Mulheres
amanhã haverá justiça
por seus passos firmes sobre a terra.
Vocês acordam antes do sol,
o corpo, seus pés firmes na estrada vermelha,
a vida
à vida
às mãos que tecem a luta!
Na lona do acampamento,
ventos contrários tenta lhes soprar
pedras desde priscas eras.
Flexíveis
seus passos ultrapassam as pedras
a polícia o dia cinzento
e sobre as perdas
seus caminhos
nos levam juntos
aos lenços de xita em seus pescoços
Seus punhos, suas enxadas
suas foices erguidas no ar
rompem o ar rarefeito
tóxico
e a terra arada
não nos deixa no esquecimento
nem esquecer.
Os incêndios criminosos do
agrobusiness
veneno destes trópicos
patriarcal
escorre em seus corpos e territórios
rios que insistem em lhes matar
em matar-lhes mortas persistentemente mortas
(mater
morta terra)
fazer-lhes fome colhida
vida tolhida
porém, suas raízes perpassam o presente
o passado e fundam nossa esperança de futuro vislumbrado
como raízes, tronco, galhos,
folhagens e frutos.
O tronco, o grito à luta e
esperança que a todos sustentam
se inicia e segue em vocês
se inicia e segue com vocês.
As folhas ressoam o vento de suas revoltas
e a cerca que insiste em bloquear o
horizonte
não as
segura.
Inseguros somos nós.
Anticapitalistas
vocês marcham sobre o concreto seco,
sob o sol
sobre coturnos e jagunços do agronegócios
e onde pisam, nasce chão fértil.
A voz
de uma se soma a tantas
que plantas, mato da esperança,
se espalham nestes ventos de março
que plantas matos da esperança
os quais se espalham nestes ventos de março
e fundam nova terra
que não poderá ser vendida
e nem rendida.
O
capital veste sua máscara brilhante de morte.
Por ele, crescem latifúndios de injustiça..
Ultraprocessados, ustras
mentem que a supressão realizará o progresso e a fartura.
Entretanto, vocês sabem,
pois já nascem exploradas sob as máquinas e o aço frio
sabem sobre os corpos de todas as mortes.
Mulheres,
o campo lhes pertence,
sem cerca, sem medo,
sem grades, sem patrão, sem patriarcas
sem os venenos
e os dias,
sem o envenenamento do dia a dia
e as tardes, e as noites
e madrugadas de morte.
Cada grão de terra
cada gota d’água lhes pertence
Abril está fundamentado
Suas lutas constantes
suas feridas abertas em nossa memória
suas veias latino-americanas
são jornadas, punhos e sementes
ultrapassaram o gesto da luta
e gestaram novas mulheres
com o rosto coberto pelo lenço de xita que lhes reveste contra este mundo machista
e seus tronos de vento capitalista
prestes a desmoronar pela realidade, terra e direção de seus passos
e o suor
as noites culturais
os dias de formação
e a estratégia
a conspiração
que só vocês conseguem fazer brotar
Amanhã haverá justiça
e seus passos firmes sobre a terra
por seus passos firmes sobre a terra
intermitentes.
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Imagem gerada por IA a partir de trecho do poema |
2 comentários:
Sensacional meu amigo Filipe!!!
Valeu, Lê.
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