Trabalhar em torno de consensos e de unidade harmônica entre diferentes nunca foi o forte de Mercadante. Ao contrário, Jaques Vágner tem isso como maior trunfo.
A escolha de Mercadante para comandar a Casa Civil tem a cara da Presidente Dilma. Assim como ocorreu com ela própria, é forte em seu governo a visão de que a Casa Civil deve acomodar alguém de perfil técnico e gerencial.
Acontece que desde a segunda metade de seu primeiro mandato, Dilma precisa muito mais de políticos do que de gerentes.
Mercadante traz consigo atritos que teve com o PMDB e com outros partidos da base desde que era líder do PT no Senado. Colocá-lo como chefe do governo era questão de tempo para que o clima esquentasse ainda mais.
A crise na base aliada vem desde de o primeiro mandato e não houve sequer um que pudesse reconstruí-la. Esse erro de Dilma está custando caro. Eduardo Cunha é o resultado maior disso.
Veja o caso de Temer. Pode-se acusar Temer de tudo, menos de que seja um incendiário político. O que justifica, então, as últimas falas de Temer?
Lembremos que foi Dilma quem recorreu a ele para buscar liderar a articulação política no momento mais crítico desse segundo governo. E sua atuação inicial foi boa, deu esperanças de recomposição da base.
Pergunto novamente: por que a articulação de Temer não teve continuidade e a desarmonia retornou?
Há uma pergunta ainda mais importante: por que Dilma não consegue reorganizar a sua base parlamentar?
Ter Jaques Vágner por perto e manter Mercadante como titular é pedir para perder um jogo tendo um craque no banco de reservas. E a única explicação para isso é que o PT paulista ainda permanece distribuindo as cartas, mesmo sem voto.
Nas negociações com os governadores sobre a CPMF, foi a habilidade de Vágner que colocou o acordo em ação. Ao propor passar de 0,2% para 0,38% e dividir a receita com Estados e municípios. E isso numa reunião só!
Nas negociações com os governadores sobre a CPMF, foi a habilidade de Vágner que colocou o acordo em ação. Ao propor passar de 0,2% para 0,38% e dividir a receita com Estados e municípios. E isso numa reunião só!
Talvez Mercadante considere o Ministério da Ciência e Tecnologia pouco para a sua grandeza, mas é para lá que eu o mandaria. Colocaria Jaques Vágner na Casa Civil ( com poderes para tocar as relações políticas e reconstruir a Secretaria de Relações Institucionais). E Aldo Rebelo? Esse comunista e nacionalista cairia como uma luva no Ministério da Defesa, para desespero dos coxinhas e alegria da tropa, pode ter certeza.
Mas eu não tenho a caneta e sei das dificuldades internas e históricas do PT. Porém espero, de verdade, que Dilma passe a enxergar o jogo político como ele merece ser enxergado.
Ricardo Jimenez
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