#elenão foi grande |
Manifestações que a própria mídia se encarregava de divulgar, cobrir e repercutir.
Muitos, como hoje, já destilavam ódio e gritavam por intervenção militar, mas para a grande mídia eram apenas "famílias inteiras" protestando de verde e amarelo.
Pois bem. Três anos depois um autêntico movimento de massas, criado, divulgado e repercutido por coletivos de mulheres, e por brasileiros que buscam contestar uma candidatura que flerta com o fascismo, foi solenemente, e propositalmente, ignorado pela grande mídia.
Por que?
Por uma questão de lado.
Há três anos, as manifestações, sob o discutível lema do "combate à corrupção", liderado pela parceria entre a própria mídia e a operação lava jato, buscava derrubar a Presidente Dilma, ou seja, a continuidade do projeto petista eleito e reeleito sucessivamente desde 2002.
Junto do projeto petista, com todos os seus erros e insuficiências, também se objetivava derrubar os últimos obstáculos ao avanço neoliberal no Brasil. Avanço este que estava sendo contido pela maioria do povo nas urnas.
Por isso a grande mídia, controlada por meia dúzia de bilionários comprometidos com os interesses do capitalismo financeiro e rentista, deu tanto apoio àquela época.
Agora, não.
O movimento #elenão, apesar de apartidário e ter o foco no combate ao extremismo com uma pauta de valorização da mulher e da democracia contra a misoginia e as ameaças de autoritarismo proferidas pelo candidato da extrema direita, é um movimento que aponta para além.
O cenário é claro: a falência da candidatura tucana com Alckmin e das alternativas Meirelles e Marina deixou ao campo neoliberal, com a mídia incluída, a única alternativa de se aliar a Bolsonaro, mesmo que de maneira não declarada.
Apoiar, divulgar e repercutir com honestidade o #elenão e o seu tamanho é, neste momento, fortalecer a candidatura que hoje se apresenta com maiores condições de vencer a extrema direita: Fernando Haddad, do PT.
E, aí, não importa que Haddad seja, como é, um político de centro esquerda, moderado, capaz de enxergar para o Brasil um projeto de desenvolvimento com inclusão social e diminuição das desigualdades dentro das regras de um Estado de livre mercado, como Lula também enxerga e fez enquanto Presidente.
Não.
O que importa para a grande mídia, e para os interesses que ela defende, é que o Brasil esteja de joelhos e totalmente aberto ao modelo neoliberal financista, que busca passar por cima de qualquer projeto de desenvolvimento autônomo e de direitos trabalhistas e sociais históricos e consolidados na Constituição de 1988.
Para tanto, serve inclusive Bolsonaro e seu neoliberalismo de viés autoritário. Serve o discurso de seu economista de plantão de unificar o imposto de renda para ricos e pobres e enxugar totalmente o Estado. Serve o discurso de seu vice contra o 13o e as férias remuneradas. Serve o discurso de perfil excludente e violento contra setores fragilizados da sociedade.
Para este último detalhe, a grande mídia faz cara de nojinho, reclama um pouquinho, tapa o nariz e segue em frente. Assim como a grande mídia fez, e muita gente fez também, quando o mesmo indivíduo votou ao vivo contra Dilma homenageando o seu torturador.
É isto que precisa ficar claro aos democratas que pretendem se unir em torno de uma candidatura progressista e democrática no segundo turno: a grande mídia não será nossa aliada.
Que o exemplo e a força de ontem no #elenão pavimente nossa vitória em 2018 contra tudo e todos, incluindo a grande mídia. E que o governo democrático que surja das urnas, provavelmente o de Fernando Haddad, saiba que o movimento popular nascido da luta contra o fascismo continuará a ter força para fiscalizá-lo e cobrá-lo.
Blog O Calçadão
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