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imagem gerada por IA a partir do poema |
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nunca nos deixaram ser
canção engasgada que se canta sobre o coro
desde nossa infância fomos sequestrados
nunca sorrimos inteiros
mas utópicos, seremos,
e sendo, pela luta popular,
o Brasil será
2
o Brasil será
um tambor que enfim encontra o ritmo
uma terra com a chuva justa
quando não houver mais tortura
quando as palavras deixarem de sangrar nas celas
quando as pessoas deixarem de
sangrar nas celas
quando os porões escuros não forem esforço por memória
mas o registro concreto de um tempo
vencido
uma memória a céu aberto para que
não nos esqueçamos
e por isso, desmilitarizados,
nossos escudos virarem livros abertos
os uniformes não carregarão mais o medo
e vestiremos o bom cuidado
quando o povo for dono da terra
e os sulcos da enxada escreverem
liberdade no solo
e os mapas forem desenhados com as mãos calejadas do povo
quando a produção alimentar não visar mais o
exportado
e o alimento não cruzar oceanos, mas invadir nossas manhãs
e as sementes souberem que nascem para alimentar quem as plantou
atóxicos, nossas sementes saberão,
de fato, quem as plantou
e as meninas, menines não tiverem medo da
noite
porque a noite se tornou colo, não ameaça
e cada estrela é um farol seguro nos passos de cada um
o Brasil será
um sonho que não acorda mais em pesadelo
um nome escrito sem censura nas páginas da história
quando os generais, os golpistas e treaidores
da pátria forem julgados
e suas fardas pesarem com o peso da verdade
e os palanques
as manobras de um Congresso antipovo
caírem
e derem lugar a tribunais populares
e os camponeses forem escutados
assim como indígenas e quilombolas
quando a roça falar mais alto que o latifúndio
e a enxada tiver mais eco que o capital
o Brasil será
uma esperança com raízes fundas e tronco de justiça
bandeira costurada com mãos limpas e promessas cumpridas
e o lema da flâmula será trocado
por justiça e paz
2 comentários:
Que bonito, Felipe! Que assim seja o Brasil.
Obrigado, compa.
Assim o faremos coletivamente
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