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Em torno de 200 mulheres marcham pelo centro da cidade em ato do Dia Internacional da Mulher Fotos: @filipeagustoperes |
Manifestação reuniu movimentos sociais, sindicatos, partidos políticos, entidades e lideranças feministas na luta por direitos e justiça social
Na manhã deste sábado (8), cerca de 200 mulheres se reuniram em frente ao Teatro Pedro II, no centro de Ribeirão Preto, para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres. O ato, organizado por movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, teve como lema “Mulheres nas ruas contra a violência, a fome, o fascismo e o racismo! Pelo aborto legal! Sem anistia para torturadores!”.
O evento contou com a participação de diversas organizações feministas e populares, incluindo o Movimento de Mulheres Olga Benario, Revolução Solidária, ABRAFH, PT Mulheres, PSOL Mulheres, Juntas!, Resistência Feminista, CMADS, UNEGRO, Coletivo Diversas, PCB, Resistência Caipira, Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina, MST e o Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto.
Durante o ato, mulheres de diferentes setores discursaram sobre a importância da mobilização contínua contra a violência de gênero, as desigualdades estruturais e a necessidade de políticas públicas efetivas.
“Não é um dia de festa, é um dia de luta”
A manifestação destacou o caráter combativo da data, ressaltando que o 8 de Março não é um dia de homenagens, mas uma jornada de luta. Aline, do Movimento de Mulheres Olga Benario, destacou a sobrecarga que recai sobre as mulheres na sociedade.
“Nós ganhamos menos nas mesmas funções, somos nós que sofremos com jornadas duplas, triplas e quádruplas. O Brasil bate recorde de feminicídio todos os anos. Estamos sendo mortas pelo simples fato de termos nascido mulheres” .
Já Jaqueline Moraes, professora da rede pública e integrante do coletivo Juntas!, ressaltou o impacto do machismo estrutural e a alarmante estatística da violência de gênero.
“Semana passada, uma adolescente de 17 anos foi assassinada pelo ex-namorado. Esse machismo mata. No Brasil, uma mulher sofre violência física a cada sete minutos” .
O debate sobre o direito ao aborto legal também foi pauta central do ato. Annie Hsiou, do coletivo Juntas! e integrante da direção do ANDES e da ADUSP, alertou sobre as ameaças da extrema-direita ao direito ao aborto no Brasil e a necessidade de ampliar a mobilização social para garantir essa conquista.
“A criminalização do aborto é uma questão que afeta todas as mulheres. Precisamos enfrentar a extrema-direita e defender nossos direitos reprodutivos”
Violência contra a mulher, direito sobre o próprio corpo e desigualdade: temas centrais da mobilização
A luta contra a violência de gênero também foi abordada por Duda Hidalgo, vereadora pelo PT, que destacou a importância de garantir atendimento adequado às vítimas e lembrou da inauguração da nova Delegacia de Defesa da Mulher 24 horas em Ribeirão Preto.
“A Delegacia de Defesa da Mulher 24 horas é um direito que vem sendo negligenciado pelo governo. O aumento dos casos de feminicídio exige que tratemos essa pauta com urgência” .
O ato também contou com a presença de Fátima Suleiman, do Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina, que relacionou as lutas feministas globais às condições das mulheres palestinas.
“A guerra deixou milhares de mulheres viúvas e mães que perderam seus filhos. A luta da mulher palestina é uma luta da humanidade” .
Além disso, Silvia Diogo, covereadora do Coletivo Popular Judeti Zilli (PT), enfatizou a luta das mulheres por igualdade salarial e melhores condições de trabalho.
“A vida para nós, mulheres, não é fácil. Desde o salário mais baixo até as condições precárias no mercado de trabalho, enfrentamos desigualdades diárias. Precisamos lutar por uma sociedade onde homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades” .
Mobilização pelo direito à alimentação saudável
Além das pautas de violência de gênero e direitos reprodutivos, a segurança alimentar foi um dos temas levantados no ato. Nivalda Alves Jesus, da direção estadual do MST, destacou a necessidade de uma luta conjunta por uma alimentação saudável e contra os impactos dos agrotóxicos na vida das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade.
“Não aceitamos veneno na mesa das trabalhadoras. A luta das mulheres também é pela agroecologia e pelo direito a uma alimentação saudável. O agronegócio produz veneno e não alimenta a nação, mas mata. Enquanto isso, nós, mulheres do MST, seguimos cultivando agroflorestas, garantindo alimentos saudáveis e lutando pelo direito à terra e à soberania alimentar” .
Nivalda também destacou que as mulheres sem terra enfrentam dificuldades não apenas para produzir alimentos saudáveis, mas também para garantir moradia digna e acesso a transporte para escoar sua produção.
“A agroecologia é uma forma de resistência contra um sistema que privilegia grandes produtores e envenena nossa população. Queremos um Brasil onde todas tenham acesso à terra para plantar, produzir e alimentar suas famílias com dignidade”.
Uma luta permanente
As participantes reforçaram que o 8 de Março não é apenas um dia de protesto, mas um marco dentro de uma luta diária por igualdade e justiça social. Lurdinha, do Diálogo de Ação Petista, destacou a necessidade de união frente aos retrocessos políticos.
“A ofensiva contra as mulheres é grande, e só unidos podemos reagir. O direito ao aborto está sob ataque e precisamos resistir”
Após as falas, as manifestantes marcharam pelo centro de Ribeirão Preto, entoando palavras de ordem e reafirmando as pautas.
O ato ocorrido em Ribeirão Preto fez parte da agenda nacional de atos pelo Dia Internacional da Mulher.
Mais fotos
Obs: Todas as fotos publicadas por @filipeaugustoperes nesta matéria podem ser utilizadas pelos movimentos, sindicatos, entidades e partidos políticos participantes do ato livremente, desde que não sejam descontextualizadas do ato em si e o devido crédito seja dado.
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