Se há algo que um entreguista de carteirinha odeia é a expressão "desenvolvimento autônomo".
Exatamente por isso os entreguistas da atualidade, que possuem bico, plumagem e atendem pelo número 45 ou pelo som "plim-plim", odeiam tanto o BNDES.
A sexagenária instituição criada em 1952, ainda sem o "S" de social, representou o sonho realizado do projeto de desenvolvimento autônomo da América Latina gestado pelas mentes da CEPAL, da qual fazia parte o gênio e nacionalista Celso Furtado.
O banco público de desenvolvimento foi o motor que impulsionou o Plano de Metas de JK. Em primeiro momento, a política de desenvolvimento autônomo do período privilegiou a tecnologia industrial e até mesmo a ditadura militar não ousou alterar seu funcionamento, colocando-o para financiar a indústria pesada na década de 70.
Não é preciso ser um gênio como Celso Furtado para perceber a importância do Estado criar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento. Em países subdesenvolvidos, ainda mais quando são populosos e complexos como o Brasil, o investimento público e o fomento da indústria e da infraestrutura são as alavancas não só de negócios, mas também de seres humanos, através da diminuição da pobreza e da criação de oportunidades.
Ferramentas como o BNDES não são só símbolos do desenvolvimento autônomo, são símbolos de um projeto real de independência, de desenvolvimento social e de inserção internacional.
Vivemos no atual momento político um período de refluxo. Tanto a política de desenvolvimento iniciada em 2003 com Lula quanto o próprio debate em torno de uma agenda progressista se encontram em estado de letargia. O próprio BNDES se encontra na mira da sanha reacionária que já tentou inviabilizar a Petrobrás. Portanto, esse é o momento ideal para se retomar o debate.
Após um período de desorientação nos anos 80, por causa da crise do endividamento que se alastrou pela América Latina a partir da mudança de rumo na política de juros dos EUA em 1980, o BNDES foi novamente colocado a serviço do Estado nos anos 90. Porém, de uma forma bastante diversa do sonho de Celso Furtado.
O entreguismo tucano comandou o país nos anos 90. O entreguismo tucano, nas palavras do ex-presidente e ex-sociólogo (já que ele mesmo pediu para "esquecer" o que ele havia escrito), iria "acabar com a era Vargas".
E assim foi feito. A tucanada enterrou qualquer resquício de política industrial, relegou os Ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento e Indústria ao papel de párias do Banco Central (dos "ajustes fiscais" e dos juros ao grande capital) e colocou o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social para financiar empresas estrangeiras no maior programa de desnacionalização que já existiu, vulgarmente conhecido como Privataria.
O BNDES capitalizou com dinheiro público os grupos estrangeiros que pilharam os setores nacionais de eletricidade, siderurgia, mineração e telecomunicações. Foram módicos 80 bilhões de reais (valores da época!).
Em 2003, com Lula, o BNDES foi recolocado no seu papel desejado por Celso Furtado. Com Lula, a carteira de investimentos do Banco saltou de 47 bilhões em 2003 para 170 bilhões em 2010. Mantida a política por Dilma, a carteira atingiu o pico de 190 bilhões em 2013, antes, portanto, do início do avanço coxinha a partir das passeatas de 2013 encampadas pela Globo.
O BNDES, logo, sofre do mesmo mal da Petrobrás (quando nacionalizou o pré-sal e retomou a indústria naval): o de se colocar no caminho do entreguismo.
O Brasil não pode abrir mão do seu desenvolvimento autônomo por um simples motivo: 180 milhões de brasileiros assalariados necessitam dele.
É preciso enfrentar com coragem e clareza o debate. Fazê-lo internamente, alertando o governo do perigo em se retomar uma agenda financista e recessiva. E também fazê-lo para fora, informando ao trabalhador e ao pequeno e médio empresariado as diferenças de projeto.
