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Gerson de Oliveira resgatou o papel histórico da exclusão educacional como ferramenta de dominação. Fotos: @filipeaugustoperes |
Durante atividade realizada no CEFOL, em Valinhos (SP), André Kaysel e Gerson de Oliveira apresentaram análise de conjuntura que relaciona a crise da ordem mundial com a importância da alfabetização como tática política dos movimentos populares
Na manhã desta sexta-feira (8), no primeiro dia da Formação Estadual da Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias, realizada no CEFOL, em Valinhos (SP), o professor da Unicamp André Kaysel e o dirigente estadual do MST Gerson de Oliveira apresentaram uma análise de conjuntura marcada pela crítica à crise global do capitalismo e pela defesa da educação popular como estratégia de transformação social.
Kaysel destacou que o Brasil vive um “tempo liminar”, conceito que expressa o colapso do horizonte de expectativas individuais e coletivas, fruto de um cenário internacional de transição hegemônica, erosão das democracias liberais e declínio da influência dos Estados Unidos.
Para ele, a ascensão da China, a desestruturação das instituições multilaterais e o avanço da extrema-direita colocam em xeque a ordem construída no pós-guerra.
“Hoje, o Brasil está no centro de uma disputa geopolítica, e precisamos disputar também o significado de nação e democracia”, afirmou.
André Kaysel destacou a disputa geopolítica atual
Já Gerson de Oliveira resgatou o papel histórico da exclusão educacional como ferramenta de dominação. Segundo o dirigente, o analfabetismo no Brasil é resultado direto da herança escravocrata e das políticas excludentes do pós-abolição.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, citou, evocando Paulo Freire para defender a centralidade da alfabetização como instrumento de organização política e emancipação.
Tanto Gerson como André convergiram na avaliação de que a atual conjuntura impõe desafios estratégicos aos movimentos populares e destacaram o papel da Jornada de Alfabetização como uma tática que combina formação de base, fortalecimento de consciência política e enfrentamento ao projeto neoliberal e autoritário em curso.
Em torno de 80 pessoas do interior paulista, entre educadores, coordenadores e militantes comprometidos com a educação popular estão presentes na formação, a qual seguirá até domingo (10).
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