A política brasileira está no fundo do poço. O pacto democrático de 1988 ruiu, está moribundo e um período de retrocesso em todos os sentidos nos espreita.
Mesmo se uma virada de Haddad na eleição de domingo ocorrer, a situação do país permanecerá dificílima.
Os espantalhos que foram construídos desde 2013 disseminaram o ódio e a falsa perseguição a um inimigo comum gerou a perigosa interrupção do debate público.
Desde o impeachment de 2016, que começou em 2014 com a não aceitação da derrota eleitoral por parte de Aécio Neves, que o tema "corrupção" domina o debate eleitoral.
Um tema tratado de maneira seletiva e direcionado a construir um "inimigo público".
Um tema tratado de maneira seletiva e direcionado a construir um "inimigo público".
E este ano isto chegou ao cúmulo de nem debate eleitoral existir.
Como o que existe é a política do "nós contra eles", só o que vale é o grito, a mentira, a manipulação, o xingamento e a desqualificação do outro.
"O PT é corrupto", "não se debate com ladrões", "discutir saúde, educação, emprego para quê? Temos que combater a corrupção e a ameaça comunista, da esquerda". Esse é o 'debate' do momento.
Perigoso.
Essa narrativa proposital, construída no subterrâneo das redes sociais, esconde a total falta de compromisso público com assuntos que realmente interessam ao futuro do país.
Como resolver a questão da economia? Do endividamento público? Do desenvolvimento? Da industrialização? Da educação? Da saúde? Da ciência e tecnologia? Da aposentadoria? Da geração de renda? Da inserção do Brasil no mundo?
Quais números devem ser debatidos com a opinião pública? Quais propostas devem ser conhecidas e firmadas publicamente?
Se nada disso acontece, o que de fato se está fazendo é assinar um cheque em branco para um governo.
Se o debate e os compromissos públicos são obstruídos, com o que de verdade se compromete o futuro governo? Quais são seus reais compromissos?
O Brasil está cindido, a justiça e a mídia estão em silêncio diante da ausência do debate público e das ameaças diárias contra a vida, a liberdade das pessoas e a própria democracia.
Pela primeira vez depois da ditadura, brasileiros foram ameaçados de "exílio ou cadeia" por seus posicionamentos políticos. O próprio STF foi ameaçado.
Pela primeira vez depois da ditadura, brasileiros foram ameaçados de "exílio ou cadeia" por seus posicionamentos políticos. O próprio STF foi ameaçado.
A Constituição de 1988 parece que já é apenas algo decorativo.
O povo e o futuro do Brasil estão hoje à deriva.
Blog O Calçadão
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