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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Mortes de crianças e adolescentes pela PM crescem 120% no governo Tarcísio, aponta estudo

 

Flexibilização do protocolo no uso de câmeras é apontado como um dos motivos por especialistas


Estudo também revela que adolescentes e crianças negras têm 3,7 vezes mais chances de morrer em ações da PM

Um levantamento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revela que o número de crianças e adolescentes mortos pela Polícia Militar do Estado de São Paulo mais do que dobrou durante os dois primeiros anos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Entre 2022 e 2024, foram registradas 77 mortes de pessoas entre 10 e 19 anos, um aumento de 120% em relação ao biênio anterior.

Além do salto alarmante nos números, o estudo escancara o desequilíbrio racial nas vítimas: adolescentes e crianças negras têm 3,7 vezes mais chances de morrer em ações da PM do que jovens brancos. A taxa de mortalidade foi de 1,22 por 100 mil entre negros, contra 0,33 entre brancos.

Enfraquecimento das Câmeras Corporais e Aumento da Letalidade Policial

O aumento da letalidade juvenil coincide com uma mudança na política de uso das câmeras corporais. Em vez da gravação contínua — que havia contribuído para a redução das mortes em anos anteriores — o novo modelo adotado pela gestão estadual exige que o policial ative manualmente a câmera, o que compromete a transparência e dificulta a responsabilização.

O estudo revela que entre 2021 e 2024, o número de mortes causadas por policiais voltou a crescer, saltando de 430 para 649. Em 2024, a cada mil prisões em flagrante, 5,3 pessoas morreram durante ações da PM — mais que o dobro do índice de 2022. Paralelamente, o número de policiais mortos também aumentou 133%, revelando que o enfraquecimento das ferramentas de controle pode colocar em risco não apenas a população, mas os próprios agentes.

PMs não são investigados

Outro dado  apontado pela pesquisa é que apenas 8 inquéritos foram abertos em 8 anos para investigar mortes cometidas por PMs em serviço, evidenciando um cenário de impunidade. E ainda: 134 registros de mortes entre 2022 e 2024 não traziam sequer a idade da vítima, dificultando a fiscalização e a atuação de órgãos de proteção.

Recomendações dos Especialistas

O estudo destaca seis recomendações prioritárias:

  1. Retomar a gravação ininterrupta das câmeras corporais;
  2. Compartilhar as imagens com órgãos externos e sociedade civil;
  3. Fortalecer os mecanismos de controle e investigação, como corregedorias e conselhos disciplinares;
  4. Aumentar a transparência com auditorias independentes;
  5. Garantir apoio político e institucional ao uso das câmeras;
  6. Usar os dados coletados para avaliar políticas públicas de segurança.

Fontes:

  • Folha de S. Paulo – Morte de crianças e adolescentes pela PM cresceu 120% no governo Tarcísio
  • O Globo – Sob Tarcísio, mortes de crianças e adolescentes pela PM mais que dobraram
  • Estadão – Mortes de crianças e adolescentes em ações policiais mais que dobram em SP, mostra estudo
  • Fórum Brasileiro de Segurança Pública – www.forumseguranca.org.br

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