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domingo, 29 de novembro de 2015

O que é melhor para Ribeirão: ampliar o Leite Lopes ou um Instituto Federal de Educação?


Certamente a instalação de um campus de Instituto Federal de Educação Técnica e Tecnológica em Ribeirão Preto não teria um movimento de oposição, como existe e de maneira contundente contra a internacionalização do aeroporto Leite Lopes.

Resolvi fazer a comparação porque tanto um quanto outro assunto perpassaram os mandatos da atual Prefeita, sem solução para nenhum deles, mas com um esforço final de mandato muito mais intenso para a questão do aeroporto do que para a escola federal, que jaz esquecida há algum tempo.

A ampliação do Leite Lopes e a vinda de um Instituto Federal são assuntos que unem as questões de futuro com as questões de momento, duas coisas que podem ser muito importantes para a eleição do ano que vem e para o debate em torno da cidade que queremos.

Qual deles apresenta um futuro melhor? O aeroporto ou o Instituto Federal? Em qual dos dois assuntos uma administração em fim de mandato deveria se empenhar?

O imediatismo e a conveniência eleitoral respondem: o aeroporto. Não à toa, nos últimos dias a Prefeitura tem colocado todas as suas fichas no projeto ampliação do Leite Lopes. Uma comissão de vereadores governistas acompanhou Dárcy Vera até Brasília para participar de uma audiência pública junto com o Ministro da Aviação civil e nossos conhecidos Baleia Rossi (Presidente da comissão) e Nogueirinha (deputado licenciado no cargo de Secretário Estadual de Transportes).

O motivo é bem simples: o tema Leite Lopes tem potencial de votos para um eleitorado pouco informado e acostumado a engolir fácil as falácias em época de eleição. Com o tema desemprego de volta ao cenário, voltam as velhas promessas: "a ampliação do Leite Lopes vai gerar 7 mil empregos diretos", disse outro dia um desses vereadores governistas. Preparem-se, vem mais por aí.

O tema Leite Lopes envolve a pequena política local e os interesses de setores empresariais. Nos dias de hoje, sempre que uma administração pública se empenha tanto para algo ligado a interesses empresariais, cuidado. O tema 'emprego' é apenas um gancho apelativo para esconder a intenção real.

Algumas perguntas para quem quiser responder (talvez meu amigo Marcos Sérgio possa responder algumas): para se gerar os prometidos 7 mil empregos com a ampliação, quantas mil pessoas serão removidas de suas casas? Esses empregos serão destinados para essa população que hoje vive no entorno? Por que os movimentos de oposição ao projeto não são consultados ou ouvidos?

Já a vinda de um campus do Instituto Federal é um assunto que joga luz no futuro, mas não dá voto imediato. Para ele eu só conheço o empenho do vereador Jorge parada, que inclusive teve reuniões no MEC. Mas por que isso não prosperou? Será que para esse assunto a pressão 'empresarial' não fez tremer a cadeira da Prefeita?

São mais de 400 campi de Institutos Federais espalhados pelo país, nos mais profundos rincões. Eu conheço alguns e muitas cidades brasileiras hoje planejam seu futuro em parceria com os Institutos e seus cursos de tecnologia voltados para as aptidões locais.

São cursos superiores, médios e de formação profissional destinados para jovens e adultos. Enquanto a ampliação do aeroporto vai remover pessoas sem solucionar os problemas sociais graves da cidade, o Instituto Federal atrai pessoas para a cidade, cria caminhos de desenvolvimento com inclusão social.

Esse é o debate político que O Calçadão quer fazer. Que legitimidade política tem essa turma que tenta fazer a toque de caixa a ampliação do Leite Lopes sem que de fato haja um debate amplo? Que interesses há por trás disso? A maior consulta popular é o voto e este assunto deve ser tema de debate ano que vem, com posicionamentos claros dos candidatos. A Prefeitura atual deveria entender isso.

Por que ao invés de pensarmos em educação e caminhos futuros, a gente gasta tempo e energia tentando fazer um remendo num aeroporto para que aviões de grande porte passem a 50 metros da cabeça das pessoas?

A resposta é, de novo, simples: em Ribeirão Preto falta participação popular efetiva e quem decide os destinos da cidade é o poder econômico. É só dar uma volta pela nossa Ribeirão e constatar com os próprios olhos no que o poder do capital nos transformou nesses últimos 20 anos: numa cidade excludente, sem planejamento coletivo e sem rumo.

Acabou a época onde o cidadão engolia fácil tudo o que lia na imprensa oficial ou acreditava na fala de políticos profissionais. É chegada a hora de fazer por si mesmo, buscar informações e descobrir que o futuro de Ribeirão está em alterar o seu caminho e analisar o presente com olhos para o futuro.

Ricardo Jimenez

Um comentário:

Unknown disse...

Ricardo em relação ao Instituto Federal, além do empenho do Jorge Parada como você citou, houve também empenho por parte do Beto Cangussu e do então Dep Federal Newton Lima que chegou a destinar uma emenda no valor de 27 milhões para suplementar a obra.
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