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| EUA mata pescadores sem provas |
No princípio, eram redes e esperança.
Homens do mar lançavam sua fé nas águas,
o sal queimava o rosto e purificava o pão.
O milagre não era o peixe
era o direito de viver do que o mar dava.
Por Filipe Augusto Peres
Recentemente li os artigos “Manifestos destino e destinos”, publicado no Jornal do Brasil no último dia 19, de Adhemar Bahadian, e “Pá de cal na Ucrânia e lança-chamas na América Latina”, de Marcelo Zero, na página do Brasil 247, publicado ontem, 20 de outubro. Ambos convergem sobre o ressurgimento do imperialismo norte-americano sob a forma do trumpismo. Ambos apontam que o lema “Make America Great Again” não representa apenas um slogan político interno, mas a atualização de uma ideologia expansionista e autoritária que, sob o pretexto da defesa da liberdade e da civilização ocidental, busca reafirmar a hegemonia dos Estados Unidos sobre o mundo e, em particular, sobre a América Latina.
Desde sua reforma no início dos anos 1990, o espaço atrai uma clientela da zona sul, aquela região que, a partir da década de 1980, se transformou na "Meca" dos condomínios "fechados". E enquanto isso, o povo, que passa diariamente pelo centro e pela Esplanada, continua a ser um mero espectador ausente do Pedro II.
O que se vê é uma relação entre o ribeirão-pretano e o Teatro que certamente se assemelha a um amor não correspondido: uma admiração à distância que só aumenta à medida que a desigualdade social e a concentração de riqueza se agravam.
Infelizmente, o "povo" sempre parece ter sido um convidado indesejado no cenário cultural de Ribeirão Preto, com algumas raras exceções que fazem nosso coração pulsar.
O Theatro e a cidade estão imersos em uma aura que evoca o passado dos barões do café, contrastando com o presente de uma classe média que se autodenomina "cult", presente até mesmo na administração do que hoje chamamos de Fundação Pedro II.
Mas, afinal, qual é a verdadeira história do Theatro Pedro II? Ele sempre foi assim?
Se não sou um sábio ancião que presenciou todo esse enredo, pelo menos posso garantir que as coisas nem sempre foram como são hoje.
Concebido em 1928 e inaugurado em 1930, o Theatro Pedro II representava a Ribeirão Preto da era da "belle époque" cafeeira, quando a cidade era conhecida como "cidade do entretenimento". Era uma época em que os cassinos e a vida noturna, sob a batuta do francês Francisco Cassoulet e suas convidadas (o "moulin rouge" do sertão), faziam as noites de Ribeirão brilharem.
Dizem que os barões do café acendiam seus cigarros com notas de "mil réis" e que a Cervejaria Paulista, sob a liderança de Meira Júnior, sonhava em construir um monumento que completaria o arco cultural ao redor da Praça XV, onde do outro lado se erguia o deslumbrante, mas já demolido e saudoso, Teatro Carlos Gomes.
Contudo, a história nos lembra que 1930 marcou o início da queda dos cafeicultores, e o suntuoso Pedro II serviu por apenas um breve período a uma elite em decadência, mais preocupada em aparecer do que realmente existir.
O entorno da Praça XV rapidamente se popularizou, transformando o que antes eram opulentos casarões do café em um comércio vibrante.
Como nos ensina o magnífico Rubem Cione, renomado historiador da cidade, a memória dos tempos dos coronéis já não interessava mais nos anos 1940, e a Prefeitura não estava disposta a investir em sua manutenção.
As décadas da "modernidade" - quando a cidade, perdendo relevância em âmbito nacional, começou a se redescobrir - reservavam outro destino ao Pedro II. Por ironia, um destino melhor do que o do mais antigo Teatro Carlos Gomes, que foi demolido em 1946.
Mas vamos deixar as mágoas de lado por um instante e prosseguir.
O que importa aqui é que a estrutura do Pedro II sobreviveu à sanha demolidora que assolou Ribeirão nas décadas de 40, 50 e 60, mas o "glamour" do café já se dissipara.
A partir dos anos 50, Ribeirão Preto começou a reestruturar-se sob a pressão da indústria automobilística, que, juntamente com o sistema ferroviário (que terá seu momento em outra oportunidade), decidiu enterrar um passado que considerava superado em nome da "modernidade". Isso, caro leitor, eu sou testemunha ocular.
