Quanto tempo é necessário para se vencer um golpe?
Impossível responder a essa pergunta com precisão.
O golpe anterior ao de agora, o de 1964, começou como uma quartelada, apoiada no grande empresariado, contra o governo Trabalhista de Jango e suas reformas de base e a ameaça do retorno de Juscelino.
Por fim, o AI-5 e manobras eleitorais mantiveram uma ditadura por 21 anos.
O golpe atual não é uma quartelada, apesar de Temer namorar essa possibilidade. Mas é um golpe apoiado em fortes poderes nacionais e internacionais. Principalmente apoiado em uma mídia hegemônica, partidária e representante de interesses do capital rentista.
E é preciso salientar que os poderes que apoiam e armam o golpe aqui no Brasil fazem o mesmo em toda a América Latina, principalmente onde as forças de esquerda estabeleceram governos na última década.
E a disputa na sociedade, no meio do povo, ainda está turvada.
Um juiz de primeira instância está escorado por grandes poderes e consegue influenciar decisões da corte suprema.
Um juiz de primeira instância está escorado por grandes poderes e consegue influenciar decisões da corte suprema.
O canhão da mídia tem poder de influência e seu poder é tão grande que o golpe só não venceu totalmente porque nós temos Lula, a única força política capaz de enfrentar a mídia na comunicação com as massas.
Apesar do acúmulo de forças do movimento anti-golpista, que tem em Lula e no legado de Lula seu núcleo central, é o golpe que ainda está no comando e nós estamos na resistência.
Entender isso é fundamental para que a militância anti-golpista não fique ao sabor das emoções.
A manobra de Fachin para manter Lula preso é parte do contra-ataque do golpe, ferido na última semana.
E o golpe tem na manga o caso do sítio em Atibais, pelo qual Moro pretende condenar Lula mais uma vez, e a delação de Palocci, prontinha para ser lançada no canhão da mídia contra Lula.
Sem ter consciência do tamanho daquilo que enfrentamos, nós ficamos à mercê dos movimentos do adversário.
Nossa guerra se dá em dois campos de batalha: contra a lava jato, que quer exterminar Lula, o PT e a democracia, e contra o desgoverno Temer/PSDB e o centrão fisiológico, que quer destruir o Estado de Bem-Estar Social escrito na Constituição e o projeto nacional.
E nós temos do nosso lado Lula (e o legado), o PT, movimentos sociais, centrais sindicais e um conjunto progressista ainda heterogêneo e desagregado espalhado em outros partidos, entre os artistas e intelectuais.
Essa força de resistência tenta se fortalecer junto à população brasileira e junto à opinião pública internacional.
Com eleições livres e com Lula candidato, a resistência não tem como ser derrotada nas urnas, mas o golpe tem nas mãos o poder de interferir nas eleições.
O cenário da resistência é, por hora, uma corrida de longa distância.
Ricardo Jimenez
Um comentário:
Muito bom! Podemos perder tudo, menos a paciência e a esperança. Que vivamos pra ver o Brasil voltar a ser uma democracia!
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