Como vivem os cerca de 2,6 milhões de professores brasileiros? |
É fato: não há país desenvolvido que não tenha feito uma revolução educacional e, dentro dessa revolução, incentivado a profissão docente atraindo para a carreira os melhores quadros e tendo na educação pública básica um pilar de sustentação do sistema.
Japão, Coreia do Sul, EUA, Alemanha, Escandinavos, China etc. Nesse quesito, o Brasil é um dos piores exemplos.
O Brasil é o penúltimo país da lista de 42 países estudados pela OCDE sobre remuneração docente |
São 2,6 milhões de professores no Brasil. Sendo 2,2 milhões na educação básica (1,7 milhões na rede pública e 500 mil em escolas particulares). Outros 397 mil lecionam no ensino superior (183 mil em universidades públicas e 214 mil em universidades privadas).
Todos os países que levam a educação a sério e fizeram a revolução educacional tiveram na remuneração e nos planos de carreira dos docentes da educação básica pública a espinha dorsal do sistema.
Aqui no Brasil a média salarial dos professores da educação básica é 2,9 mil reais mensais. E tendo a profissão docente vinculada ao serviço público cada vez mais precarizada. A rede paulista, por exemplo, tem 50% dos seus professores (cerca de 100 mil profissionais) na chamada categoria O, ou seja, com contratos temporários. E isso impacta na rede privada, que também acompanha o achatamento salarial e a precarização da mão-de-obra docente.
Salários baixos e retirada dos planos de carreira contribuem para a destruição da profissão docente a médio prazo. E mesmo algumas ilhas de excelência como as universidades e institutos federais estão ameaçados pela reforma administrativa que prevê a terceirização do serviço público com o fim da estabilidade e possibilidade de redução de salários.
A educação pública, garantida como um direito humano de caráter social pelo artigo 6o da Constituição, está sendo desmontada assim como a saúde pública e a seguridade social, todas paulatinamente transformadas em mercadorias dentro do modelo de enxugamento do Estado como garantidor de direitos e alinhamento com a sustentação do neoliberalismo financista.
A atualidade da educação brasileira é dramática, assim como é dramática a situação geral do país. E dentro dessa realidade, a profissão docente vai sendo destruída junto com as esperanças.
Feliz Dia dos Professores? Não, hoje, não. Hoje os professores são apenas resistência.
Ricardo Jimenez - professor e editor do Blog O Calçadão
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