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sábado, 8 de maio de 2021

Vereador França (PSB/SP) afirma que Transporte Coletivo não pode ser gerenciado pelas empresas de ônibus da forma como está


Vereador França questionou a prioridade do governo Nogueira (PSDB/SP) no que se refere ao transporte coletivo em Ribeirão Preto.

“É isso que a gente está colocando: Quem realmente manda, quem realmente está com a caneta de prefeito na mão: São as empresas de ônibus na cidade, é o Nogueira que foi eleito na cidade com mais de 60% dos votos? Então a gente faz essa pergunta e queremos resposta”.

Em entrevista ao programa “Análise da Semana” do Blog O Calçadão, desta sexta-feira (07), Luis Antônio França (PSB/SP) vereador de Ribeirão Preto,fez duras críticas ao Prefeito da cidade Duarte Nogueira (PSDB/SP) após este ter vetado mais um projeto ligado ao transporte coletivo na cidade aprovado na Câmara Municipal. “Eu fiz uma pergunta, terça-feira, na Câmara: Será que a caneta de prefeito está nas mãos dos empresários de transporte coletivo de Ribeirão? É o que dá a entender”, questionou.

“Eu fiz esta pergunta e, tenho certeza, nós não vamos ter a resposta. Mas, na prática, já temos a resposta.”

Para França, muito mais do que palavras, as ações do governo Nogueira, por si só respondem qual é a prioridade do prefeito quando a balança precisa pender para um lado entre a relação empresas de ônibus x população de Ribeirão Preto.

“O que acontece na cidade, a realidade que está a cidade, hoje, já nos dá uma resposta. Tudo o que foi apresentado em benefício dessa dezena de milhares de pessoas que usam o transporte coletivo na cidade foi vetado. Ele passa na Câmara, mas chega no prefeito ele veta.

E lembrou que, pelo contrário, não só não passou os projetos aprovados pela Câmara em benefício da população como, também, tentou passar projetos em benefício das empresas de ônibus.

"A única coisa que aconteceu, ano passado, foi o inverso: tentar, de lá pra cá, dar dinheiro para as empresas e aí nós derrubamos, não aceitamos. Ano passado teve duas tentativas neste sentido mas o contrário nunca aconteceu, da gente apresentar projetos em benefício da população e o projeto que a gente apresentou agora é coisa simples."

O vereador lembrou que a OMSA orienta desde o início da pandemia, desde que foi detectado o vírus o uso do álcool em gel em todos os lugares, a máscara e o distanciamento.

“O distanciamento, até comentei na terça-feira, na minha fala na Câmara, não daria nem para entrar no mérito da discussão naquele momento, de tantas vezes que a gente já bateu nisso, projeto de vereadores, a própria população exigindo isso. Está uma loucura na cidade e a gente sabe que (o transporte coletivo) é o setor que mais tem aglomeração na cidade. Fechar os olhos para isso é impossível. Os projetos saem da Câmara, chegam no Palácio Rio Branco e ele é vetado. Este é o último, o mais recente. Tem um outro, que parece que ele já vetou, que é do Lincoln (Fernandes), que também fala da questão do distanciamento. É isso que a gente está colocando: Quem realmente manda, quem realmente está com a caneta de prefeito na mão: São as empresas de ônibus na cidade, é o Nogueira que foi eleito na cidade com mais de 60% dos votos? Então a gente faz essa pergunta e queremos resposta.”

e chama a sociedade civil para o debate sobre o transporte coletivo na cidade:

“É impossível o prefeito continuar na situação que está. Eu acho que a cidade precisa mobilizar. Morte todo dia [...] devido à situação que está a cidade. Não tem nada que possa amenizar, estancar esta situação que está na cidade. Este projeto era nesse sentido. Discutir a questão do álcool em gel, colocar o mínimo, um recipiente de álcool em gel dentro do ônibus.”

Durante o programa, Luis Antônio França desconstruiu o discurso empresarial de que os ônibus não precisariam de álcool gel pois seriam higienizados todos os dias antes de irem para as ruas. Para o vereador psbista, só esta ação é insuficiente para impedir a propagação do vírus dentro dos carros.

“As empresas alegam que as frotas já são higienizadas todo dia pela manhã na empresa. Isso não dá resultado para o coronavírus. Por exemplo: Eu sou motorista de ônibus. Eu, sem saber que estou com o vírus, vou para o trabalho. Chego lá, pego o ônibus que já está limpo, higienizado, eu já estou contaminando o próprio ônibus. Ao encontrar as pessoas que vou pegar nos pontos de ônibus, certamente vou contaminar elas. E se entrarem mais pessoas contaminadas, né? Então, o álcool em gel é justamente para isso.”

França também explicou para a população a importância do projeto.

