O golpe de 2016 não acabou |
Desde 2008 o mundo capitalista vive uma crise profunda, resultado do fracasso do modelo neoliberal implantado nos últimos 40 anos.
Com excessão da China, que navega no sentido oposto ao neoliberalismo desde 1979, o desemprego, a concentração brutal de renda, a destruição dos direitos sociais e da soberania dos Estados nacionais, a violência e a destruição ambiental predominam.
O Brasil se insere dramaticamente nessa realidade desde 1990. Porém, o projeto de destruição tocado pelo PSDB foi interrompido entre 2003 e 2015 com os governos do PT, que atenuaram o neoliberalismo com políticas de desenvolvimento econômico com distribuição de renda e garantia de direitos.
Um golpe em 2016 foi necessário para se reimplantar o projeto de destruição no país. Para o golpe não se economizou esforços no envenenamento da política através do anti-petismo.
O resultado todos sabemos: derrubada de uma presidenta honesta, reintrodução do programa neoliberal com a 'ponte para o futuro' e volta dos militares à política com Temer e o endeusamento midiático de uma operação antidemocrática e criminosa comandada por uma figura sinistra vestida de preto.
Em 2018, o golpe teve continuidade da pior forma: a chegada de um ex-deputado extremista ao poder em aliança com o lavajatismo proto-fascista, com a ala militar autoritária e entreguista, com o apoio do grande capital e do aparelho de justiça, levando para uma prisão política o líder das pesquisas e o ex-presidente mais bem avaliado da história.
Nesse processo, todo o povo brasileiro e o Brasil perderam o emprego, a renda, os direitos trabalhistas, a aposentadoria, a soberania, o pleno ambiente democrático e viram o retorno da inflação e da fome.
No entanto, mesmo uma terrível pandemia e o descaso do atual governo com a vida das pessoas não retiraram do povo a esperança. O sinal disso são as manifestações populares contra o governo da morte e a liderança inconteste de Lula nas pesquisas.
O povo demonstra o desejo de reconstruir no Brasil um ambiente de mais democracia e mais justiça social.
É nesse ambiente de luta e disputa social que o sistema neoliberal busca sobreviver. A aliança com a extrema direita proto-fascista parece estar em uma crise insolúvel e, nesse momento, se busca um plano B.
Aliás, dois planos Bs.
O primeiro é a chamada terceira via. Um candidato que navegue no anti-bolsonarismo e no anti-petismo a partir de uma narrativa dos "dois extremos" construída pela mídia empresarial. Esse projeto se livraria do bolsonarismo mas manteria a política conduzida por Paulo Guedes.
Como, ao que parece, essa "terceira via" está longe da realidade, existe um outro plano B. Este tem como objetivo forçar uma aliança com Lula ou implantar o monstrengo de um tal "semi presidencialismo" no caso da vitória do ex-presidente se mostrar inevitável.
Esse plano B passa pelo aumento do ambiente de repressão popular e de ameaça de golpe pelos militares, fiéis aliados do projeto neoliberal, com apoio dos EUA.
Forçar um acordo com Lula significa construir à força uma segunda carta aos brasileiros, atenuando o projeto econômico petista para salvar as "reformas" neoliberais. E se essa pressão não surtir efeito, o semi-presidencialismo, com um novo golpe parlamentar, seria a saída para retirar poderes de Lula e dar ao parlamento as condições de manter o neoliberalismo em vigência.
Essa é a conjuntura atual, agravada pela presença no poder de um indivíduo insano, apoiado por milícias e capaz de destruir a democracia através do aprofundamento do ambiente de caos.
Sem sombra de dúvidas as lutas populares travadas nesse ano de 2021 e que serão mantidas em 2022 terão o desafio de derrotar o bolsonarismo, restabelecer a democracia, evitar o golpe do semi-presidencialismo, garantir a vitória e a posse de Lula e com um programa econômico anti-neoliberal e de caráter de reconstrução da economia, da soberania e dos direitos sociais.
Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão
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