O BNDES precisa continuar propiciando recursos a juros menores para investimentos no desenvolvimento tecnológico, para a resolução dos gargalos de infraestrutura, produção e logística (que só o setor público pode fazer a contento), para incentivar o empreendedorismo, para completar a alavancagem do setor elétrico e de transportes (ferrovias, rodovias e hidrovias).
Ampliar os recursos para desenvolver e proteger a indústria nacional, inclusive com linhas de crédito para as grandes empresas nacionais, importantes para manter a competitividade do país não só diante dos EUA, mas também da China.
Aliás, esse é outro tema que coloca em lados opostos os desenvolvimentistas e os entreguistas tucanos. José Serra e o PSDB são absolutamente contrários ao Mercosul, à UNASUL e aos BRICS. Em contraposição a esse pensamento colonizado, Lula e Dilma colocaram o BNDES para financiar empreendimentos na América Latina. Seja no investimento direto para criar a integração física da região, seja fomentando empresas nacionais para realizarem projetos na região.
No período Lula e Dilma, os investimentos do BNDES no exterior aumentaram em mais de 1000%, inclusive e, acertadamente, na África! Sim, na África!
Com Dilma, o acordo dos BRICS avançou para a formação de um banco de investimentos. Ideia, aliás, que encontra forte resistência de setores do Banco Central brasileiro (um ninho de resistência tucanóide dentro do governo petista desde 2003).
O viés ideológico feito por neo-marcartistas só interessa aos entreguistas como forma de turvar o debate. Investimento não tem viés ideológico, tem viés estratégico. O "escândalo" sobre o porto de Mariel, em Cuba, foi silenciado com a decisão dos EUA de fazer o mesmo, no processo recente de reaproximação entre os dois países.
Continuamos em disputa por um projeto nacional. Desde Vargas essa disputa é intensa. Certo que este projeto atual é meio capenga, pois o grosso do PIB nacional ainda permanece atrelado aos juros do grande capital, coisa que foi construída por FHC e que o governo petista esteve longe de romper.
Mas é assim a política.
Uma visão estreita, sem um olhar estratégico só beneficia os entreguistas tucanos e prejudica o povo trabalhador.
Precisamos lutar em defesa do BNDES e, mais, em defesa do projeto nacional de desenvolvimento autônomo e informar o trabalhador, para desespero da tucanada.
Ricardo Jimenez
O banco público de desenvolvimento foi o motor que impulsionou o Plano de Metas de JK. Em primeiro momento, a política de desenvolvimento autônomo do período privilegiou a tecnologia industrial e até mesmo a ditadura militar não ousou alterar seu funcionamento, colocando-o para financiar a indústria pesada na década de 70.
Não é preciso ser um gênio como Celso Furtado para perceber a importância do Estado criar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento. Em países subdesenvolvidos, ainda mais quando são populosos e complexos como o Brasil, o investimento público e o fomento da indústria e da infraestrutura são as alavancas não só de negócios, mas também de seres humanos, através da diminuição da pobreza e da criação de oportunidades.
Ferramentas como o BNDES não são só símbolos do desenvolvimento autônomo, são símbolos de um projeto real de independência, de desenvolvimento social e de inserção internacional.
Vivemos no atual momento político um período de refluxo. Tanto a política de desenvolvimento iniciada em 2003 com Lula quanto o próprio debate em torno de uma agenda progressista se encontram em estado de letargia. O próprio BNDES se encontra na mira da sanha reacionária que já tentou inviabilizar a Petrobrás. Portanto, esse é o momento ideal para se retomar o debate.
Após um período de desorientação nos anos 80, por causa da crise do endividamento que se alastrou pela América Latina a partir da mudança de rumo na política de juros dos EUA em 1980, o BNDES foi novamente colocado a serviço do Estado nos anos 90. Porém, de uma forma bastante diversa do sonho de Celso Furtado.
O entreguismo tucano comandou o país nos anos 90. O entreguismo tucano, nas palavras do ex-presidente e ex-sociólogo (já que ele mesmo pediu para "esquecer" o que ele havia escrito), iria "acabar com a era Vargas".
