Quando Eduardo Cunha desfilava com sua pose de todo poderoso pela Câmara e pelas revistas e telejornais do PIG, PSDB e os coxinhas do 15 de março eram todos abraços e sorrisos (e dedinho levantado) ao lado do homem que prometia botar abaixo a Presidente recém-eleita.
Quando foi que a sociedade ouviu uma palavra sequer dos tucanos e dos coxas à respeito do rolo compressor contra direitos trabalhistas, sociais e individuais que a turma do Cunha passava na Câmara, num processo que parecia um pesadelo sem fim para aqueles que defendem políticas públicas inclusivas e que deram nas urnas quatro vezes seguidas o seu apoio à tais políticas?
Quando? Quando foi que tucanos e coxas disseram uma palavra contra os atropelos regimentais que Cunha impunha para fazer passar na Câmara a constitucionalização da grana empresarial?
Pelo contrário. Foram favoráveis. Votaram favorável à redução da maioridade penal, votaram pela grana empresarial, votaram na reforma política que retira o PSOl do horário eleitoral, votaram pela terceirização, propuseram a tal lei da mordaça para professor não poder falar de política em sala de aula e até ontem, quando ainda sonhavam que Cunha seria o cara do impeachment, tramavam um golpe contra o resultado eleitoral fazendo vista grossa às denúncias da Suíça, promovendo um acampamento coxa em frente à Câmara e uma tentativa de produzir um locaute de caminhoneiros também coxas.
Não fossem as denúncias irrefutáveis da Suíça e a movimentação fundamental do STF, barrando a trama do impeachment, e do movimento popular, principalmente das mulheres, mobilizando o discurso contra Cunha, que deu efeito, estariam lá até hoje tucanos e coxas nos braços de Cunha, ao lado do Paulinho da Força.
Os ventos mudaram. Erraram feio de novo ao apostar que o povo brasileiro apoia a pauta neoliberal e que, acriticamente, iria se perfilar ao lado deles. Se esqueceram que acumulam quatro derrotas seguidas, coitados.
O maior sinal de que a opinião pública vem se colocando contra a pauta golpista e contra Cunha é a tentativa desesperada de ambos, tucanos e coxas, de se livrarem de Cunha. Os tucanos ainda mantém uma expectativa de golpe depositada no TSE, e no seu ministro de plantão, mas estão isolados no discurso. Não conseguem se desapegar da pauta do 'quanto pior, melhor' e seguem votando contra as medidas de ajuste fiscal e apostando no caos como ferramenta de golpe. Já os coxas buscam uma saída que seja honrosa para o seu fracassado camping em Brasília. Coitados, foram engolidos pelas mulheres em luta, na marcha fora Cunha e na linda marcha das mulheres negras.
É tarde. Tucanos e coxas trazem o Cunha colado na testa e o povo sabe disso.
Ricardo Jimenez
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