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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Golpismo: Enquanto STF julga Bolsonaro, senadores promovem audiência da extrema direita contra o STF

 

O golpe segue em andamento

Sessão da Comissão de Segurança Pública discute “ameaças à soberania” e relatórios que atacam Alexandre de Moraes no mesmo dia em que o Supremo julga o ex-presidente por tentativa de golpe

Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta terça-feira (2), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o Senado Federal abre espaço para uma audiência pública marcada por teorias conspiratórias e ataques diretos à Corte. O encontro é promovido pela Comissão de Segurança Pública (CSP), presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (União-PR), e ocorre no mesmo horário da sessão do Supremo — uma sobreposição que críticos apontam como estratégia deliberada de confronto.

Pauta e convidados

De acordo com a pauta oficial da 24ª reunião extraordinária da CSP, a audiência foi dividida em duas partes.

Primeira parte: debate sobre a atuação da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no Brasil, sob a acusação de “ameaçar a soberania nacional” durante as eleições de 2022. O principal convidado é Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA e hoje figura de referência para a ultradireita global contra a “censura online”. Benz já esteve no Congresso há três semanas disseminando teorias conspiratórias e, no passado, atuou sob o pseudônimo “Frame Game”, promovendo conteúdos racistas e antissemitas.

Segunda parte: discussão sobre o relatório “Arquivos do 8 de Janeiro: por dentro da força-tarefa judicial secreta para prisões em massa”, assinado pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger. O documento acusa o ministro Alexandre de Moraes e sua equipe de comandarem uma suposta estrutura paralela de repressão a golpistas. O convidado central é Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de subversão da ordem democrática. Ele confirmou participação por videoconferência e prometeu levar ao Parlamento Europeu o material divulgado recentemente pela Revista Oeste sob o título de “Vaza Toga 3”.

Outros dois nomes, o juiz Marco Antônio Martin Vargas e o desembargador Airton Vieira, ambos ligados anteriormente ao gabinete de Moraes, tiveram presença cancelada.

Objetivo político

Os requerimentos para a realização da audiência foram apresentados pelos senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Magno Malta (PL-ES), conhecidos aliados do bolsonarismo. O teor deixa claro a intenção de deslegitimar o STF e sustentar a narrativa de que o golpe de 8 de janeiro de 2023 teria sido uma invenção da Justiça.

Críticos apontam que a coincidência de datas transforma a audiência em um “julgamento paralelo” transmitido pela TV Senado, no mesmo instante em que a TV Justiça exibe os votos dos ministros do Supremo. Para analistas, trata-se de uma tentativa explícita de sabotar o processo judicial e reforçar a retórica de perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores.

Conflito institucional

A participação de Benz e Tagliaferro simboliza a disposição da extrema direita de usar tanto a estrutura do Estado brasileiro quanto plataformas internacionais para atacar o STF. Para especialistas, essa movimentação expõe que, mesmo após os atos golpistas, a ofensiva contra a democracia continua a ser articulada de dentro das próprias instituições

Fonte: Senado Federal

https://www12.senado.leg.br/hpsenado


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