Curiosamente, os anos 50, 60 e 70 foram os únicos períodos em que o povo realmente ocupou o Theatro (e, lembre-se, não era exatamente para ver peças teatrais). O Pedro II se transformou em um espaço frequentado pela comunidade, servindo como salão de jogos e palco dos famosos bailes de carnaval no subsolo - um local carinhosamente conhecido como a "caverna do diabo" ou a "panela de pressão" - além do cinema que ali funcionou.
Agora, não me entendam mal: essa não foi uma época de efervescência cultural na cidade, pois não houve. Mas aqueles foram anos de uma juventude em ebulição no mundo, e a vida social da cidade pulsava no centro, abrangendo os bairros próximos. Todo mundo vivia a cena urbana.
Eu mesmo vivi essas experiências, namorando, noivando e casando no coração da cidade.
Políticos, artistas, estudantes... Todos compartilhavam as esquinas da Única, a Sociedade Dante Alighieri, a Casa de Portugal (na praça Tiradentes, hoje estacionamento e lar do magnífico Bar do Márcio, famoso pela sua tilápia), o Mercadão, as ruas José Bonifácio, Saldanha Marinho e São Sebastião, o Cine Centenário, a Praça XV, o Pinguim (na sua antiga sede) e, claro, o Teatro Pedro II.
Com o tempo, a vida social do centro foi se esvaindo, restando apenas a atividade comercial. O centro transformou-se em um simples local de passagem e compra, enquanto o Pedro II lamentavelmente foi esquecido. E não podemos esquecer da "Baixada", que merece um texto só para ela.
Essa época revelou a faceta excludente de um presente que alguns talentosos jovens analistas denominam de neoliberal. O convívio em praça pública, o uso comum dos espaços, foi trocado por shoppings centers e condomínios "fechados", enquanto as conversas em rodas cedem lugar às interações digitais.
Toda essa popularidade que caracterizou o teatro era uma tentativa do povo de fazê-lo seu, enquanto foi possível, até que um incêndio em 1980 quase o destruiu.
Aqui, permitam-me abrir um parêntese.
Ribeirão possui três teatros de renome: o Pedro II (no centro) e outros dois no Morro de São Bento (o Arena e o Municipal), todos inaugurados em 1969, em um período que muitos chamam de "modernização" da cidade. Estes teatros receberam os mais importantes artistas e são verdadeiros patrimônios históricos e culturais, além de belíssimos.
Mas a questão que fica para o leitor mais perspicaz é: quando Ribeirão Preto teve uma política cultural verdadeiramente popular que contemplasse a utilização desses três espaços municipais? Quando o teatro, enquanto arte, se tornou parte de um projeto abrangente de cultura popular?
Aqueles que trabalham com teatro são verdadeiros heróis, diariamente lutando quase sozinhos por apoio. E o povo, em sua maioria, não tem acesso às produções teatrais e culturais.
Para agravar a situação, soube que ronda sobre a cidade a ameaça de terceirização dos teatros Municipal e de Arena. Uma verdadeira tragédia!
Fechando o parêntese.
O Pedro II, tombado em 1982, só conseguiu se reerguer entre 1991 e 1996, ganhando uma nova cúpula, uma sala dos espelhos e tudo o mais.
Esperava-se que não apenas o Pedro II, mas todo o ambiente cultural da cidade pudesse respirar novos ares. A construção de um calçadão poderia ter sido o início de uma nova fase de revitalização da vida social do centro.
Mas, lamentavelmente, isso não aconteceu.
O centro não foi recuperado, e o funcionamento do Pedro II nunca se alinhou a um projeto de revitalização da região.
Por isso, durante as noites de espetáculo, o Pedro II é frequentado por pessoas que raramente visitam o centro. Os luxuosos carrões ficam em estacionamentos particulares, e ao final da apresentação, vão, na melhor das hipóteses, ao Pinguim (outros, como eu, escolhem o "Dr. Linguiça" para um lanche “gourmet”).
Tristemente, com peças teatrais e espetáculos como óperas e concertos, o verdadeiro povo fica de fora, e o Pedro II se torna uma bolha elitista imersa em um centro popular e decadente.
Eu sou um velho ranzinza, confesso. Não consigo aceitar que o espaço cultural de uma cidade seja moldado de forma restrita, alienando as expressões populares. A arquitetura do Pedro II e do "quarteirão paulista" deveria, ao contrário, se harmonizar com o povo. Antes um espaço pertencente à Cervejaria Paulista, hoje o teatro é um patrimônio público, e deve, como tal, ser inclusivo. Mais que isso, deve se integrar a um amplo projeto de revitalização do centro, onde não apenas economistas e poderosos lobistas da construção civil tenham voz, mas o povo também deve participar e ser ouvido.
