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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

"Não podemos, até o momento, definir se será um dano definitivo ou temporário"

 

Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em declaração à Rádio Nacional, Presidenta da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia levanta possibilidade de danos à saúde provocadas pelos incêndios criminosos serem permanentes

Em entrevista à Rádio Nacional nesta segunda-feira (16), devido aos diversos incêndios criminosos que ocorrem em todo o Estado desde o dia 22 de agosto, a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Margareth Dalcomo afirmou que, só na cidade de São Paulo, já foram registrados valores de substâncias poluentes maiores do que o encontrado na cidade de Cubatão. 

Dalcomo afirmou a preocupação de especialistas com o dano causado pelo excesso de fuligem e fumaça no ar, associado ao clima seco que atinge boa parte do país.

“Nós, especialistas, estamos profundamente preocupados com o dano, muitas vezes agudo, [que a baixa qualidade do ar causa] ao aparelho respiratório. Estão causando rinites, asma, bronquite aguda e muita alergia respiratória, comprometendo crianças e, sobretudo, idosos, grupos que são sempre os mais vulneráveis a esse dano”, disse Margareth.

Dano pode vir a ser definitivo

Margareth ainda disse ser difícil mensurar o tamanho do dano causado pelas queimadas terroristas na saúde das pessoas, pois existe uma grande variedade de substâncias tóxicas no ar, fruto destes incêndios intencionais. 

“Não podemos, até o momento, definir se será um dano definitivo ou temporário, porque o que está circulando nessa poluição atmosférica – associado à extrema secura do ar, com falta de umidade e de chuva – contém muitas substâncias extremamente nocivas”, disse a pneumologista.

Dalcomo ainda lembrou que, neste contexto, idosos e crianças integram os grupos com maior risco de danos permanentes. 

A população está respirando enxofre

A pneumologista também lembrou que as pessoas estão respirando monóxido de carbono e enxofre, o que pode agravar bastante a saúde de pessoas que sofram de bronquite ou com enfisema pulmonar.

 “Elas também produzem monóxido de carbono, dióxido de enxofre, compostos orgânicos voláteis. Todos esses poluentes podem causar ou agravar doenças respiratórias. E, quando se agrava, para pessoas que são asmáticas ou com enfisema pulmonar, é um desastre.”

Só na cidade de São Paulo, lembra a médica, já foram registrados valores de substâncias poluentes maiores do que o encontrado na cidade de Cubatão, no interior do estado. 

“A Organização Mundial da Saúde recomenda não ultrapassar 45 microgramas, três a quatro dias por ano. Nós estamos ultrapassando 300 microgramas. É muito grave isso”, disse.

Sobrecarga no SUS

A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia afirmou que as queimadas já estão sobrecarregando o SUS., por causa da maior incidência de doenças respiratórias na população. 

“Na verdade, já está trazendo, comprometendo e limitando a capacidade de atendimento de nossas emergências, nossas clínicas da família.”

Máscaras cirúrgicas são inúteis

Quando questionada sobre uso de máscara cirúrgica, Dalcomo disse que estas protegem pouco devido ao fato de não filtrarem os materiais particulares e durarem pouco.

“As máscaras cirúrgicas ou de outros tecidos protegem muito pouco porque têm poucas horas de duração e não filtram os materiais particulares muito pequenos.”

Fonte: Agência Brasil

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