Ivan Richard Esposito - Repórter da Agência Brasil
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, recebeu hoje (21),
pela primeira vez, representantes de movimentos sociais e entidades sindicais
do campo e da cidade. No encontro - que ocorre num momento em que fortes
protestos pelo direito â moradia acontecem em várias cidades do país,
especialmente emSão Paulo e Recife -, as entidades reivindicaram a volta das
contratações de casas do programa Minha Casa, Minha Vida, e o ministro
ressaltou a ampliação do número de unidades do programa para famílias com menor
renda.
Segundo Araújo, das 100 mil unidades residenciais destinadas
à Faixa 1 do programa, 70 mil serão direcionadas às entidades sociais. “Um
Estado que se programa para entregar 100 mil unidades e separa 70 mil [para as
entidades] demonstra o grau de importância e a compreensão dessas entidades no
contexto do programa”, disse.
“É um número recorde de contratações na modalidade
entidades. Dobramos o valor pra 35 mil contratações, enquanto, em 2014, foram
pouco mais de 18 mil” acrescentou Araújo. Segundo o Ministério das Cidades, as
unidades habitacionais deverão ser entregues no prazo de dois anos, seguindo o
cronograma do fluxo das obras. Na reunião, Bruno Araújo disse que até o fim de
março serão publicadas portarias com as novas regras do programa.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto (MTST), Guilherme Boulos, reconheceu o avanço no diálogo com o governo,
mas pediu mais clareza em relação às regras do Minha Casa, Minha Vida, no que
se refere a famílias de baixa renda.
“Receber e ouvir os movimentos é um passo importante. Agora,
não se avançou em relação àquilo que já havia sido colocado. O ministério tinha
soltado uma nota falando das contratações a partir de março, e hoje não se
especificou o número que será contratado, quais os critérios para a
contratação, a resolução que define. Tudo isso não saiu. Então, ainda tem muita
coisa incerta e vaga. É preciso ter as coisas mais concretas”, disse Boulos.
Para Boulos, o encontro de hoje não foi suficiente para
encerrar a manifestação liderada pelo MTST há oito dias em frente ao escritório
da Presidência da República, em São Paulo. “Essa reunião, evidentemente, é uma
sinalização, mas as coisas precisam ser mais concretas. Só com essa
sinalização, não [se] encerra o movimento. É preciso ter uma definição mais
clara de quantas [unidades] serão contratadas [na Faixa 1 do programa] e ter
uma garantia disso”.
O ministro Bruno Araújo afirmou que o governo tem uma
“relação permanente” com as entidades e que, se foram identificadas
necessidades de ajustes no programa, eles serão feitos. “Ao longo do ano, se
for preciso, faremos ajustes necessários em consonância com a equipe da
Secretaria Nacional de Habitação e demais representantes do governo e da
sociedade civil, para aprimorar resultados e tornar o programa ainda mais
eficiente."
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