O Teatro Pedro II, assim como o povo de Ribeirão Preto, permanece isolado da cidade a qual pertence.
De onde virá essa nova energia política? Ribeirão Preto precisa discutir-se, enxergar-se, para que, quem sabe, no centenário do Pedro II, todos possam participar ativamente de um ambiente cultural verdadeiramente democrático, seja na Esplanada, dentro do teatro ou em qualquer lugar.
Essas reflexões me acompanharam enquanto subia a rua Álvares Cabral, parando para tomar um café na Única e comprar uma garapa na tradição do velho João, o Garapeiro.
Voltarei em breve. Prometo.
Saudações,
Gusmão de Almeida
Mobilização foi puxada pelo Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina e reuniu PSOL, PT, MST, UP, PCB, PCBR, MES, DM-PT Ribeirão Preto, Movimento Ecosocialista Florestinha Urbana, Memorial de Resistência Madre Maurina Borges, APEOESP, Associação Amigos do Memorial da Classe Operária-UGT e Resistência Caipira Antifascista
Como já mencionei em minhas primeiras divagações por estas páginas, a alma deste velho se alegra ao andar, ao contemplar e ao descobrir as novidades que a vida apresenta, sempre em diálogo com o passado, esse exercício sutil e profundo que nos permite compreender o presente e sonhar um futuro mais luminoso.
Recordo-me de meu último texto, onde falava da praça Carlos Gomes, no coração da cidade, que, após um período vestindo a armadura de um terminal de ônibus, ficou despojada de suas tradições e do querido Teatro Carlos Gomes.
Com isso, resolvi retomar a linha dos meus escritos, trazendo à tona a questão das praças, que sempre pulsaram como o coração de uma comunidade.
Qual é, afinal, a verdadeira função de uma praça? Espaço de lazer, de contemplação, de cultura e beleza paisagística?
Sim, tudo isso e muito mais. Contudo, para que uma praça cumpra seu papel, é essencial que esteja entrelaçada na trama da cidade, integrada à vida do seu povo, à efervescência da urbe.
Durante meu período de ausência, aproveitei para levar este corpo cansado a um passeio, em busca dos ares revigorantes da nossa América do Sul, onde respirei os sonhos dos libertadores.
Em Santiago, Lima, Quito e Bogotá, encontrei praças vibrantes, tanto no centro histórico quanto nos parques e espaços públicos, que acolhem a vida que pulsa nos largos e nas vielas.
Lá, o povo se faz presente — turistas e locais, artistas, comerciantes, namorados, contempladores e leitores — todos se entrelaçando, convivendo sob a sombra das árvores, nas praças que, por sua vez, se inserem e refletem a essência da vida urbana.
Lima, por exemplo, viveu um admirável renascimento de seus espaços públicos. O circuito mágico das águas, com sua beleza deslumbrante, me fez pensar: por que não em Ribeirão Preto? Temos água, calor e, acima de tudo, um povo vibrante. Por que não?
Hoje percebo que o conceito de praças—como simples quadrados mirados a partir de um bairro ou de uma área central—já não se sustenta mais. Há um moço, aliás, que já compartilhou suas ideias aqui, que está investindo em projetos de parques lineares.
É verdade. No entanto, minha cidade abriga um emaranhado de praças e espaços públicos que jazem esquecidos, sem conexão com o contexto e as necessidades atuais.
As praças estão em estado lastimável e, como eu, quem delas ainda se aproxima é visto com olhos críticos, ou pior, como um louco sonhador.
Mas deixemos de lado a tragédia das praças periféricas e voltemos o olhar para o centro da cidade.
Na praça XV, por exemplo, observa-se mais gente em seus arredores do que em seu íntimo!
E as demais? Vamos pensar na praça Camões, na praça das Bandeiras, na praça 7 de Setembro.
Concentro-me com carinho na praça 7 de Setembro, um espaço que frequento e que sempre me faz recordar que ali se desenrolaram alguns dos primeiros jogos de futebol da cidade, onde meninos sonhadores tentaram deixar sua marca, mas que, temo, se foram, talvez convidados a partir.
É um mal de velho, talvez, um saudosismo cheio de esperanças, mas onde estão os pipoqueiros e os vendedores de balões?
Ah, já sei. Eles habitam apenas os lugares onde há vida.
A praça XV, no meu tempo de juventude, foi o epicentro da efervescência ribeirão-pretana, o local da mocidade vibrante.
