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domingo, 1 de janeiro de 2017

Talvez Marilena Chauí tenha razão... Por Leonardo Sacramento


Marilena Chauí disse que "a classe média é uma abominação política, porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta, e é uma abominação cognitiva porque é ignorante". 
Em um primeiro momento achei o discurso forte e desprovido de finalidade política. Mas o tempo e a realidade vêm provando o contrário. Que Chauí, infelizmente, tem razão.

A chacina de 12 pessoas em Campinas provou que Chauí está correta, com o adendo de o genocida ter incluído nas "cartas-testamento" um conjunto de premissas aceito por grupos sociais ultra-conservadores que vestem camisa da CBF e gritam contra a corrupção. Sempre vi aqueles vídeos das manifestações e achei graça, mas vejo hoje que é um pessoal perigoso, não só porque não tem apego à democracia e a qualquer perspectiva de justiça, mas porque podem sim matar e corroborar um Estado de Exceção pelas premissas que gritam às câmeras.
Matou por machismo (declarado) e por pseudocriticismo infantil, desses que se ouve nas manifestações na Paulista e se lê na internet.
Se vc já compartilhou alguma opinião parecida com a dele, vc provavelmente é uma abominação política, uma abominação ética e uma abominação cognitiva, e é sim perigoso, porque, mesmo que não tenha coragem de matar, concordaria com um Estado de Exceção que matasse "vadias", "pobres" e os chamados "vagabundos".
E não é exagero! É a conjuntura, o contexto político, levando a atos solipsistas que literalmente atropelam o outro (sobre isso, ver Declínio do Império Americano e sua continuação, As Invasões Barbaras)
Compare o que pensa com o que pensa o genocida e se olhe no espelho. Se já vc já disse alguma coisa semelhante, vc provavelmente já vive tal contexto. Por vivê-lo sem conseguir criticá-lo e criticar-se, transforma-se em um perigo para a sociedade e para a civilização.
TRECHO DA CARTA
"Não tenho medo de morrer ou ficar preso, na verdade já estou preso na angustia da injustiça, além do que eu preso, vou ter 3 alimentações completas, banho de sol, salário, não precisarei acordar cedo pra ir trabalhar, vou ter representantes dos direito humanos puxando meu saco, tbm não vou perder 5 meses do meu salário em impostos.
Morto tbm já estou, pq não posso ficar contigo, ver vc crescer, desfrutar a vida contigo por causa de um sistema feminista e umas loucas. Filho tenha certeza que não será só nos dois quem vamos nos foder, vou levar o máximo de pessoas daquela família comigo, pra isso não acontecer mais com outro trabalhador honesto. Agora vão me chamar de louco, más quem é louco? Eu quem quero justiça ou ela que queria o filho só pra ela? Que ela fizesse inseminação artificial ou fosse trepar com um bandido que não gosta de filho.
(...)
Ela não merece ser chamada de mãe, más infelizmente muitas vadias fazem de tudo que é errado para distanciar os filhos dos pais e elas conseguem, pois as leis deste paizeco são para os bandidos e bandidas. A justiça brasileira é igual ao lewandowski, (um marginal que limpou a bunda com a constituição no dia que tirou outra vadia do poder) um lixo!
Se os presidentes do país são bandidos, quem será por nós?
Filho, não sou machista e não tenho raiva das mulheres (essas de boa índole, eu amo de coração, tanto é que me apaixonei por uma mulher maravilhosa, a Kátia) tenho raiva das vadias que se proliferam e muito a cada dia se beneficiando da lei vadia da penha!
Não posso dizer que todas as mulheres são vadias! Más todas as mulheres sabem do que as vadias são capazes de fazer!
Filho te amo muito e agora vou vingar o mal que ela nos fez! Principalmente a vc! Sei o qto ela te fez chorar em não deixar vc ficar comigo qdo eu ia te visitar. Saiba que sempre te amarei! Toda mulher tem medo de morrer nova, ela irá por minhas mãos!"
"(...) eu ia matar as vadias (eu já tinha a arma e raspei a numeração pra não prejudicar quem me vendeu, ela precisava de dinheiro). Família de policial morto não recebe tantos benefícios com a família de presos. Cadê os ordinários dos direitos humanos? Estão sendo presos por ajudar bandidos né? Paizeco de bosta.
Sei que me achava um frouxo em não dar uns tapas na cara dela, más eu não podia te dizer as minhas pretensões em acabar com ela! Tinha que ser no momento certo. Quero pegar o máximo de vadias da família juntas.
A injustiça campineira me condenou por algo que não fiz! Espero que eles sejam punidos de alguma forma.
Chega!! Ela tem que pagar pelo que fez."

Leonardo Sacramento é professor e Secretário-Geral da APROFERP

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