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sexta-feira, 24 de outubro de 2025

As redes e o sangue

 

EUA mata pescadores sem provas


No princípio, eram redes e esperança.

Homens do mar lançavam sua fé nas águas,

o sal queimava o rosto e purificava o pão.

O milagre não era o peixe 

era o direito de viver do que o mar dava.


Mas vieram os falsos profetas ianques de farda,

vestidos de liberdade, cobiça pelo petróleo.

e tanques


Disseram: “não são pescadores 

,mas traficantes do abismo!”


e lançaram drones sobre as redes,

bombas sobre as barcas,

mentiras sobre os corpos flutuando.


As águas do Caribe lembram os nomes:

José, Antonio, María,

filhos do mesmo Deus que caminhou sobre as águas 

Cristo metralhado no convés

e Simão Pedro fichado no Pentágono

como suspeito por pescar 

pois são águas anti-capitalistas 


As redes se enchem de chumbo e silêncio,

e o mar devolve peixes mortos 

corpos mortos e mutilados


Na Venezuela,

os anjos da CIA batem asas sobre os poços,

e o Espírito Santo foi deportado por “atividade subversiva”.


Os pescadores sobreviventes filmam suas humildes casas:

“Está são casas de traficantes?”


Quem reconhecerá o Senhor

na praia coberta de napalm?

Quem dirá: “É Ele!”

se o pão e o peixe vierem

com o selo Made in USA?


Quem se lembra da United Fruit?


Mas ainda há quem lance redes,

mesmo que o mar seja de fogo

Homens e mulheres que acreditam

que a fé não cabe num tanque,

que a esperança é um barco sem bandeira,

e que um dia o sol voltará

a nascer sobre um mar limpo

de mentiras e invasões imperialistas 


Simão Pedro voltará a sorrir,

e as redes se romperão outra vez 

não por excesso de peixes,

mas por excesso de justiça!

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