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segunda-feira, 2 de maio de 2022

No alto de um caminhão, extrema direita diz que o ribeirao-pretano tem a "liberdade" de passar fome

 

Foto O Calçadão

Na manhã deste domingo, 1º de maio de 2022, repercutindo as agendas nacionais de manifestações, grupamentos da extrema direita bolsonarista e do campo de esquerda realizaram atos em Ribeirão Preto. O Calçadão acompanhou ambos.

O ato da extrema direita teve concentração em frente à loja da Havan na avenida Maurílio Biagi. O ato em si foi uma mistura de 'motociata' com carreata com a presença de um caminhão de som. O Calçadão contabilizou pouco mais de 100 motos e carros e umas 30 pessoas em cima do caminhão, que percorreu as avenidas Maurílio Biagi e Francisco Junqueira.

De cima do caminhão, um cidadão dava o tom da manifestação: protesto contra o STF pela prisão de Daniel Silveira, o deputado bolsonarista que rasgou a placa de Marielle Franco e proferiu ameaças anti-democráticas contra o órgão máximo da Justiça brasileira e foi salvo por um indulto de Bolsonaro.

VEJA O VÍDEO: 


A narrativa bolsonarista é simples. O STF é o alvo da narrativa "anti-sistema" dessa vez. Como agora Bolsonaro é o Presidente de um desastre econômico e social, junto com o centrão, como manter a narrativa "anti-sistema" que o elegeu em 2018? Resposta: indicando o STF como alvo. Isto está claro desde o início do mandato.

Dessa forma, do alto do caminhão, o tal cidadão repetia o mantra da "liberdade". Qual "liberdade"? A "liberdade" de poder manter o esquema de fake news e de ataques à democracia à vontade. Essa é a "liberdade" que o bolsonarismo reivindica. Enquanto isso, o povo tem a liberdade de ficar desempregado e de passar fome através de um governo desastroso. Assim como o povo, na opinião dos bolsonaristas, teve a "liberdade" de morrer de covid, a partir das campanhas criminosas anti-vacinas.

Essa semana o botijão de gás vai ter novo aumento, batendo a casa dos 140 reais. Abril foi o mês de inflação mais alta desde de 1995, com 1,75%. Mas para o bolsonarismo o problema é a liberdade de figuras como Daniel Silveira de ter a "liberdade" de pregar um golpe contra a democracia.

A boa notícia é que os atos bolsonaristas, assim como o de Ribeirão, foram esvaziados no Brasil inteiro. Na minha visão, o bolsonarismo não tem muito para onde crescer com o já manjado discurso radicalizado, mas não há outra alternativa diante do que as pesquisas apontam: uma grande dificuldade de vencer Lula nas urnas.

Quanto mais radicalizado o discurso, menos perspectiva de votos. Porém, há sempre o caminho do golpe, ou por uma mobilização armada do "povo" ou pelo apoio militar. Essa é a estratégia de Bolsonaro e seus mais fieis apoiadores.

E A MANIFESTAÇÃO DA ESQUERDA?

Também foram esvaziadas, apesar da justeza das pautas. Aliás, as manifestações do campo de esquerda, progressista e democrático têm sido manifestações de militância já há algum tempo. O povo, apesar do desemprego, da fome e até da urgência da pandemia e da política criminosa do governo entre 2020 e 2021, não está presente nos atos de rua.

Esse é um desafio do campo democrático.

Em Ribeirão o ato ocorreu na Esplanada do Pedro II. VEJA aqui a matéria dos atos em Ribeirão e em São Paulo.

Estamos lutando contra forças que querem não só retirar os direitos sociais e a soberania do país. Estamos lutando contra forças que querem acabar com a democracia. E essa luta precisa ser uma luta de massas e nas ruas.

Por que o povo trabalhador não está nas ruas e o que fazer para que esteja?

Essa é a chave, na minha opinião.

Um movimento de massas em torno do nome de Lula é possível? É. Semana passada o discurso do senador Randolfe Rodrigues, na cerimônia de apoio da Rede a Lula, foi poderoso nesse sentido. Mas esse caminho, que também engloba a escolha de Alckmin de vice, ainda está sendo trilhado e tem obstáculos. 

O primeiro é a crise política, instalada a partir de 2013 e do golpe de 2016, ainda não superada. O povo, ao mesmo tempo em que identifica Lula como o melhor nome, evita ir para as ruas e permanece vendo a conjuntura de longe. O segundo chama-se "terceira via", apoiada pela Globo, e que ajuda mais um pouco no cenário de confusão política.

Estamos em maio e o tempo corre rápido.

Ricardo Jimenez - editor dO Calçadão

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