Mesmo nos anos 90, tempos complicados para a cidade, havia uma ocupação do espaço público que se estendia pelas avenidas 9 de Julho, Portugal e Vargas.
Quem se lembra? Eu, já cansado e morador dos arredores, cansei de percorrer aquelas ruas aos sábados à noite, sentindo o vai e vem das pessoas, conversando nas calçadas e ouvindo a música que emanava do Bar Mania.
Sim, o burburinho nas calçadas!
Às vezes, ao caminhar por aí, refleti como Ribeirão Preto anseia por vida, por pessoas que apreciem a companhia umas das outras.
Voltarei a abordar este tema...
Por ora, vou em busca de um colete novo, para aquecer-me com elegância, na minha loja predileta, situada na bela e histórica rua Amador Bueno.
Cordialmente,
Gusmão de Almeida
Durante a pandemia do Covid-19, esse conjunto de mulheres e homens comprometidos com a saúde e com capacitação técnica foi a principal força social viva que desempenhou um papel de proteger e salvar vidas, colocando a própria integridade em risco, fator esse que foi fundamental para vencer a crise viral provocada pelo Corona!
Pensávamos nós que todo esse serviço prestado a sociedade seria suficiente para convencer o governador e seus auxiliares da necessidade de revalorizar esses trabalhadores. Mas, nos enganamos, Tarcísio prometeu a plenos pulmões que pagaria um adicional anual, levando-se em conta o desempenho das unidades de saúde, juntamente com a valorização do nosso minguado vale alimentação.
Diante disso, paramos uma greve por respeito ao acordo e aguardamos o desfecho do governo Tarcísio. No entanto, ficamos sabendo agora que não vai restar “nem mel, nem cabaça”!
Tarcísio descumpre o que foi acertado em mesa de negociação com o Sindsaúde-SP e se desqualifica em suas palavras. Tarcísio mente e mente descaradamente. Não para mim ou para os trabalhadores, mas para a sociedade paulista que talvez ele desconheça devido ao seu tão pouco tempo em terras caipiras.
Diante desse gesto desleal, iremos realizar uma grande paralisação nos dias 01 e 02 de outubro para velar aquele, cujas palavras, vale pouco e cujo amor maior está em “vender a preço de banana” terras públicas e isentar de impostos empresas multibilionárias.
Ricardo de Oliveira
Trabalhador do Hospital das Clinicas – Ribeirão Preto-SP, onde foi do Conselho Deliberativo.
Atualmente é da executiva do Sindsaúde-SP, do Conselho Estadual de Saúde e mestrando em educação profissional pelo IFSP.
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O relatório reforça que os atos foram parte de uma política direcionada a “destruir, no todo ou em parte, o povo palestino em Gaza enquanto grupo nacional” |
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| Parte da capa do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento |
A partir do livro, Holocausto Paulista, de Leonardo Sacramento
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no período de invasão,
de colonização,
o povoamento sempre vem a cabo
o aldeamento
o cerco-confinamento
como enxame de gafanhotos
os
generais brindam com champanhe nuclear,
enquanto a Palestina conta cadáveres
como quem conta estrelas numa noite sem céu
chamam de
paz
o que fede a pólvora,
o que veste uniforme made in USA,
o que pousa em Caracas com passaporte diplomático
e no bolso uma ordem de captura
que explode pescadores em mar aberto
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| Militantes marcham pela Palestina Fotos: @filipeaugustoperes |
Neste sábado, (13), diversas capitais e cidades brasileiras foram palco da Marcha Global por Gaza: Navegando com a Global Sumud Flotilla, uma mobilização internacional em defesa do povo palestino e contra o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Na cidade de Ribeirão Preto, o ato foi chamado pelo Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina e aconteceu às 9:00 na Esquina Democrática, espaço tradicional de manifestações populares no centro. O evento teve o apoio de diversas entidades, coletivos, movimentos sociais.
Puxado pelo Comitê Permanente da Causa Humanitária Palestina, em Ribeirão Preto o ato está marcado para as 9h na Esquina Democrática
| Flotilha Global Sumud, rumo a Gaza, parte de Barcelona, na Espanha, em 31 de agosto de 2025 [Esra Hacioglu/Agência Anadolu] |
Por Filipe Augusto Peres
Israel mantém embargo quase absoluto à assistência humanitária a Gaza, ao assumir o controle da distribuição mediante a chamada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, em inglês), mecanismo militarizado responsável por mais de mil mortes.
