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sábado, 10 de maio de 2025

Crise climática sob o olhar da luta de classes: pesquisadores lançam obra crítica na V Feira Nacional da Reforma Agrária

 

Livro analisa a questão ambiental pela perspectiva crítica-popular
Fotos: Filipe Augusto Peres

Realizado na V Fenara, o lançamento, do livro representa mais que a apresentação de uma obra é um manifesto político que articula teoria, prática e resistência popular frente ao colapso ambiental.


Na manhã deste sábado (10) de, no palco Papa Francisco (Arena) da V Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada no Parque da Água Branca, em São Paulo, foi lançado o livro “Crise Ambiental e os Negócios do Clima: Uma perspectiva crítica popular”, de autoria do professor Andrei Cornetta. A publicação, organizada pela Editora Expressão Popular, propõe uma leitura crítica das mudanças climáticas, denunciando as contradições do modelo capitalista que transforma a crise ambiental em oportunidade de negócios.


Durante o lançamento, Cornetta destacou o ineditismo do momento histórico que vivemos: 


“Pela primeira vez, enfrentamos uma mudança climática dentro do capitalismo. E mais: uma mudança climática produzida diretamente por ele. Por isso, é incorreto falar apenas em mudança de origem antrópica — estamos diante de uma crise de origem capitalista.”


Segundo o autor, a obra investiga como conceitos da economia neoclássica — como os mercados de carbono e as chamadas “soluções verdes” — escondem os verdadeiros responsáveis pela destruição ambiental, ao mesmo tempo em que perpetuam desigualdades globais. 


A questão mais preocupante não são apenas as causas ou as consequências da crise climática, mas como estamos lidando com ela: por meio do mercado, da financeirização e do apagamento das alternativas populares”, afirmou.


A obra possui  a colaboração de Bárbara Loureiro, Camilo Augusto e Renata Menezes pesquisadoras e integrante do MST no capítulo “O MST e a Questão Ambiental: percurso histórico e construção atual”.


A coautora Bárbara Lourenço, representando também a Coordenação Nacional do MST, reforçou o papel da agroecologia como alternativa concreta e transformadora. 


“Esse livro é resultado da luta de classes. Nossa agroecologia é prática, ciência e luta. A crise climática não é uma vingança da natureza, mas resultado direto da forma como o capital atua no campo, na mineração, no agronegócio”, pontuou.


A crise climática é o resultado direto da forma como o capital atua no campo

Bárbara também chamou atenção para a centralidade do tema no projeto político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. 


“A saída para essa crise passa pelo enfrentamento ao capitalismo. Reformar a terra, massificar a agroecologia, plantar cem milhões de árvores — essa é a proposta do MST”, afirmou.


A obra traz ainda capítulos sobre a geopolítica climática, os tratados internacionais e seus impactos no Brasil, além de análises sobre o papel do MST na luta socioambiental e a transformação das florestas em ativos de mercado, intensificando conflitos territoriais.





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