19 milhões de brasileiros não tem o que comer hoje |
O golpe de 2016, fruto do processo histórico de fracasso do modelo neoliberal adotado em 1980 e que ruiu em 2008, levou o Brasil ao maior retrocesso de sua história, destruindo o seu parque industrial, destruindo os pilares dos direitos sociais da Carta de 1988 e envenenando a política a ponto de derrubar uma mulher honesta da Presidência, prender por 580 dias o Presidente mais bem avaliado da história e elevar ao poder o proto-fascismo bolsonarista, acanalhando o ambiente democrático brasileiro.
O parágrafo anterior é o resumo de uma tragédia ainda em andamento e que reflete na vida dos municípios, como Ribeirão Preto. É aqui no município que a fome arrasa as periferias, o desemprego arrebenta com as famílias, a poluição ambiental destrói a nossa saúde e a falta de serviços públicos arrasa nossa vida.
Somos hoje um país que regrediu aos níveis de 1910: nossa economia é a plantation monocultora e exportadora, os alimentos (produzidos pela agricultura familiar) não chegam na mesa do povo; nossa indústria foi aniquilada (o último resquício, a cadeia produtiva do setor petroquímico e de engenharia pesada, acabou com a Lava Jato) e, com ela, os empregos de qualidade; a população está na iminência de perder o direito à aposentadoria pública, o acesso ao SUS e à educação pública, todos no caminho da privatização.
Somos o país de maior concentração de renda do mundo entre democracias formais. Só quem vive bem no Brasil são os ricos, que hoje são aqueles únicos a aprovar o desgoverno Bolsonaro, responsável, dentre outras coisas, por quase 600 mil mortes por Covid.
Estamos nas mãos, reféns, de uma burguesia ruralista capaz de atacar a democracia para defender sua riqueza gerada ao custo de um dólar nas alturas e da fome dos brasileiros e de uma outra parte de uma burguesia financistas, que suga o patrimônio nacional através dos juros da dívida pública.
Como chegamos a isso, sabemos. Como sair disso é que é o problema. Não temos hoje condições de realizar uma necessária revolução como a de 1930. Não temos sequer acordo sobre um programa econômico mínimo de reconstrução nacional.
Estamos tateando a partir da experiência histórica recente e anterior. Recente com os governos do PT, principalmente dos governos Lula e sua capacidade de gerar e distribuir renda; anterior com o conhecimento do ciclo de desenvolvimento nacional 1930-1980. Mas falta o essencial: a força social para as mudanças a partir de uma força política alicerçada em um projeto soberano de desenvolvimento.
É para construir essa força social que nós lutamos hoje. As lutas de hoje, dentro de um ambiente político terrível, será o cimento da construção do futuro. 2021 e 2022 serão etapas desse processo de lutas, na perspectiva de derrotar o proto-fascismo de Bolsonaro, dar posse a um projeto de caráter social e desenvolvimentista, mas com a consciência de que só uma grande concertação nacional, com ruptura soberana com o modelo neoliberal, construída com a força social, é que poderá nos tirar do abismo em que estamos e nos recolocar no caminho do desenvolvimento com democracia ampla e inclusão social de todos e todas.
Coragem, força e luta sempre.
Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão
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