcionários denunciaram o atraso no 13º salário
pela empresa Kinte - serviços terceirizados.
As condições precárias das escolas também chamaram a
atenção dos profissionais ao retomarem as atividades. Escolas em péssimo estado
de conservação, com infiltração pela água das chuvas e equipamentos precários e
se deteriorando foram alvos de denúncias. Em fevereiro, uma hélice de um
ventilador caiu sobre um aluno que teve que ser levado a uma Unidade de Pronto
Atendimento, UPA. Agora em março, um televisor de tubo que caiu sobre a cabeça
de uma aluna que foi levada para a UPA e, segundo nota da SME, sofreu
traumatismo craniano moderado.
As brigas nas escolas também têm tomado conta dos noticiários nessa retomada. Em março, duas brigas entre alunos na Emef Alfeu Gasparini chamaram a atenção pelas cenas de violência que foram filmadas pelos estudantes e depois ganharam as redes. Na ocasião, um aluno teve que ser levado para uma UPA após as agressões.
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