segunda-feira, 16 de março de 2020
Como Ribeirão Preto pode enfrentar a pandemia?
Você, caro leitor e leitora deste Blog, conhece alguma clínica médica ou consultório médico em bairros da periferia de Ribeirão Preto? Nós deste Blog não conhecemos.
Todas as clínicas e consultórios particulares, e até hospitais particulares, encontram-se na região central ou nas áreas mais valorizadas da zona sul. Nas periferias, e em todas as áreas da cidade, o que chega única e exclusivamente é o SUS e é só através do SUS que poderemos enfrentar o coronavírus em Ribeirão Preto e no Brasil.
Somente o poder público que, a princípio, não age pelo lucro consegue chegar em todos os lugares. E isto serve para saúde, educação, saneamento básico, programas de moradia e todos os outros direitos sociais.
O SUS é a coluna vertebral da resistência à pandemia, mas o combate completo ao coronavírus vai depender de um tripé: saúde, educação e assistência social.
Em Ribeirão Preto, a Secretaria da Saúde conta hoje com um orçamento da ordem de 650 milhões, tem cerca de 2800 servidores (que precisam ser valorizados e protegidos) e conta com uma rede de mais de 50 núcleos de atendimento espalhados em 5 distritos de saúde: Central, Leste, Norte, Oeste e Sul.
Assim, tem potencial para fazer o planejamento, a ação preventiva e o atendimento clínico em todas as regiões da cidade, mas precisa de mais investimento e apoio. A ideia, cada vez mais debatida e defendida, de suspender o teto de gastos e as amarras fiscais impostas pelo ajuste fiscal neoliberal para fortalecer os recursos da saúde em termos nacionais, estaduais e municipais é uma ferramenta importante, principalmente para a abertura e preparo de leitos de UTI, e precisa ser cobrada em Brasília pelos nossos deputados federais locais ou com atividades locais.
Também é preciso fortalecer a ação educativa e de assistência social, ou seja, fortalecer a ação das Secretarias da Educação e da Assistência Social. É preciso executar ações educativas mesmo com as aulas presenciais suspensas e ter um cuidado grande com a população em condição de moradores de rua, cujo número oficial é de 7 mil na cidade, com a população moradora de ocupações e áreas de risco, mais de 45 mil em números oficiais, e com os idosos, cuja população é de cerca de 100 mil pessoas em Ribeirão Preto.
Para a população idosa, a questão da ampliação do BPC também é uma ferramenta importante de prevenção da doença através da distribuição de renda.
Em tempos de pandemia e urgência social, o poder público e o Estado são as ferramentas mais importantes e a ignorância e o neoliberalismo são os maiores inimigos.
Fundamental nessa hora que as autoridades públicas e as instituições ajam com responsabilidade e dever cívico para informar e, na medida do possível, tranquilizar as pessoas. Atos de irresponsabilidade e de populismo barato devem ser rejeitados por todos.
Blog O Calçadão
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