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domingo, 22 de novembro de 2015

Ocupação de escolas e acampamento coxinha. Qual a diferença entre esses jovens?


A cena é parecida, jovens sentados com uma fileira de PMs ameaçadoramente postada. Mas qual a diferença?

A diferença é o objeto da reivindicação e a justeza da causa.

O acampamento coxinha, promovido por grupos de internet formados há menos de 1 ano na esteira do golpismo tucano por não aceitar a derrota de 2014, foi um total fracasso porque a sua causa é pífia, sem emoção, sem sentido e só serviu, enquanto foi necessário, aos instrumentos políticos mais conservadores e patrimonialistas, caso dos tucanos, do deputado Eduardo Cunha e, no caso de alguns grupos, por adultos mal intencionados e fascistoides.

O que pedem os jovens 'acampados' (há suspeitas de que o camping era fake)? O impeachment de uma Presidente eleita contra a qual não há acusação? Fazem isso legitimados em quem, em Aécio, Cunha e Paulinho da Força? É isso? Discordar de uma Presidente que de fato está impopular não é motivo para derrubá-la, isso é golpe.

O movimento coxinha definha e tende a ficar restrito à extrema direita, assim como PSDB e DEM. O apoio a Cunha dado por todos eles os destruíram e sabem disso, por isso buscam patética e desesperadamente se livrarem de Cunha.

Já as ocupações de escolas é uma causa justa, necessária e, apesar de lideradas por movimentos estudantis organizados, não serve a uma pauta política espúria, pelo contrário, liga-se ao emocional da classe trabalhadora, dos progressistas e da juventude como um todo.

Os jovens ocupando escolas enfrentam de fato a truculência de um governo. Representam uma multidão de jovens que jamais tirou selfies na Paulista com a PM. Lutam por um instrumento valioso e fundamental em qualquer país que se queira grande: a educação pública.

Por isso, e felizmente, enquanto um movimento definha, o outro cresce e envolve a sociedade.

É impossível não traçar um paralelo com o que vem ocorrendo no país desde as famosas passeatas de 2013.

Até ali o Brasil vinha no piloto automático desde que Lula deixou o governo com 85% de aprovação e um país com emprego, renda e inclusão social. Mas em junho de 2013 algumas tempestades estavam armadas.

A truculência de algumas administrações estaduais contra o Movimento Passe Livre, notadamente no Rio e em SP, fez com que uma parte da juventude saísse às ruas, expondo pautas progressistas, como a educação pública, por exemplo. Lembro-me de amigos empolgados com o movimento eminentemente contra Alckmin.

Rapidamente o conservadorismo e a plutocracia reagiu. A Globo alterou sua posição a respeito das 'marchas' assim que sentiu que ali começava a despontar um movimento anti-governo e anti-petista. A questão dos gastos da Copa do Mundo, a violência dos blackblocs e as denúncias da Petrobrás ajudaram a direita a colocar os coxinhas nas ruas e eles tomaram as marchas, literalmente.

Ocorreu algo parecido com o que ocorre hoje: todos os políticos com altos índices de rejeição, a política sendo rejeitada como um todo, como sempre ocorre em comoções fascistoides. A mídia soube aproveitar muito bem isso, embolou a política e tudo parecia caminhar para uma fácil vitória eleitoral da direita. Era o mecanismo perfeito para evitar a quarta vitória petista, com Aécio e, depois, com Marina.

Tirando os momentos da campanha eleitoral, quando Lula e Dilma foram buscar na força da juventude e do movimento popular o apoio ao discurso em defesa das conquistas sociais alcançadas nos últimos 13 anos, e que deu certo, no mais, a mídia conseguiu transformar a agenda nacional.

O debate sobre a inclusão social, mote da era Lula, deu lugar ao hipócrita debate sobre a corrupção, que só empolga aos mais obtusos e zumbis midiáticos. Após a quarta derrota e com Lula vivo e forte, a mídia tradicional, aliada a um movimento golpista, lançou todas as suas forças de mentira e manipulação contra um governo constituído. De repente, o Brasil do crescimento e da inclusão se transformou no país do caos e da corrupção.

É preciso entender o que houve para que possamos sair do atoleiro. Foi desse sentimento pessimista e histérico que se alimentou os movimentos do 15 de março. A juventude que ocupa as escolas está nos mostrando isso!

Não somos o país do caos e da corrupção. Somos o país da sonegação fiscal dos mais ricos, de uma mídia monopolizada e de políticos que não aceitam a vontade popular expressa nas urnas. Mas somos também o país em que a juventude luta por educação pública, o país das mulheres contra Cunha, das mulheres negras contra a opressão, dos sem terra, dos sem teto, da população que escolheu quatro vezes seguidas um caminho diferente do neoliberalismo plutocrata.

É isso que somos. Um país de 200 milhões de pessoas e com tudo ainda para ser feito.

Essa é a diferença entre os jovens em Brasília e os jovens nas escolas. Os jovens nas escolas nos dão realmente esperança!

Ricardo Jimenez




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