A partir da matéria de Giselle Soares e Ricardo Zorzetto (Revista Pesquisa FAPESP, edição 355)
Uma pesquisa publicada em maio na revista The Lancet Public Health revelou que o Bolsa Família, criado em 2003, teve impacto decisivo na saúde da população brasileira. Entre 2004 e 2019, o programa de transferência de renda evitou 8,2 milhões de internações hospitalares e 713 mil mortes em 3.671 municípios do país.
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| Arcebispo Dom Moacir Silva celebra missa no Lar Santana Fotos: @filipeaugustoperes |
Neste domingo (7), centenas de pessoas estiveram participaram do Grito dos Excluídos, em Ribeirão Preto. Com o lema nacional “Vida em primeiro lugar! Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia”, a celebração reuniu fé, memória popular e compromisso social.
Da página do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) determinou, hoje (3/9), durante sessão plenária, a suspensão imediata dos processos seletivos abertos pela Secretaria de Estado da Educação para contratação de monitores do Programa Escola Cívico-Militar. A decisão, relatada pelo Conselheiro Renato Martins Costa, foi aprovada pela unanimidade do Colegiado.
Mais uma vez, permito-me lançar minha pena neste espaço que é tão caro ao meu coração. Inicio meu relato pedindo desculpas pela forma antiquada de minha escrita; é o único estilo que aprendi e, não obstante minha luta em me adaptar a este mundo repleto de frases efêmeras e textos breves, sinto que minha caneta eterniza o que é, muitas vezes, uma nostalgia de um escritor ancião. Porém, o faço com a mais honesta das intenções, desejando tocar os corações de quem se dispuser a ler.
Vamos, juntos, mergulhar nas memórias do passado…
Há alguns anos, estive presente no estádio do Comercial F.C., ali, naquela Joia de concreto armado. Era a comemoração de mais um aniversário de fundação do time. Meu ingresso no local foi discreto; tomei assento em uma das muitas mesas dispostas pelo ambiente e absorvi os movimentos à minha volta. A presença vibrante dos jovens da torcida ressoava por todo o recinto, enquanto a bandinha do Marista entoava melodias que faziam o coração pulsar. Fiquei ali um bom tempo, a olhar o passado. Antes de me retirar, fiz uma reverência frente à imponente imagem do Piter, uma homenagem à história que abraça este clube.
Já havia se passado décadas desde minha última visita ao Palma Travassos.
Retornei pelos caminhos que um dia, em minha juventude, moldaram minha caminhada: da minha casa na rua Casimiro de Abreu atravessando a Henrique Dumont até a Joia, onde assista a diversas partidas que se tornaram inesquecíveis em minha memória. Lembro-me das paradas na ponte do Retiro Saudoso, onde cumprimentava amigos pescadores ou saciava minha sede na mina que ali brotava.
A trajetória que compartilho sempre teve laços indissolúveis com o Comercial.
Embora, por ironia do destino, eu não tenha tido a oportunidade de ver os jogos no antigo estádio da Rua Tibiriçá, ou mesmo de ter conhecido a célebre sede de fundação na rua General Osório em 1911, vivi, aliás, muitos momentos marcantes e reencontros em época de clássicos emocionantes entre Comercial e Atlético Gymnasial nos antigos campinhos que hoje são praças. Um período em que Ribeirão Preto respirava o italiano, como gosto de ressaltar.
Se bem que minhas memórias não alcançam a famosa excursão ao Recife em 1920, quando o Comercial saiu invicto, conheci a ousadia e o espírito de luta que caracterizavam o Bafo, mesmo que em meio a lendas e relatos alheios.
Contudo, fui testemunha de várias vitórias, entre elas, a do querido Bafo contra a elite da capital, em memoráveis partidas no Campo da Mogiana. Lembro-me de um magno confronto contra o Santos de Pelé, onde vi meu clube lutar bravamente. Ali, naquele campo construído por Oscar de Moura Lacerda, renasceu a história do Bafo, que havia padecido em sua essência após a fusão com a Recreativa na crise de 1929. Recordo, também, com um orgulho humilde, meu breve tempo como parte da equipe amadora dos Ferroviários, onde, por algumas raras vezes, tive a honra de completar o time do Comercial nos treinos.
Ah, quanta história se entrelaça…
O que posso dizer do ano de 1958, quando conquistamos o título da segunda divisão, o que plantou a semente corajosa da construção de um novo estádio? O sonho tornou-se realidade com a doação do terreno por Francisco de Palma Travassos em 1961. E que emoções nos trouxeram os feitos de 1966, quando o time alcançou o quarto lugar no paulista e humilhou o Palmeiras num estonteante 3 a 0 na estreia dos refletores.
