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terça-feira, 14 de abril de 2015

Quais Pautas Interessam ao Trabalhador?

Depois da pesquisa publicada hoje no blog Viomundo sobre como pensam os manifestantes do último dia 12, mais do que nunca fica a percepção de que este movimento tem tudo para ficar restrito aos mais exaltados direitistas seguidores de Raquel Sheherazade e Jair Bolsonaro.

Esse pessoal votou em Aécio Neves mas, ao mesmo tempo que considera o PT comunista, considera, também, o PSDB frouxo para os seus padrões de ódio e ignorância.

Coube ao PSDB o papel que cabe a todo grupo político oportunista: insuflou a marcha o quanto pode, com o apoio midiático das transmissões da Globo e tirou o time de campo nos primeiros sinais de arrefecimento.

Aliás, como já foi dito à exaustão, o PSDB se agarra num golpismo neo-udenista como única tábua de salvação para um partido sem projeto e que só sabe repetir o mantra neoliberal fracassado no mundo todo. Ao seu lado marcha a TV Globo, também no desespero contra uma crise financeira que bate às suas portas e que vê num governo do PSDB a chance de uma sobrevida, como faz a Veja com relação ao governo de São Paulo.

Apesar de tensa e aguda, a crise disseminada a partir da Petrobrás e continuada após a vitória eleitoral de Dilma (muito por culpa do desastroso início do próprio governo Dilma) não consegue atingir seu objetivo e vai aos poucos perdendo força diante da clara seletividade das investigações e de outros escândalos muito maiores, que envolvem enormes esquemas de sonegação fiscal exatamente da turma da bufunfa.

Resta ainda outra crise, a de desarrumação da base de apoio parlamentar. Eduardo Cunha faz parte de outra jogada da aliança mídia-tucanato para tentar desestabilizar o governo. Suas pautas ultra-direitistas ligadas a assuntos de comportamento, como o bizarro dia do orgulho hétero, a carola e brega lei da família tradicional, a picuinha contra a ampliação de direitos para as pessoas homossexuais são apenas a parte mais caricata de um perigo muito maior, que se expressou na aprovação parcial da lei de terceirizações e na ameaça de se votar a independência do Banco Central.

São muitas e complexas as frentes de batalha tanto para o governo quanto para o movimento social, contando ainda com um período de refluxo no crescimento da economia, fruto do retrocesso chamado Joaquim Levy. Mas o barco vai avançando e a tempestade vai ficando menos forte. O governo vai tateando suas soluções e os movimentos organizados vão se articulando.

O que restará ao trabalhador brasileiro? Quais as pautas que mais interessam a ele?

Bem, primeiro é preciso dizer que cerca de 60% dos eleitores votaram em Lula/2006 e Dilma/2010. Portanto, é com esse patamar que qualquer governo Trabalhista deve contar como base de apoio e simpatia para suas políticas e propostas. Claro que isso foi severamente corroído nos últimos tempos, sobrando os 54 milhões de votos de Dilma em 2014. Mas não significa que as pessoas que deixaram de votar no PT passaram a se identificar com pautas de Malafaias ou Bolsonaros, muito menos com o oportunismo vazio e arrogante de um FHC.

Essas pessoas estão por aí, dispostas a acreditar e construir a expectativa de um novo projeto e são, absolutamente, sensíveis à pautas progressistas e a um ambiente de tranquilidade e desenvolvimento econômico e social. O ódio coxinha não é e nunca foi ou será maioria.

Isto posto, é possível se traçar um cenário de propostas progressistas, que interessam em cheio ao trabalhador e que se harmonizam com os trabalhadores de todo o mundo, principalmente aqueles que estão sofrendo ou já sofreram na pele as agruras do neoliberalismo, como o povo europeu e latinoamericano.

Eis a pauta:
- Redução da jornada de trabalho;
- Barrar a terceirização assim como se fez com a ALCA e manter a política de formalização do emprego;
- Permanência da política de valorização do salário mínimo (já garantida mesmo em meio à crise);
- Investimentos pesados em educação (principalmente salário do professor);
-Garantia de financiamento do SUS (com um imposto de grandes fortunas e de transações financeiras);
-Garantir o desenvolvimento da indústria e tecnologia ligada ao pré-sal;
- Diminuir os juros e investir em infra-estrutura;
-Manter um câmbio adequado às exportações e diminuir os déficits financeiros dos entes federados;
- Reforma política com o fim do financiamento empresarial;
-Reforma de mídia que amplie os instrumentos de informação e interatividade do trabalhador;
-Rever o pacto federativo fortalecendo os orçamentos municipais;
-Regulamentar os conselhos populares para ampliar a fiscalização e participação do trabalhador nas decisões das políticas públicas;
- Ampliar todos os direitos das minorias como forma de garantir os direitos humanos e o avanço civilizatório no Brasil;
-Reforma agrária com ampliação da agricultura familiar e combate ao monopólio dos agrotóxicos;
-Reforma urbana e manutenção da política de moradias populares.
-Reestatização da Companhia Vale do Rio Doce (um crime cometido pelos tucanos), que deve mais de 4 bilhões em impostos ao governo federal.

São os momentos de dificuldades que nos mostram o valor da nossa luta.

Ricardo Jimenez

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