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sábado, 21 de setembro de 2019

Ribeirão Preto: resumo da semana (21/09/2019)

Semanalmente o Blog O Calçadão publica um resumo comentado das notícias que esquentaram a cidade de Ribeirão preto.

1. Camelôs no centro: 50 por 90 dias

Teve início nessa semana a atuação dos camelôs na região central da cidade. A medida adotada pela Prefeitura como forma de atuar na remediação do desemprego e da falta de renda em Ribeirão Preto funcionará por 90 dias, de 16 de setembro até às vésperas do Natal. Nessa primeira semana apenas 7 camelôs se estabeleceram nos locais autorizados. Chamados de "microempreendedores individuais" pela Prefeitura, os camelôs não podem vender produtos que concorram com o comércio local estabelecido até uma distância de 50 metros. Essa é uma medida paliativa criada pela Prefeitura tucana mas que não irá nem arranhar o problema, já que são mais de 14 milhões de desempregados no Brasil e, em tempos de crise, as pessoas buscam se virar como podem para colocar comida na mesa de suas famílias. O que não pode, de maneira alguma, é tratar quem está buscando sobreviver com violência e repressão. 

2. Prefeitura vende áreas públicas para financiar seu abandono do centro da cidade

Nessa semana a Câmara de Vereadores autorizou a venda de 28 áreas públicas para a Prefeitura fazer caixa para construir o tal 'Centro Administrativo', a obra que deverá ser construída no Jardim Independência e que, na prática, é o projeto de abandono do centro da cidade planejado pela administração Nogueira. A venda das 28 áreas acarretará em 17 milhões de reais e corresponde a uma parte dos 44 imóveis públicos que serão vendidos, com uma arrecadação total de cerca de 70 milhões de reais. O projeto do 'Centro Administrativo' custará cerca de 44 milhões de reais. Cinco vereadores votaram contra o projeto: Jorge Parada (PT), Jean Corauci (PDT), Lincoln Fernandes (PDT), Marinho Sampaio (MDB) e Marmita (PR). Enquanto isso, as UPAs Quintino, Sumarezinho aguardam na fila, as escolas aguardam as reformas e a contratação de servidores e a Prefeitura toma 75 milhões de reais emprestados nos bancos para financiar a maquiagem da cidade, com asfalto, reforma do museu do Café e da Maria-Fumaça, além de gastar 11 milhões de reais em propaganda entre 2018 e 2019. A venda do patrimônio público para financiar um absurdo centro administrativo fora da região central é uma vergonha histórica que está sendo cometido por esta administração.

3. 50% dos lares não tem fonte de renda



Em 2014 eram 19% dos lares cujos moradores não possuíam fonte de renda advinda do trabalho, hoje são 52%. Fruto da maior e mais longa crise econômica já enfrentada no país e dá qual o atual governo não dá sinais de projeto de saída. O índice Gini brasileiro saiu de 0,514 em 2014 para 0,533 em 2018, lembrando que o Gini brasileiro era de 0,488 em 1963, passou para 0,519 no final da ditadura, para 0,523 no final dos governos FHC, 0,493 no final dos governos Lula e Dilma e agora volta aos patamares pré-1950. A desigualdade aumenta e a renda se concentra enquanto que o trabalho se precariza e a renda do trabalho diminui drasticamente no Brasil e no mundo.

4. Muito ricos pagam menos impostos no Brasil

Pesquisa da UHY-International, uma rede de empresas do setor de auditoria, mostra que os muito ricos no Brasil (aqueles que ganham acima de 250 mil dólares anuais) pagam, em média, 32% a menos de impostos que os países do G-7 e 31% a menos do que os países da União Européia. Mesmo em comparação com países da América do Sul e dos BRICS, o Brasil está abaixo na cobrança de impostos aos muito ricos. Diante do cenário do capitalismo pós crise de 2008, cada centavo deixado de ser cobrado dos muito ricos vai engordar o setor financeiro da economia em detrimento do setor produtivo, além do que esses recursos deixados de se arrecadar deixam de financiar os programas de educação saúde, aposentadoria e assistência social dos países,aumentando a crise social e econômica no Brasil e no mundo.

5. Sínodo da Amazônia e o projeto de Bolsonaro

Entre os dias 6 e 27 de outubro o Vaticano realizará o Sínodo da Amazônia (Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral). Enquanto o Papa Francisco busca discutir o equilíbrio e a preservação ambiental e das populações tradicionais, além de uma outra forma de distribuição de renda no mundo, o governo Bolsonaro foi flagrado pelo The Intercept essa semana com um projeto de destruição da Amazônia, baseado em uma visão do passado militar da ditadura, apontando para o literal 'asfaltamento' da região e expulsão de suas populações tradicionais.

6. Nogueira articula por cima com o MDB para 2020?

As movimentações para as eleições de 2020 já estão quentes. A memória da última eleição ainda está viva e o antagonismo entre o atual Prefeito Nogueira e o candidato derrotado no segundo turno de 2016 Ricardo Silva permanece, seja nas alfinetadas mútuas via mídia, seja na disputa dentro da Câmara de Vereadores. Ricardo, hoje no PSB de Márcio França, busca articular as forças de centro: o PDT (seu ex-partido e com vários vereadores eleitos no apoio a Ricardo em 2016), o PSD (que tem o ex-Juiz Gandini como expoente) e o PPS (partido que era a legenda do Vice-Prefeito em 2016). Nogueira, que anda divulgando em seus canais de comunicação que Ribeirão Preto nunca esteve tão bem quanto agora em sua administração, busca atrair para o seu campo o MDB local costurando por cima, já que o vereador Marinho Sampaio, presidente do MDB local, é oposição ao Prefeito. O vereador Igor Oliveira, ligado ao deputado federal e cacique emedebista Baleia Rossi, pode pintar como vice do tucano em 2020. No polo direito do espectro político há as prováveis candidaturas do PSL, Patriota, Novo e Podemos, buscando surfar tanto no bolsonarismo quanto no lavajatismo em Ribeirão Preto. No espectro esquerdo, PT e PSOL, os dois partidos mais fortes e com mais militância na cidade, buscam construir um programa de enfrentamento ao neoliberalismo e ao bolsonarismo/lavajatismo ao mesmo tempo em que tentam cacifar nomes para o pleito. Há entre alguns dirigentes de ambas as legendas uma tentativa de aproximação de conversas para 2020, mas tudo ainda bastante tímido.

7. Parada LGBTQIA+ movimenta o domingo em Ribeirão Preto

Em tempos de crescimento de pensamentos intolerantes de todos os níveis e homofóbicos em especial, Ribeirão Preto terá a realização de mais uma Parada LGBTQIA+, que ocorrerá neste domingo a partir das 14h na Avenida Nove de Julho. O evento é anualmente produzido pelas ONGs que atuam em Ribeirão e costumam atrair milhares de pessoas todos os anos. O intuito dessas paradas é reafirmar a luta LGBT por direitos de reconhecimento de cidadania e proteção de direitos humanos.



O resumo da semana é uma produção da equipe do Blog O Calçadão

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