Eu estava lá!!
Recordo com saudade do épico 5 a 4 contra o São Paulo em 1986 no Morumbi; os “menudos” do Cilinho deslizaram pelo campo com charme. Eu, já em idade avançada, escutava a partida pelo rádio e não consegui conter as lágrimas. O único time a cravar cinco gols no Tricolor dentro de sua casa!
Relembrando aqueles dias em que, nós, residentes da Vila Virgínia e da Vila Seixas, nos referíamos aos da Vila Tibério como “eles”. Minha mãe, que sempre viveu na Vila Virgínia, também se referia aos botafoguenses da Vila Tibério dessa maneira!
Quanta história repousa nas lembranças…
Enquanto permaneci ali na Joia a observar o movimento, recordei-me com especial ternura uma das noites mais memoráveis de minha vida no estádio. O destino me levou a um 23 de março de 1972, onde, sob o brilho da lua, um amistoso entre Comercial e Olaria proporcionou um espetáculo singular.
E por que, você se pergunta, dar atenção a um amistoso? Pois naquele dia, em campo, estava aquele que se tornaria conhecido como a Alegria do Povo: o bicampeão mundial Mané Garrincha, um ícone do futebol, eclipsando até mesmo Pelé em carisma.
Mané, com seu jeito simples de ser, seu dom sublime de jogar, era um verdadeiro representante da alma do povo brasileiro, o Anjo de pernas tortas.
Eu, ansioso, dirigia-me à Joia naquela noite mágica, para reverenciar essa lenda. Ele entrou em campo com a camisa listrada azul e branca do Olaria, e imediatamente as cerca de dez mil almas presentes o laurearam com aplausos. Eu estava na arquibancada, na área que costumava acolher os torcedores adversários.
Já em seus 38 anos, Mané exibia um físico distante daquele que havia encantado o mundo, mas sua presença ainda emanava a magia que o tornava único. O Olaria trouxera Garrincha de volta ao futebol, após sua despedida marcada em 1970; e com sua volta ao gramado, alçaram uma excursão pelo Brasil, um dos destinos: nossa amada Ribeirão Preto. E como rival, o Comercial.
Nada estava “combinado com os russos”, como certa vez o próprio Mané perguntara a Vicente Feola. O jogo era a sério, e a partida começou com o Comercial na liderança, até que, num belo ataque, a redonda foi recebida pelo gênio após um rebote de nosso goleiro Paschoalin: gol!
Não tenho ideia de como Paschoalin se sente sobre esse gol, mas o que me recordo é que lágrimas escorriam em meu rosto naquele instante.
Foi o último gol da carreira de Garrincha, marcado contra o Comercial, no Estádio Palma Travassos, em 23 de março de 1972. De certo modo, essa foi a derradeira vez que pisei naquele sagrado campo, mas deixei suas dependências com a alma em festa, pois meu querido time estava eternamente ligado ao maior de todos, à Alegria do Povo, ao imortal Mané Garrincha.
Um gol sofrido, mas que podemos considerar um carinho que um verdadeiro gênio imprimiu nas redes da Joia, eternizando sua história no Comercial.
Agradeço ao Comercial por ser comercialino e ao Mané, por nos legar sua imortalidade.
Esse fato histórico permanece a aguardar uma placa, consolidando para sempre que foi em Ribeirão, na Joia, contra o grande Comercial, que Garrincha teve seu derradeiro adeus.
Minhas considerações, e até breve.
Gusmão de Almeida.
| Ato Resistência Palestina encheu a UGT Fotos: @filipeaugustoperes |
Neste domingo (31), organizado pelo Comitê Permanente pela Causa Humanitária Palestina e o PCBR, o Memorial da Classe Operária, (UGT), em Ribeirão Preto, recebeu o ato “Resistência Palestina”, atividade que busca fortalecer a solidariedade internacional e dar visibilidade às vozes engajadas na defesa do povo palestino contra o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. O encontro teve a presença de lideranças políticas, jurídicas e sociais as quais denunciaram a invasão israelense e afirmaram o apoio à luta pela libertação da Palestina. O ato foi mediado pela presidenta do Comitê Permanente Humanitário pela Causa Palestina, Fátima Suleiman.
