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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Aliança Político-Empresarial impõe dura derrota à classe trabalhadora!



O dia 8 de abril de 2015 vai entrar para a história como o dia em que a classe trabalhadora brasileira foi ferida pelas costas por uma oportunista aliança entre políticos e empresários. Vai entrar ainda mais na história porque o fato ocorreu durante um governo do PT.

O PT não tem nenhuma culpa direta no que aconteceu. O partido sempre lutou a favor dos direitos trabalhistas. Mas, talvez caiba, sim, uma autocrítica, pois após 12 anos consecutivos de governo, seria inimaginável pensar que tanto sua Presidente quanto o próprio partido pudessem estar tão emparedados e enfraquecidos a ponto de serem presa fácil de um conluio corrupto e oportunista que, dentre outras coisas, encontrou força para atacar o coração da CLT sem que isso causasse grande comoção e manifestações.

Pelo contrário, neste próximo dia 12 sairão novamente às ruas os manifestantes pró-impeachment e pró- golpe militar, apoiados pelo PSDB, por Eduardo Cunha e pelo empresariado paulista, mentores e autores do projeto de terceirização aprovado e os maiores beneficiados pelos esquemas de sonegação de impostos que desviam mais de 500 bilhões de reais anuais do país.

Entre 2003 e 2013, nos governos Lula e Dilma, foram criados mais de 17 milhões de empregos com carteira assinada, pela primeira vez na história o emprego informal diminuiu. A política de valorização do mínimo gerou renda, mais de 30 milhões puderam entrar na "sociedade de consumo". Lula expandiu direitos de aposentadoria para a dona de casa e Dilma, para a empregada doméstica. A política econômica de cunho expansionista deu um salto na infra-estrutura. Ou seja, até  2 anos atrás nossa agenda era outra, de otimismo e crescimento.

De repente a agenda virou e os direitos trabalhistas contidos na CLT são derrubados numa única tacada, de afogadilho, sob comando de Eduardo Cunha, o homem especialista na relação entre política e meio empresarial. E junto com Eduardo Cunha estava o PSDB, o partido mais corrupto do Brasil mas amplamente protegido pela mídia amiga.

Uma das agendas das manifestações de 2013 era a reforma política. Isso até a Globo encampar o movimento e se aliar aos extremistas da intervenção militar. O tema da reforma política passou, então, a se arrastar como um monstrengo, servindo apenas de retórica empolada para discursos vazios.

Agora vemos claramente que todo o movimento realizado desde que a Globo encampou as chamadas "jornadas de junho" tinha como objetivo enfraquecer o governo, botar o PT e a esquerda contra a parede para poder realizar os planos que as eleições de Lula e Dilma haviam atrapalhado. A Globo na linha de frente e o tucanato escondidinho atrás. Foi uma fustigada atrás da outra: mensalão, petrolão, jornadas de junho, campanha contra a Copa e, pimba, adeus CLT!

O processo é tão perverso que, reparem, transformando o governo num fantoche, a aliança capital-conservadorismo não só conseguirá afundar de vez a proibição de doações empresariais para campanhas, mote da reforma política, (por isso Gilmar não devolve) mas aprofundará ainda mais a relação promíscua entre empresários e políticos.

No bojo do projeto de terceirização está o filão do setor público!

Imaginem quanto não lucrarão os lobistas e os empresários quando os servidores públicos começarem a ser trocados pelos terceirizados. Imaginem uma empresa de engenharia fornecendo engenheiros para um governo. Quem fará a ligação política? Quanto não será acertado por fora para doações de campanhas?

Chegamos a 2015 vendo um governo emparedado, chantageado, cedendo poder ao PMDB. Vemos as pautas progressistas serem substituídas por coisas como a terceirização, dia do orgulho hétero, pedidos de golpe militar, homofobia explícita, hipocrisia midiática e tantas outras aberrações. Vemos boa parte da classe trabalhadora perdida, odiando um fantoche criado por aqueles que verdadeiramente a prejudicam. Vemos a questão da sonegação fiscal, que envolve a alta nata dos endinheirados, ser relegada a um segundo plano.

O momento não é fácil. Em uma guerra, em momentos como esse, a solução é entregar parte do poder para não ser totalmente derrotado. E é isto que está acontecendo. De tudo fica a lição: jamais devemos deixar de falar e ouvir o povo, de enxergá-lo e se enxergar nele, de lhe dar voz e mecanismos de participação, de não tomarmos para nós os métodos espúrios dos nossos inimigos. Quando achamos que podemos resolver tudo com gogó e caneta, quando achamos que estamos por cima da carne seca, estamos, na verdade, no caminho da derrota.

Ricardo Jimenez







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