A vitória eleitoral de 2014 foi fruto de uma luta e muita unidade. Não foi uma vitória da militância petista. Foi uma vitória da militância nacionalista, da militância progressista e da grande movimentação popular em defesa não só de um projeto de país mas, principalmente, contra o retorno do entreguismo e do neoliberalismo elitista representado pelo PSDB.
A vitória de 2014 foi mais difícil do que as outras de 2002, 2006 e 2010 porque há um claro desgaste do PT e do governo diante de muita gente. A unidade em torno de Dilma se deu a partir de um discurso bem claro: queremos avançar, corrigir os rumos e evitar o retrocesso neoliberal. Esse esforço juntou 54 milhões de votos e derrotou a aliança mídia-tucanato.
A 4a derrota seguida acirrou os ânimos políticos. A aliança mídia-tucanato fez um esforço gigantesco para derrotar o petismo. Apostou fundo no sentimento de ódio que restou das manifestações de 2013, apostou fundo no quanto pior melhor na época da copa do mundo e apostou, sobremaneira, no discurso midiático-policialesco anti-corrupção nos vazamentos seletivos do caso Petrobrás.
Não deu certo.
Aí vem o governo eleito a partir de um discurso de aprofundamento do projeto social-nacionalista e comete o pior erro de todos. Dá ao inimigo enraivecido as armas para um contra-ataque.
Dilma subestimou a política. É certo que há a necessidade de um ajuste diante da política fiscal de proteção do emprego tomada nos últimos 3 anos. Mas fazer isso de supetão, com a arrogância de seu Ministro da Fazenda falastrão e sem se comunicar com seus eleitores foi um desastre.
Ela conseguiu mobilizar a aliança mídia-tucanato, já potencializada pelos vazamentos seletivos da Lava-Jato, deu discurso para Aécio Neves e um banho de água fria em todos que lutaram mais de 3 meses em sua defesa e a elegeram.
A manifestação do dia 15 de março, cuja mestre de cerimônia foi a Globo e a eminência parda foi o PSDB, foi um ato construído pelos erros da Presidente.
Para piorar, o governo e o PT (que tem uma enorme dificuldade de se confessar em uma situação difícil) ainda compram com o PMDB uma briga que não poderiam ganhar.
Ninguém gosta do PMDB, pelo menos do PMDB fisiológico de Renan e Cunha, mas o PMDB foi parceiro do PT, tem o vice-Presidente e tem o direito de exigir a participação no poder. Tentar bater de frente com ele foi um erro imperdoável em um momento político delicado e está custando uma crise grave para Dilma.
O momento é de jogo defensivo, como já havia mencionado no artigo Dilma, acerte a cozinha e siga em frente! O Congresso Nacional eleito é de cunho conservador e o "evangelismo" de business cresceu politicamente. Toda a pauta progressista proposta nos últimos anos tem sofrido um refluxo.
Só se pode reverter uma situação analisando com honestidade e clareza os erros cometidos e a realidade factual.
A saída para a crise requer jogo político e capacidade de remontar as estruturas e alianças. E isso serve para o governo e para o movimento social.
Ricardo Jimenez
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