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terça-feira, 7 de julho de 2015

Dilma reagirá ao golpismo. Ou: a coragem do play boy não aguenta um levantar de dedo.

Começo o artigo lembrando de Tancredo Neves. Um político democrata e hábil conciliador. Tancredo esteve presente nos momentos mais difíceis da República, da crise que levou ao suicídio de Vargas, passando pelo golpe de 64 (quando aos berros de "canalha" reagiu ao golpe dado pelo deputado Auro de Moura Andrade ao anunciar vaga a Presidência) e terminando nos acertos para a transição democrática de 1985. Tancredo sempre do lado da legalidade contra o arbítrio. Posição que requer coragem, muita coragem.

Lembro de Tancredo e sua coragem em sempre enfrentar grandes e poderosos inimigos da democracia para fazer um paralelo com o oposto, o bravateiro. O bravateiro é aquele que arrota coragem somente quando sabe que o adversário é ou está fraco, ou quando tem ao seu lado uma turma que lhe dá força para se fingir de machão. 

Ao contrário do corajoso, o bravateiro só briga quando está no lado que considera mais forte.

Quem dá coragem ao bravateiro do momento para ele se colocar a vociferar frases golpistas contra um governo recém eleito?

Ora, seus amigos são a mídia que lhe protege o tempo todo escondendo seus mal feitos. Seus amigos são um punhado de meganhas empenhados em contribuir com o clima de golpe e que fazem ouvidos de mercador para as delações que apontam para o bravateiro enquanto vazam cirurgicamente as "delações" contra o governo.

Mas esses aí de cima são amigos de longa data, o que em si não explica completamente os arroubos de coragem do bravateiro.

Sim, a ajuda que faltava veio de dentro da base do governo e se chama Eduardo Cunha.

Esse é o perigo maior que corre o governo. Não pelo poder do Cunha, que não representa nada politicamente, mas pelo poder que ele exerce junto ao fisiologismo e que retira do governo a segurança da maioria.

Não ter maioria derruba governos, como ensina Aldo Rebelo em entrevista recente para a Carta Capital. Não ter maioria significa ficar à mercê do parecer do TCU, por exemplo, apinhado de tucanos e demos babando de ódio. Com a maioria, as ameaças do TCU não significariam nada.

É essa situação que dá a coragem momentânea ao bravateiro e que leva perigo real ao governo.

Mais importante ainda do que corrigir as falhas da inação do ministérios da justiça, é corrigir a questão da base parlamentar. Essa é a ação mais importante do governo. Medir se é possível ou não um arranjo político com o Presidente da Câmara e caso não seja, partir para a agenda individual, parlamentar por parlamentar, inclusive com reforma ministerial, caso necessário.

Com a base recomposta, a coragem do bravateiro se evapora, não aguenta um levantar de dedo moral, como bem mostrou Luciana Genro.

O governo faz parte de um projeto que venceu 4 eleições seguidas e seus eleitores, na casa dos 54 milhões (5 Grécias) estão por aí aguardando atitudes do governo, pois mesmo depois de toda essa celeuma, pesquisas recentes mostram algo além da baixa aprovação de Dilma, mostram que o bravateiro tem exatamente o mesmo que tinha nas últimas eleições, ou seja, não avançou nada sobre os eleitores de Dilma pois nós, eleitores de Dilma, junto com os eleitores de Minas, sabemos exatamente quem é o bravateiro.

Ricardo Jimenez

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