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terça-feira, 27 de julho de 2021

Sem indústria e sem desenvolvimento, o Brasil fazendão não tem futuro

 

Indústria brasileira diminuiu 8% em meia década

Qual país do mundo atingiu o desenvolvimento com soberania e inclusão social sendo um fazendão exportador de commodities? 

NENHUM.

Qual país do mundo aproveitou as riquezas minerais, como o petróleo, para se desenvolver sem um projeto de Estado por trás? 

NENHUM.

Então, responda: qual o futuro de um país com 210 milhões de pessoas, de proporções continentais sem indústria, sem um projeto nacional de desenvolvimento, entregando o petróleo para transnacionais e vivendo da exportação de soja, cana e minério de ferro? 

NENHUM.

Esse é o caso do Brasil, que já foi o oitavo país do mundo em desenvolvimento industrial, com estatais do setor elétrico, petroquímico, siderúrgico e aeroespacial construídas em projetos nacionais de desenvolvimento tocados entre 1950 e 1980, e hoje tem um parque industrial destruído com o tamanho que tinha no PIB em 1910.

O projeto Brasil fazendão começou em 1990 com a implementação do projeto neoliberal: Estado mínimo, privatizações do patrimônio público e aumento da dívida pública para financiar o rentismo. 

Esse projeto teve uma mitigação nos governos do PT, com espasmos de desenvolvimento do setor petroquímico e naval, com o fortalecimento do BNDES e com uma política de distribuição de renda via valorização do salário mínimo.

Mas o neoliberalismo voltou a ditar as normas a partir do golpe de 2016, do programa 'ponte para o futuro', continuado por Bolsonaro/Paulo Guedes, destruindo a indústria, a engenharia pesada, entregando a gestão do pré sal para empresas estrangeiras e jogando o futuro do país num precipício de uma recolonização agrícola, latifundiária e exportadora.

Sem indústria e desenvolvimento não há empregos de qualidade, não há desenvolvimento tecnológico nem possibilidade de inclusão social.

Vejamos os casos de Nigéria e Noruega. Dois países que descobriram uma ampla riqueza petrolifera em período semelhante. A Nigéria adotou o projeto de repassar a gestão da riqueza para empresas estrangeiras. A Noruega criou um programa estatal de gerenciamento com uma visão social de desenvolvimento nacional. Qual o resultado disso em termos de desenvolvimento desses dois países?

Vejamos o caso da China. Em 1980, a China tinha uma economia muito menor do que a brasileira. O Brasil era industrializado e a China era pobre e agrária. Em 40 anos o que aconteceu com os dois países? O Brasil neoliberal, privatista e agropop é a 13a economia do mundo (depois de ser a 6a com Lula e seu mini-desenvolvimentismo entre 2006 e 2010) e caindo, enquanto a China, cuja economia é controlada por grandes e estratégicas estatais, e com a indústria representando 45% do PIB, está na fronteira tecnológica disputando o posto de maior economia do mundo com os EUA.

EUA, Coréia do Sul, Japão, Noruega, Suécia, França, China, enfim, não existe exemplo de desenvolvimento sem atuação do Estado operando o projeto de desenvolvimento.

Essa é a tarefa dos lutadores sociais da atualidade. Essa é a tarefa do movimento Fora Bolsonaro. Romper com o projeto neoliberal e conduzir um movimento de desenvolvimento nacional, com reindustrialização, inclusão social, radicalização da democracia, reformas que corrijam a brutal concentração de renda, agricultura voltada para a produção de alimentos para o povo, com respeito ambiental, e resgate da capacidade do Estado em gerir o desenvolvimento.

Essa é a revolução brasileira que está para ser feita  Sem isso, não há futuro, apenas um país continental passando fome como hoje: 19 milhões de brasileiros não têm o que comer. Outros 117 milhões têm insegurança de se alimentarem três vezes ao dia.

A revolução brasileira é o seu desenvolvimento, com soberania, inclusão social e ampliação da democracia. Uma revolução a ser feita a partir de um amplo movimento de massas, cuja construção cabe à essa nossa geração de lutadores e lutadoras populares.

Ricardo Jimenez - editor do Blog O Calçadão

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