Hoje, 27/06/15, estivemos pela manhã na esplanada do Teatro Pedro II junto com a moçada do grupo Sarau Preto na 1a manifestação contra a redução da maioridade penal no Brasil feita na cidade.
O grupo Sarau Preto é um bom exemplo de como se enfrentar com arte e cultura a problemática da juventude nas periferias das cidades brasileiras. Promovem um debate profícuo com rimas e música direto do centro cultural do Quintino II em Ribeirão Preto.
Como todos sabem, vivemos os últimos preparativos para os jogos olímpicos e o que isso tem a ver com a questão da maioridade penal?
Bom, o Brasil é sede olímpica desde outubro de 2009! De lá pra cá o que foi feito em termos esportivos nas periferias e nas milhares de escolas espalhadas pelo Brasil?
Vamos sediar uma olimpíada no mesmo momento em que decidimos colocar a nossa juventude atrás das grades?
O UNICEF estima em 1% os crimes graves cometidos por menores no Brasil, mas a contrainformação divulgada a plenos pulmões pela mídia monopolizada transforma isso numa tragédia só contida com a lei de talião e "mais cadeia!", como diria um famoso apresentador de programa popularesco.
Juntam-se contra os 50 milhões de jovens entre 12 e 16 anos todos os políticos conservadores e seus apoiadores maravilhosos que vão de pastores caça-niqueis a apresentadores de televisão. Um bando de homens velhos, brancos e ricos contra milhões de jovens pobres e sem perspectiva.
Uma tragédia!
Nesses 8 anos de ciclo olímpico não fomos capazes de oferecer quadras esportivas, bolsas de estudo, bolas, jogos, lazer e cultura nas nossas periferias. Oferecemos mais do mesmo: bares, álcool e biqueiras.
E agora a solução mágica: presídios.
Sei que este é um debate desigual e que começou tarde. De repente fomos surpreendidos por um Congresso reformador do mal, ultraconservador e apoiado no que há de pior na sociedade: o dinheiro empresarial que compra consciências. Os mesmos que investem contra a juventude são os que investem contra o pré-sal, contra a Constituição, contra o Estado de Direito, contra os homossexuais, contra tudo o que consideramos avanço civilizacional.
Os jovens da periferia do Brasil vivem uma tragédia humanitária há décadas. O diálogo que conhecem é o barulho da bala. A tragédia tem cor e classe social. E agora tem a perspectiva da cadeia.
Os jovens da periferia do Brasil vivem uma tragédia humanitária há décadas. O diálogo que conhecem é o barulho da bala. A tragédia tem cor e classe social. E agora tem a perspectiva da cadeia.
A batalha não está perdida, pois ensinam os grandes mestres que não há batalha perdida quando a causa é justa.
No Estado de São Paulo nos últimos 25 anos foram construídos centenas de presídios e nenhuma universidade. Nós defendemos o contrário: menos presídios, mais escolas.
A juventude brasileira necessita ser enxergada, ouvida, protegida e estimulada. são 50 milhões de brasileiros cujos sonhos dependem de uma sociedade que saiba enxergar o valor de políticas públicas que incluam ao invés de excluir.
Ricardo Jimenez
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