Mas tem mais. Anota aí: 69 ônibus elétricos com ar condicionado, um campus do Instituto Federal, Mais Médicos, 2 UBSs, regularizaçãi fundiária urbana, duplicação da avenida Rio Pardo, Minha Casa Minha Vida, leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc, investimento no abastecimento de água. Tudo através do PAC.
O governo Lula tem feito a diferença nos municípios, sem olhar a coloração partidária, como sempre diz o Presidente Lula. E tem investido nos estados também, como no estado de São Paulo, onde o governador esconde a ajuda federal. Em Ribeirão ocorre o mesmo. Enquanto Lula manda investimentos, o Prefeito se mantém discreto, temendo desagradar o que acha ser o voto "conservador" e prefere elogiar Tarcísio, que não faz 10% do que Lula faz por Ribeirão.
Os deputados locais também preferem surfar na onda dos investimentos sem elogiar claramente o autor dos investimentos. Em várias cidades da região, a população fica sem saber que os investimentos em moradia, saúde e obras são do governo Lula.
Na Câmara de Ribeirão, com as honrosas exceções das vereadoras petistas Duda, Judeti e Perla, a vergonha ainda é maior. Um conjunto de vereadores incapazes de debater com seriedade a pauta política busca fazer das fake news ou das distorções fajutas o lema de suas falas, girando feitos baratas tontas na agenda do ódio bolsonarista. Julgam que o eleitorado de Ribeirão não será capaz de perceber a importância e diferença no tipo de política que Lula aplica em Ribeirão.
Enganam-se.
40% do eleitorado já deu o recado em 2022 e o recado será maior em 2026.
Ricardo Jimenez - Professor e Editor do Blog O Calçadão
Aos que aqui se reúnem, já me apresentaram há algum tempo, escrevi alguns textos e decidi parar. Passei os últimos 10 anos em silêncio. O silêncio muitas vezes acompanha os velhos. Porém, decidi voltar. Me pareceu oportuno colocar em palavras, novamente, o que me assola e o que me toca a alma.
Estou de volta ao Blog O Calçadão.
Decidi dar nova vida à minha pena.
E resolvi reescrever meu primeiro texto, revisitando memórias da nossa Ribeirão Preto querida.
Minhas palavras dançam em sintonia com as memórias que emergem durante minhas caminhadas pela venerável Ribeirão Preto. Aposentei-me há tempos e, com uma paixão renovada, dedico-me a explorar os recantos da cidade, a conhecer almas variadas e a caçar, como um verdadeiro predador, as melhores promoções. A busca por barganhas é minha eterna cachaça.
Recentemente, enquanto cruzava a Praça Carlos Gomes, vinda de uma nova descoberta em um mercadinho da Mariana Junqueira, parei para refletir. Hoje, essa praça é apenas uma passagem, um espaço que não ressoa com a alma. Mas os ouvidos de um velho, como os meus, têm memória potente e conseguem reverberar ecos do passado.
Não falarei, porém, sobre os dias recentes, nem sobre um certo terminal (não hoje). O que me vem à mente é uma era clássica, quando ali se erguia o magnífico Teatro Carlos Gomes.
Detive-me no centro da praça, imerso na contemplação. Transportei-me para outra época. Eu o conheci, caros amigos, eu adentrei seu interior. Reflexivamente, olhei na direção da Praça XV e, do outro lado, avistei a esplêndida fachada do Pedro II. Ah, que contrariedade! Alimento ainda uma birra com Pedro II...
E não por sua beleza arquitetônica, mas pela pose que ostenta e pela história que carrega.
Sinto que devemos retroceder a Ribeirão Preto de 1895, quando o Teatro Carlos Gomes começou a tomar forma a partir do tilintar das moedas do café e das fervilhantes ideias de Ramos de Azevedo.
Naquela época, a cidade abrigava apenas 12 mil almas, a maioria habitantes das fazendas circunvizinhas. O centro era um modesto aglomerado, onde a Igreja Matriz, a primeira a ocupar a Praça XV de Novembro, ergia-se solitária, ao lado de cortiços e das primeiras lojas de ferragens, carnes e armarinhos que, timidamente, começavam a brotar na General Osório, Amador Bueno e Saldanha Marinho.
Entre o final do século XIX e o início do XX, Ribeirão Preto falava a língua da Itália! Sim, a próspera colônia italiana dominava. O principal líder político, um "coronel", era um imigrante alemão, o "rei do café", chamado Francisco Schmidt, que residia na Fazenda Monte Alegre.
Foi dele a audaciosa ideia de “passar o chapéu” entre os outros coronéis para erigir um teatro no centro da cidade. Quatrocentos lugares! O terreno escolhido ficava ao lado da praça da matriz.