E assim foi feito. A tucanada enterrou qualquer resquício de política industrial, relegou os Ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento e Indústria ao papel de párias do Banco Central (dos "ajustes fiscais" e dos juros ao grande capital) e colocou o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social para financiar empresas estrangeiras no maior programa de desnacionalização que já existiu, vulgarmente conhecido como Privataria.
O BNDES capitalizou com dinheiro público os grupos estrangeiros que pilharam os setores nacionais de eletricidade, siderurgia, mineração e telecomunicações. Foram módicos 80 bilhões de reais (valores da época!).
Em 2003, com Lula, o BNDES foi recolocado no seu papel desejado por Celso Furtado. Com Lula, a carteira de investimentos do Banco saltou de 47 bilhões em 2003 para 170 bilhões em 2010. Mantida a política por Dilma, a carteira atingiu o pico de 190 bilhões em 2013, antes, portanto, do início do avanço coxinha a partir das passeatas de 2013 encampadas pela Globo.
O BNDES, logo, sofre do mesmo mal da Petrobrás (quando nacionalizou o pré-sal e retomou a indústria naval): o de se colocar no caminho do entreguismo.
O Brasil não pode abrir mão do seu desenvolvimento autônomo por um simples motivo: 180 milhões de brasileiros assalariados necessitam dele.
É preciso enfrentar com coragem e clareza o debate. Fazê-lo internamente, alertando o governo do perigo em se retomar uma agenda financista e recessiva. E também fazê-lo para fora, informando ao trabalhador e ao pequeno e médio empresariado as diferenças de projeto.
O BNDES precisa continuar propiciando recursos a juros menores para investimentos no desenvolvimento tecnológico, para a resolução dos gargalos de infraestrutura, produção e logística (que só o setor público pode fazer a contento), para incentivar o empreendedorismo, para completar a alavancagem do setor elétrico e de transportes (ferrovias, rodovias e hidrovias).
Ampliar os recursos para desenvolver e proteger a indústria nacional, inclusive com linhas de crédito para as grandes empresas nacionais, importantes para manter a competitividade do país não só diante dos EUA, mas também da China.
Aliás, esse é outro tema que coloca em lados opostos os desenvolvimentistas e os entreguistas tucanos. José Serra e o PSDB são absolutamente contrários ao Mercosul, à UNASUL e aos BRICS. Em contraposição a esse pensamento colonizado, Lula e Dilma colocaram o BNDES para financiar empreendimentos na América Latina. Seja no investimento direto para criar a integração física da região, seja fomentando empresas nacionais para realizarem projetos na região.
No período Lula e Dilma, os investimentos do BNDES no exterior aumentaram em mais de 1000%, inclusive e, acertadamente, na África! Sim, na África!
Com Dilma, o acordo dos BRICS avançou para a formação de um banco de investimentos. Ideia, aliás, que encontra forte resistência de setores do Banco Central brasileiro (um ninho de resistência tucanóide dentro do governo petista desde 2003).
O viés ideológico feito por neo-marcartistas só interessa aos entreguistas como forma de turvar o debate. Investimento não tem viés ideológico, tem viés estratégico. O "escândalo" sobre o porto de Mariel, em Cuba, foi silenciado com a decisão dos EUA de fazer o mesmo, no processo recente de reaproximação entre os dois países.
Continuamos em disputa por um projeto nacional. Desde Vargas essa disputa é intensa. Certo que este projeto atual é meio capenga, pois o grosso do PIB nacional ainda permanece atrelado aos juros do grande capital, coisa que foi construída por FHC e que o governo petista esteve longe de romper.
Mas é assim a política.
Uma visão estreita, sem um olhar estratégico só beneficia os entreguistas tucanos e prejudica o povo trabalhador.
Precisamos lutar em defesa do BNDES e, mais, em defesa do projeto nacional de desenvolvimento autônomo e informar o trabalhador, para desespero da tucanada.
Ricardo Jimenez
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