Com relação a Ciro Gomes - nós estamos vivendo o pior momento da história do Brasil, onde a onda devastadora neoliberal criada pós crise de 2008 se soma à chegada do proto-fascismo militar/neopentecostal ao poder.
Democracia, soberania e direitos estão sendo arrancados do povo brasileiro de maneira rápida e violenta, onde as maiores expressões disso são o golpe parlamentar de Dilma, a prisão política de Lula, a entrega do pré sal, o fim da CLT e o fim do regime social de previdência pública. Ou seja, o fim dos preceitos da Constituição de 1988.
A direita tradicional e o centrão são parceiros quase 100% desse projeto, talvez tenham apenas pudores em relação ao grotesco Bolsonaro, por isso sonham em substituí-lo por uma figura mais cheirosa, como Dória, e certas desconfianças com relação à seletividade anti-petista de Moro e sua obediência ao projeto em curso. No mais, são todos aliados.
Diante disso, é fundamental a unidade programática do campo popular, democrático, de esquerda e progressista. Um campo que defenda a democracia, a soberania e os direitos, principalmente que denuncie duramente o golpe contra Dilma, a prisão política de Lula, a entrega do pré sal ( e Amazônia), o fim dos direitos trabalhistas e de aposentadoria. Um campo que tenha um programa popular, democrático e anti-neoliberal claro e contundente.
O PT está nesse campo, o PSOL está nesse campo, o PCdoB, o PCB, o PCO, os movimentos sociais estão nesse campo, cada vez mais trabalhadores e trabalhadoras expropriados de seus sonhos estão nesse campo. Também estão nesse campo lideranças de partidos que no passado recente deram votos ao impeachment sem provas, caso do ex-Governador Ricardo Coutinho do PSB, do ex-Senador Requião do MDB e outros. Também o próprio presidente do PDT Carlos Lupi, que esteve em Curitiba e reconhece a farsa jurídica do julgamento e prisão de Lula.
Podemos somar nessa conta cada vez mais personalidades, intelectuais, artistas dentro e fora do Brasil, mostrando que a luta por democracia, direitos e uma nova concertação política é uma luta dos democratas, dos progressistas, dos humanistas e da esquerda mundial.
Dentro desse cenário, Ciro Gomes seria muito bem-vindo caso ele desejasse. Ciro, como muito bem disse Lula, é um quadro com conhecimento do Brasil e que defende um projeto de desenvolvimento nacional. O problema é que ele não quer e mostra, todos os dias, que tem tomado um caminho diferente, de tentativa de ganhar espaço dentro de um eleitorado que ainda nutre o anti-petismo e flerta com o bolsonarismo.
Ciro joga para um "eleitorado médio", de tendência conservadora e evangélica, como ele mesmo afirmou e que ele julga existir, que em algum momento, acredita, poderá optar pela terceira via, que seria ele. É o caminho dele e ele tem direito de o fazer. Mas terá que compreender que não será mais aliado e sim adversário e terá rebatido, com firmeza, todos os pontos de seu discurso raivoso e falastrão.
Ciro dá sinais claros de que não superou não só as eleições de 2018, quando atacou Haddad enquanto chamava Bolsonaro de "Jair", mas não superou a escolha de Dilma em 2010, quando acreditava que Lula devia ter apoiado a ele, ou seja, um nome de fora do PT.
Não que o PT num todo, e no caso de 2010, em particular, esteja imune a criticas, ao contrário, todas as forças do campo de esquerda estão expostas a críticas, mas a verborragia de Ciro não é a de um aliado no campo programático, é de adversário no campo político.
Ciro está errado no seu pensamento, vai caminhar em direção a um campo político que entrará em crise rápido e perderá mais uma vez o bonde da história. Talvez em um futuro breve, quando o PDT enxergar o rumo que a luta está tomando aqui e no mundo, não restará a Ciro aquilo que ele conhece bem, mudar de partido.
PS: esperemos que este texto tb sirva de reflexão a Rui Costa, excelente governador da Bahia.
Ricardo Jimenez, editor do Blog O Calçadão e militante do PT
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