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terça-feira, 26 de agosto de 2025

Santo do dia

 


José de Calasanz abriu uma porta em Trastevere:
duas salas pobres, crianças de rua,
a primeira escola gratuita da Europa.
As elites tremeram.
“Educação para os nossos filhos”,
e lançaram o veneno da calúnia,
reduziram sua obra,
tentaram apagá-lo do mapa.

séculos depois, o mesmo refrão:
cada vez que o povo aprende a ler,
os donos do poder perdem o sono
e tentam, incomodados,
boicotar o sonho
na Espanha do século XVII,
na América Latina do século XXI,

os nomes mudam, 
mas o medo segue o mesmo

a pobreza não os assusta
(nunca se incomodaram com o que os torna ricos)
mas a palavra escrita em outras mãos
que não a deles

ou a palavra compartilhada
a partir de não doutrinados
em suas academias
e institucionalidades

temem:
o verbo-martelo
ação pela foice,
a leitura desarma-coronéis,
a conta que reparte os latifúndios
e combate o dogma capitalista

temem

Calasanz morreu sem ver sua vitória,
como tantos outros que plantaram escolas
em territórios de silêncio

sua herança:
cada caderno aberto na periferia
como um ato de guerra contra os senhores

é verdade
as elites continuam rindo nos banquetes,
e tem seus representantes no meio de nós 

que repetem, sem vergonha,
a velha canção de manutenção
“Educação não é para todos”
“escola não é para todo mundo”

ou que o tempo já passou
e que não vale à pena
o plantão noturno 

nós, porém, sabemos:
uma sala de trabalhadoras
com dez cadeiras de madeira
vale mais que todos os palácios

e quando um trabalhador
e quando uma trabalhadora 
escreve seu nome sem pedir licença,
a Terra inteira respira.

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