Eu quero encerrar essa fala dizendo o seguinte: tem algumas pessoas, inclusive na rede social, que colocou que álcool em gel não era nada, que as pessoas já carregavam na bolsa. Lógico, eu mesmo, tem muita gente que faz isso, mas tem muita gente que não tem condição de fazer isso. Por exemplo, pessoas que vem de outra cidade. Ele não tem o álcool em gel. E se ele estiver contaminado ele pode contaminar quem está com o álcool em gel na bolsa. Você tendo um recipiente de álcool em gel dentro do ônibus você pode evitar isso.   

No final da entrevista, o vereador lembrou que o transporte coletivo é o mecanismo de funcionamento da cidade e que este não pode ser gerenciado por empresas de ônibus, deixando em aberto a discussão sobre a municipalização do transporte coletivo na cidade a partir de um amplo debate que envolve vereadores, entidades e população organizada.

“O transporte coletivo é a base de todo o processo da cidade. O mecanismo da cidade, o funcionamento da cidade passa pelo transporte coletivo. Ele não pode, simplesmente, ser gerenciado pelas empresas de ônibus como está. A sociedade precisa entender este processo e precisamos trabalhar essa realidade porque a complexidade de problemas do transporte coletivo vai além de um tubinho de álcool dentro do ônibus. Se nós, hoje, estamos com dificuldade para exigir que as empresas de ônibus coloquem um tubinho de álcool para proteger quem usa o transporte coletivo, imagina discutir outras complexidades que tem dentro do transporte coletivo da nossa cidade. Isso abre um caminho para que possamos estar discutindo isso. Eu acho que a sociedade civil organizada precisa discutir a municipalização do transporte e acho que precisamos cutucar quem mais é prejudicado por esse sistema todo. Quem usa o transporte coletivo? Passou da hora de ficarmos ouvindo: ‘Quem vai fazer isso para a gente?’ [...] Esse problema tem de ser resolvido por todos nós: vereadores, entidades e, principalmente, por quem usa o transporte. Eu vou propor, inclusive, para os usuários do transporte coletivo, incentivar a criação de uma associação de quem usa o transporte coletivo para que a gente possa fazer essa discussão. Quais são os reais problemas de quem usa o transporte coletivo todos os dias? Melhor para discutir isso é quem usa o transporte coletivo no dia a dia, quem pega o ônibus às 5:00 da manhã, às 8:00, às 6:00, de madrugada. Essas pessoas precisam vir para esse debate porque são elas que estão sofrendo. Se você fizer uma pesquisa, hoje, de cada 10, 9 não querem usar o transporte coletivo. Então, esse problema precisa ser discutido. E o principal é quem comanda a política da cidade em termos de transporte coletivo. Não sai do Palácio Rio Branco, não sai da Transerp, que deveria sair. É invertida a situação aí.

Quem acolheu o veto do prefeito? O que esta votação revela?

No último dia 04/05, após ter o seu projeto vetado pelo prefeito Duarte Nogueira, os mesmos vereadores que outrora o aprovaram votaram-no novamente, desta vez para acolher o veto ou derrubá-lo. Entretanto, com 14 votos a favor e, apenas 7 contrários, contraditoriamente, o veto de Duarte Nogueira foi acolhido pela Câmara dos Vereadores, tendo mantido a coerência, apenas, os vereadores e mandatos coletivos: Duda Hidalgo (PT), França (PSB), Coletivo Popular Judeti Zilli (PT), Lincoln Fernandes (PDT), Paulo Modas (PSD), Coletivo Ramon Todas as Vozes (PSOL) e Zerbinatto (PSB). Veja a votação abaixo:

De acordo com França, a votação revela um mecanismo de votação dos vereadores quando o projeto é popular. Aprova, sabendo que o prefeito irá vetar, e depois acolhem o veto.


De acordo com França, este mecanismo de votação. Aprovar determinado Projeto de Lei de interesse popular para depois acolher o veto do prefeito tem se tornado uma rotina na Câmara Municipal. 

"A cidade precisa entender isso. Nós temos a obrigação de denunciar isso para a população. O que acontece com os projetos populares? Se você analisar quantas pessoas andam de ônibus na cidade? São milhares de por dia e o vereador rejeitar um projeto desse, votar contra um projeto desse ele vai se expor a essa população, então ele vota favorável sabendo que o Palácio vai vetar. Chega lá, o prefeito veta, a Comissão de Justiça que tá ligado ao prefeito veta e volta para a Câmara. Aí, ele tem um argumento para mostrar para a população: 'Olha, o projeto é maravilhoso, muito bom o projeto, não deveria nem ter este projeto, acho que os tubinhos já deveriam estar nos ônibus mas ele é insconstitucional, não é a gente que tem de propor, é o Estado que tem de propor. Então, esta é a política que está na cidade. Da forma como aconteceu com este projeto, vem acontecendo com vários outros ou com a maioria dos projetos populares".

Veja o programa na íntegra no link abaixo:



ou clique neste link:

França: "Quem tem a caneta, o prefeito ou as empresas de ônibus?"




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