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terça-feira, 27 de maio de 2025

Tu assinas a morte da Terra

 

Ilustração a partir do poema

(contra o PL da Devastação)

Tu assinas sem mãos de barro
sem cheiro de folha, sem raiz
e assassinas como dedos de metal
misógino
escondido atrás do mesa

e não vês montanha.
e não ouves os povos das águas
o grito dos galhos-pessoas partidos
Teu pedido de licença
abre caminho ao fogo
e tua autorização
incinera
desaparece o horizonte.


Teu papel
faca em lâmina,
mata e antecipa o corte
a morte

carimbas a sentença
de quem não pode falar
 
Insistes
fingindo não ver
fingindo não ouvir,
fingindo não existir
 
e sabes que as raízes arrancadas
não cravarão teu nome
e, por isso,
cada pássaro sem ninho
ignoras em teus livros que matam
 
mas também sabes
que deitas o chão em sangue
e lama,
e seca,
e fome,
e desespero.
 
Tu vendes o que não te pertence.
Tu negocias o que não tem preço.
Tu decretas a morte da terra
e achas que ela não te vê

mas os povos
das águas
dos campos
das florestas te vêem
e te (a)guardam
 
mais cedo ou mais tarde
sofrerás

tocaia

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