Em 7 de dezembro de 1897, uma multidão de quinhentas almas da elite local se aglomerou para a estreia da ópera O Guarani. Assim se inaugurava o magnífico teatro, expressão máxima do estilo neoclássico.
O Carlos Gomes, com sua grandiosidade, exibia um esplendor que portanto valorizava o entorno. Os trabalhadores enfrentaram uma mudança, migrando em massa para a Vila Seixas ou Vila Tibério, enquanto os cortiços foram substituídos por palacetes da elitizada sociedade ribeirão-pretana. A Praça XV, antes simplesmente o "jardim do doutor Loyola", transformou-se em um vibrante espaço comercial, e a rua Barão do Amazonas logo se tornou a "rua das boutiques" — a nossa versão da icônica rua do Ouvidor.
Ninguém mais rezava! A Diocese decidiu realocar a Igreja Matriz, por que? Porque o Carlos Gomes e a nova tendência do entorno eclipsavam a fé. Em 1901, começou a construção da Catedral, erguida a 300 metros de distância, longe do burburinho, ostentando sua imponente arquitetura gótica tardia.
Ah, senhores! Eu escutava tudo isso ali, parado, na ainda viva Carlos Gomes, ouvindo os ecos de um tempo longínquo.
Recordei-me de François Cassoulet e seu moulin rouge. Foi o apogeu do Teatro. Danças, músicas, fumaça de cigarros, champanhe, damas francesas… Pasmem, senhores! Ribeirão Preto, até os anos 20, não era uma cidade sisuda! Não! Era um pequeno centro cosmopolita, pulsante e vibrante.
Entretanto, seu esplendor começou a murchar, assim como o prestígio de seu idealizador. A Primeira Guerra desencadeou uma mudança no clima, e o anti-estrangeirismo ganhou força; Schmidt tornou-se vítima das circunstâncias, e o sinal dos tempos carregou o Carlos Gomes em sua correnteza. O moulin rouge silenciou.
A crise do café das décadas de 20 e 30 deu origem a uma Ribeirão Preto que preferia a aparência à essência. No auge do desespero, ergueram-se as fundações do que hoje chamamos de "quarteirão paulista" (um nome sugestivo da época). Assim, o Theatro Pedro II, com capacidade para 1.500 espectadores, inaugurado em 1930 sob a liderança da Cervejaria Paulista (vejam, um nome que não engana!), de João Alves Meira Júnior, fez sua entrada triunfal.
O Carlos Gomes tornou-se, por um tempo, a sede do Partido Integralista de Plínio Salgado. Ribeirão Preto nutria uma estranha afeição por Salgado, ao ponto de otorgar-lhe o título de cidadão, mas essa história fica para outra ocasião.
Veio a era do automóvel, que acabou com a estação de trem. Antes de aniquilar o Teatro Carlos Gomes, sua modernidade, bradada pelos políticos, fez carne a uma das maiores demolições já vistas.
Quantos palacetes e casarões, relíquias de um passado glorioso, caíram por terra…
O Carlos Gomes foi demolido em 1944, e, anos depois, ali se instalou um terminal de ônibus.
Quem transita hoje pelo centro de Ribeirão e se lamenta ignora o que aquele espaço já foi. Não sabe quão bela era a Praça XV. Ignora a beleza de seus arredores, que ressoavam com as vozes de um tempo antigo.
Atualmente, resta uma Carlos Gomes vazia, desprovida de sentido, assim como se torna uma cidade que não cuida de sua própria história.
Mas aqui estou eu, para narrá-la.
Chego ao fim deste desabafo, pois recordei que preciso buscar meu paletó no alfaiate da General Osório e, em seguida, conferir algumas ofertas em um mercadinho excepcional na rua Jorge Lobato.
Meus respeitos e até breve.
Gusmão de Almeida
Neste domingo (31), às 15h, o Memorial da Classe Operária, (UGT), em Ribeirão Preto, será palco do ato “Resistência Palestina”, atividade que busca fortalecer a solidariedade internacional e dar visibilidade às vozes engajadas na defesa do povo palestino contra o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel. O encontro contará com a presença de lideranças políticas, jurídicas e sociais que dedicam suas trajetórias à denúncia da ocupação israelense e à afirmação da luta pela libertação da Palestina.
EUA mata pescadores sem provas No princípio, eram redes e esperança. Homens do mar lançavam sua fé nas águas, o sal queimava o rosto e pur...