Escola foi palco de cenas violentas nas últimas semanas. Comunidade escolar reivindica mais professores e funcionários e atribuição de aulas livres
Por Ailson Cunha,
Para o Blog O Calçadão, 02 de abrilde 2022.
Fachada da EMEF professor Alfeu Luiz Gasparini no bairro Ipiranga. |
A Escola
Municipal de Ensino Fundamental professor Alfeu Luiz Gasparini organizou
uma paralisação para esta segunda-feira,
04/04, por conta dos problemas que
afetam a Emef e que se agravaram com o início do ano letivo de forma
completamente presencial. A iniciativa é uma tentativa de a comunidade escolar
e do Conselho de Escola mobilizar a população e a Secretaria Municipal de
Educação para os problemas enfrentados pela escola e, de certo modo, por toda a
rede municipal de educação. Entre as reivindicações estão a atribuição imediata
das aulas livres, mais funcionários de apoio e professores volantes/substitutos.
Sobre a escola
A Emef prof
Alfeu Gasparini é uma das maiores escolas da rede municipal em Ribeirão
Preto. Localizada na Avenida Dom Pedro,
no bairro Ipiranga, atende
atualmente cerca de 1350 alunos, nos
3 períodos, divididos em 46 turmas do 1º ao 9º ano do
Ensino Fundamental e EJA. Por conta de sua estrutura e localização
privilegiada, a escola também oferece diversas atividades nos contraturnos escolar.
Pela quantidade de turmas, o perfil dos estudantes é bastante diverso: a escola
atende crianças a partir de 6 anos, jovens,
adultos e até mesmo idosos com mais de 70 anos de idade.
Em 2021, a escola deixou de ser EMEFEM (Escola
Municipal de Ensino Fundamental e Ensino Médio) passando a ser somente EMEF (Escola
Municipal de Ensino Fundamental) e com isso perdeu um cargo de vice-diretor. A
escola conta com um diretor, um vice-diretor
e um coordenador pedagógico para atender toda demanda da escola. De acordo
com informações obtidas pelo Blog O Calçadão, a escola também perdeu outros
recursos humanos nos últimos dois anos (professores, funcionários da limpeza,
portaria, secretária escolar e agente administrativo). Com isso, de acordo com
depoimentos recebidos pelo Blog, o atendimento adequado às famílias tem sido
cada vez mais difícil.
Com a retomada 100% presencial das aulas no início do
ano letivo, os problemas se agravaram. Por conta da falta de professores e de
substitutos, muitas turmas ficam com aulas vagas no pátio e, como não há funcionários
em número suficiente, surgem os conflitos, brigas e agressões físicas que ganharam
o noticiário ultimamente.
A divulgação dos vídeos com as agressões físicas no
interior da escola piorou ainda mais o ambiente. De acordo com uma professora
ouvida pelo Blog O Calçadão, o medo impera no ambiente escolar de tal forma que
os pais estão receosos de deixarem os filhos na escola.
Problemas na rede
A rede municipal de educação tem sido alvo de diversas
denúncias de problemas nesses primeiros meses após o retorno das atividades
100% presenciais nas escolas. A falta de professores, falta de funcionários,
salários dos terceirizados atrasados, escolas em condições precárias,
equipamentos deteriorando e a violência nas escolas são alguns dos problemas
apontados pelos profissionais.
A faltas de professores foi um dos primeiros problemas
notados nesse início de ano letivo. Após uma retomada conturbada e uma
atribuição de aulas desorganizadas, professores denunciaram nas redes que
muitas aulas ficaram sem atribuir. No mês de fevereiro, pico da variante
ômicron do coronavírus, diversos profissionais tiveram que se afastar e as
aulas chegaram a ser suspensas em algumas escolas por faltas de profissionais
para substituir. Em diversos momentos, é possível diversas turmas nos pátios
das escolas por conta da falta de professores.
O salário dos funcionários terceirizados também foi um
dos problemas apontados. O Blog O Calçadão vem acompanhando este caso desde o
fim do ano passado, quando funcionários denunciaram o atraso no 13º salário
pela empresa Kinte - serviços terceirizados.
As condições precárias das escolas também chamaram a
atenção dos profissionais ao retomarem as atividades. Escolas em péssimo estado
de conservação, com infiltração pela água das chuvas e equipamentos precários e
se deteriorando foram alvos de denúncias. Em fevereiro, uma hélice de um
ventilador caiu sobre um aluno que teve que ser levado a uma Unidade de Pronto
Atendimento, UPA. Agora em março, um televisor de tubo que caiu sobre a cabeça
de uma aluna que foi levada para a UPA e, segundo nota da SME, sofreu
traumatismo craniano moderado.
As brigas nas escolas também têm tomado conta dos
noticiários nessa retomada. Em março, duas brigas entre alunos na Emef Alfeu
Gasparini chamaram a atenção pelas cenas de violência que foram filmadas pelos
estudantes e depois ganharam as redes. Na ocasião, um aluno teve que ser levado
para uma UPA após as agressões.
Repercussão
Após a divulgação da paralisação pela comunidade
escolar, na sexta-feira, 4 novos funcionários foram alocados na escola. Também
nesta sexta-feira, a SME se reuniu com os diretores das escolas municipais para
falar sobre esses problemas. Na pauta da reunião que o Blog teve acesso consta entre
outros assuntos a violência e iminência de drogas nas escolas, a falta de professores
e funcionários e até mesmo ‘agentes de segurança’.
De acordo com uma fonte ouvida pelo Blog O Calçadão que
não quis se identificar, a SME ouviu às demandas dos diretores e se comprometeu
a solucionar.
O Outro lado
Entramos em contato com a SME com seguintes perguntas,
mas ainda não tivemos respostas:
1.
A SME está ciente dos problemas enfrentados pela comunidade escolar da Emef
Alfeu Gasparini que organizou paralisação para o dia 04/04?
2. Qual o posicionamento da SME em relação às reivindicações da comunidade escolar da Emef Alfeu Gasparini (atribuição imediata das aulas livres, mais funcionários de apoio e professores volantes/substitutos)?
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