Vem chegando o verão... ou melhor, já chegou, né?
E o que mais vejo é gente compartilhando suas 'conquistas'. Resultado de procedimentos estéticos, exercícios, suplementos, batata doce, shakes, pílulas e tudo o mais.
É preciso ter o 'corpo' do verão.
Então, tomem fotos de antes e depois. Me amem! Me desejem! Sou desejável!
Também é a hora que as revistas investem em matérias de superação. 'Fulana' emagrece trocentos quilos depois de ser chamada de 'baleia' pelo ex-namorado, mas agora, após a perda de peso, ela manda beijinho no ombro pra ele.
Qual é mensagem aqui? Que ser gorda(o) é feio. E acima de tudo, que somos
escravos dos olhares alheios. Sim. Vivemos numa cultura que regula nossos
corpos, dizendo que isso é bonito, isso é feio. Fazendo com que milhares de
pessoas vivam infelizes consigo mesmo.
Só o infeliz consome. E é preciso
consumir o tempo todo!
Então, é preciso alimentar essa infelicidade nas
pessoas. A padronização corporal é vivenciada de maneira cruel. Faça um teste.
Ligue a televisão. Vá ao cinema. Olhe as revistas na banca. Todas essas mídias
vendem um tipo físico absolutamente irreal e que não condiz com a maioria de
nossa população.
E, lógico, que tem uma ou outra gordinha ou gordinho. Mas
sempre fazendo graça. Nunca com uma história própria. Sempre renegado ao âmbito
do humor, do escárnio. Como se ser gordo fosse além de feio, engraçado.
Por
isso, foi tão importante um episódio da série Louie em que uma
personagem denunciava essas questões todas.
Note que os personagens gordos
raramente vivem histórias de amor na dramaturgia contemporânea, e quando isso é
mostrado é sempre na base da tiração de sarro, como naquele famigerado papel da
Fabiana Karla na infame novela "Amor à Vida". Esse é o tratamento.
Essa é a causa do desespero. Essa é a pauta.
Precisamos aceitar a diversidade.
Não só sexual. Mas, também, a diversidade dos corpos. É muito comum ver gays
fazendo piadinhas com pessoas gordas. Esse é o resultado de anos e anos de
opressão. É como escreveu o Paulo Freire: "Quando a educação não é libertadora,
o sonho do oprimido é ser o opressor."
Por isso, sempre quando uma pessoa vem com aquele papo pra cima de mim: nossa, você tem um rosto tão bonito, porque não emagrece? Tem os olhos tão lindos e blábláblá... Eu já respondo na lata: POR QUE MEU CORPO TE INCOMODA TANTO?
Sim, porque isso é um problema só seu, meu amor!
Mateus Barbassa é ator e diretor de Teatro.
Por isso, sempre quando uma pessoa vem com aquele papo pra cima de mim: nossa, você tem um rosto tão bonito, porque não emagrece? Tem os olhos tão lindos e blábláblá... Eu já respondo na lata: POR QUE MEU CORPO TE INCOMODA TANTO?
Sim, porque isso é um problema só seu, meu amor!
Mateus Barbassa é ator e diretor de Teatro.
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