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domingo, 8 de março de 2015

Dia da mulher. Dia de comemorar. Dia de lutar.

Hoje, dia 08 de Março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Mais do que uma data comemorativa, este dia representa a luta que as mulheres de todo o mundo travam dia-a-dia pela igualdade de direitos. Trata-se, portanto, de uma data com conotação notadamente política. E, sendo política, é um ato educativo falar sobre ela.

A situação da mulher no mundo, muito embora tenha melhorado no último século, ainda é extremamente precária e, em especial, em alguns países de tradições culturais machistas e arcaicas a situação é ainda pior. Em alguns países elas não têm o direito de estudar, de trabalhar, e tampouco de votar. Em alguns lugares, elas não podem inclusive mostrar suas próprias faces. Em outros, algumas mulheres são vendidas e/ou cedidas e obrigadas a se casar contra a vontade própria. E como propriedade do homem, no caso de adultério, em alguns países, é concedido o direito do homem de apedrejá-la e mata-la como uma forma de 'lavar a honra'.

Diante dessas situações tão trágicas, em alguns momentos, aqui no Brasil, até pode parecer que as mulheres já conseguiram alcançar a plena igualdade de direitos com os homens. Elas conseguiram o direito de ir e vir sem ter que se preocupar com o que vestir, elas se casam e se separam, elas cuidam de casa ou saem para trabalhar fora, elas tem o direito ao voto, aliás elas também tem a obrigatoriedade de votar, dos 18 aos 70 anos. Elas podem se eleger e, diga-se de passagem o país é governado por uma mulher. Mas não se engane pelas aparências, elas nos enganam.

Ainda hoje no país, muito embora a mulher tenha o pleno direito de ir e vir e de se vestir do jeito que lhe convém, algumas mulheres são criminalizadas pelo seu comportamento e/ou pela sua forma de vestir: o homem que ‘pega’ várias mulheres e garanhão, já a mulher que ‘pega’ vários homens é vadia; quando um homem coloca um short nenhuma mulher lhe assedia, mas quando uma mulher coloca uma roupa um pouco mais curta é ‘quase’ um convite ao assédio e algumas vezes é uma justificativa para um estupro.

Hoje em dia as mulheres tem o direito de se casar e se separar quando quiserem, de trabalhar fora ou em casa. Não exatamente. Alguns homens se vêm no direito de exigir que a mulher fique em casa, temos até casos de representantes do povo, os deputados, com a audácia de dizer que mulher deve ficar em casa que é o homem que deve trabalhar, às vezes justificando o fim da família ‘tradicional’ porque a mulher esta querendo sair de casa. Em outros casos, e são muitos casos, a situação é pior: milhares de mulheres são assassinadas no país por homens ressentidos e/ou abandonados.

As mulheres podem/devem votar e ser votadas e hoje o país é governado por uma mulher, mas mesmo assim as nossas casas legislativas tem uma cultura extremamente machista e patriarcal que as impossibilita de ter plenamente os mesmos direitos que os homens, naturalizando e exaltando a figura do homem macho e provedor - o machismo. 

Enfim, mulheres, o Brasil ainda está longe de ser um país democrático no exercício de direitos das mulheres e, portanto, além de comemorar, temos também hoje que lutar. Lutar pelas nossas mães, avós, irmãs, tias, primas e sobrinhas, etc. Estou nessa luta sempre aos seus lados.

Ailson Vasconcelos da Cunha, professor e doutorando. Lutando.

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