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O novo texto é um chamado à ação Fotos: Filipe Augusto Peres |
Em fala durante a conferência sobre agroecologia e crise climática, o monge beneditino Marcelo Barros propõe um cristianismo comprometido com os pobres e com a terra.
Por Filipe Peres
Da V Feira Nacional da Reforma Agrária
No último sábado, (10), durante a conferência “Agroecologia: produzir alimentos e enfrentar a crise climática”, realizada no auditório do Prédio Papa Francisco, na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, em São Paulo, o monge beneditino Marcelo Barros, em saudação aos presentes, afirmou que “a reforma agrária é onde Jesus está, é onde Jesus quer a gente”.
Companheiro do MST desde sua fundação, Barros levou à atividade o legado do Papa Francisco e destacou que a luta por terra, trabalho e dignidade é, também, uma caminhada espiritual. “
“O Papa fez questão de não morar no Palácio, de usar roupas simples e de apoiar os movimentos populares. Ele disse que a paz precisa ser desarmada, construída pelo amor e pelo diálogo. E o MST está nessa mesma estrada”.
Relembrando os quatro encontros que o Papa Francisco realizou com movimentos sociais — todos com participação do MST —, o monge apontou que a Igreja precisa reencontrar o seu lugar entre os pobres.
“Religião não pode ser só rito. Se não vira beijo de político: não significa nada. O importante é a vida, o compromisso efetivo, a caminhada coletiva.”
Barros também criticou o aumento dos gastos militares e o agravamento da fome no mundo.
“De 2022 para 2024, a ONU mostrou que a desigualdade social cresceu quatro vezes mais. A fome aumentou. E o mundo gastou trilhões com armamento. Sem desarmamento, não há paz”, disse, citando as últimas palavras públicas do Papa Francisco, na Páscoa de 2024.
O monge entregou ao público da feira o documento “Laudate Deum: sobre a crise climática”, lançado pelo pontífice em 2023, dez anos após a encíclica Laudato Si, sobre ecologia integral.
“A crise climática não melhorou. Piorou. Esse novo texto é um chamado à ação e está disponível aqui na feira. Leiam, divulguem, valorizem”, incentivou.
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Encíclica Laudate Deum |
Finalizando sua fala, Barros reiterou que o papel da Igreja e da espiritualidade não pode ser reduzido à liturgia, mas deve estar nas lutas reais:
“O que importa não é o novo Papa ou a fumaça branca em Roma. O que importa são vocês. O que importa é essa feira. É essa luta.”
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