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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Os movimentos sociais são o coração da democracia, precisamos defendê-los!

Eu, Ricardo Jimenez, ao lado da amiga Neusa Paviato,
no aniversário do Acampamento Paulo Botelho.
Amizade, compromisso com a democracia e afetos.

Eu não posso aceitar a tentativa de criminalização dos movimentos sociais.


A existência dos movimentos sociais significa que o coração da democracia ainda bate. 

Criminalizar os movimentos sociais e tentar impedir a sua livre existência é projetar uma sociedade silenciosa, reprimida, falsa e fadada ao fracasso.

São os movimentos sociais, com seus acertos e erros, como tudo na vida, que fazem a sociedade se movimentar, olhar para si mesma, debater a sua existência, corrigir os seus rumos, ser democrática.

Os movimentos precisam existir e discutir todos os dias a moradia, os direitos de minorias, o meio ambiente, a segurança, a educação, a saúde, a reforma agrária. Precisam discutir tudo!

Meu coração se entristece e sangra só de pensar que um governo, pela força ou pela campanha de ódio, pode vir a calar os movimentos sociais. 

Nesse dia, o Sol da democracia se apagará.

E quero aqui falar especificamente da minha experiência como jornalista junto ao MST.

Eu frequento os acampamentos e assentamentos do MST há 4 anos. Conheço e sou amigo de todos. 

São trabalhadores e trabalhadoras à procura de terra em um país onde a posse da terra, assim como a renda, é vergonhosamente concentrada. São trabalhadores e trabalhadoras que enfrentam uma luta historicamente violenta no Brasil.

Nos acampamentos e assentamentos eu já vi enxadas, já vi cadernos e canetas, já vi sonhos, já vi sorrisos e choro, já vi festas e mobilizações, mas nunca vi uma arma ou ouvi um discurso de ódio.

Aqui em Ribeirão Preto, sem contar com a ajuda necessária do poder público, o Assentamento Mário Lago produz cestas com alimentos agroflorestais, sem agrotóxicos, que qualquer pessoa pode adquirir.

Também estão de braços abertos para receber a todos lá na fazenda da Barra.


Por que não sonhar como uma Ribeirão Preto onde a agricultura familiar seja valorizada e apoiada a ponto de os alimentos chegarem na merenda escolar e na mesa das pessoas?

Para isso, basta que os movimentos sociais sejam convidados ao diálogo e à participação em um projeto de cidade.

Nos assentamentos também funcionam as escolas da reforma agrária, regidas sob a legislação do MEC, dando um exemplo de que é possível retomar com qualidade as escolas rurais, dizimadas por falta de apoio público.


Erros e acertos todos nós temos, mas chamar essas pessoas de "terroristas" ou dizer que as escolas da reforma agrária são "fábricas de terroristas" é de uma desonestidade sem limites.


Tentar criminalizar um movimento social enquanto leva para o poder a cúpula dos latifundiários e desmatadores da Amazônia, inclusive ameaçando as terras indígenas, mostra claramente o que representa esse projeto.


O Brasil precisa fazer a reforma agrária, fortalecer a agricultura familiar que produz alimentos para a população e fazer com que o agronegócio tenha a regulamentação necessária para existir preservando o meio ambiente.


Ainda há tempo.


Ricardo Jimenez

2 comentários:

Unknown disse...

Belíssimo texto!Parabéns!

Unknown disse...

Valeu Ricardo. Pessoas como vc serão sempre bem vindos em nossos acampamentos e assentamentos. Abraços

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